De futuro, turismo, parque tecnológico e rato-canguru

Sem água, com lixo em abundância e porvir ameaçado: chega de terapia contra doideira, acabem logo com poeira e barulho

De futuro, turismo, parque tecnológico e rato-canguru
Foto: Reprodução
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Amigos, hoje confesso que não suporto mais essa maciota e preguiça itabiranas, recheadas de barulho e poeira. Durante o feriadão encontrei-me com figuras proeminentes da sociedade e fiquei meio assustado com o pensamento delas. Tentei ver se estava morto ou sonhava. No fim de tudo, ficamos assim: todos acham que Itabira deve cruzar os braços e esperar que Deus, em recompensa à quantidade de divisas que deu ao Brasil, resolva a questão intrigante das gerações vindouras.

Tenho poucas linhas para expor, não lamentos e choros, não a quase certeza de que Itabira se tornará uma cidade fantasma. Observo fulano de tal na rua e sicrano, ambos virando as costas para os desafios; vou ali na nova sorveteria da cidade, e um rapaz, que perdeu o pai de manhã, à tarde está tomando sorvete; olho no retrovisor do carro e vejo meu amigo Geraldo de Tal atravessando sua filhinha na rotatória e ele nem sabe que as minas estão sendo fechadas. Parece nada a ver.

Quem preside a Acita? Quem manda na CDL? E a Interassociação de Amigos de Bairros? Tem a turma que admiro muito como o idealista Chiquinho Fubá de Angu mostrando serviço: ele trabalha de fazedor de cerca a vigia de obras. Precisamos conversar. O que vamos fazer em 2041? Vender banana na feira livre? Quem vai comprar? Ou vamos promover festinhas para pegar o dinheiro dos projetos de incentivo cultural?

Olhem, tenho uma solução agregada a outras soluções que, juro, milhares leem (principalmente os que detestam leitura). Vou numerar rapidamente em apenas três temas.

1. Recentemente comentei o “Projeto Turístico Cidade de Itabira”, do mestre itabirano Rafael Cléver Gomes Duarte. Ele me lembrou, depois do texto já publicado, que não citei a presença dinâmica em Itabira do super consultor de Turismo, o espanhol Sérgio Francisco Ramo Binaburo, que atende aos íntimos como Paco. Vejam o que disse Paco em sua visita à cidade, em 1998: “Vocês têm aqui em Itabira algo para ser explorado como turismo que nunca vi em outra parte do mundo”. Rafael sonha trazer a Disney Word ou o Beto Carrero para a terra natal. Sabem quem mais pode interessar-se pelo empreendimento: a Vale S.A. Isto mesmo, a ex-Companhia Vale do Rio Doce. Faria o nome e seria eternizada na despedida da terra drummondiana.

2. Depois desse intenso movimento que o projeto de Rafael Clever causou naquele ano, chegou a vez de novos empreendimentos surgirem, como do Parque Científico e Tecnológico (PCT) que, a exemplo do empreendimento Unifei, puxa também outras iniciativas, como do Porto Seco e do Aeroporto Industrial, que viraram ficção. Um dos empreendimentos estava chegando, João Izael deixou “mastigado”, como deixou também a Unifei. A fábrica de carros elétricos acabou indo para Camaçari, na Bahia, seria resultado da visita de Ronaldo Magalhães à China em contato com o grupo BYD.

3. Agora os exemplos da Alemanha, no Vale do Rurh, focalizamos a região de Bochum, exemplo que poderia ser seguido por Itabira. Bochum é uma cidade independente, do estado de Renânia do Norte-Vestfália. Fica entre Essen e Dortmund, faz parte da Megalópole renana. Sua população é estimada em 400 mil habitantes. Sustentava-se da exploração do carvão, as minas foram desativadas recentemente e já se tornou capaz de seguir à frente com as próprias pernas. Alemão é alemão.

Está aí o que tenho a informar, por enquanto. Sempre sonhamos que o nosso chefe do executivo amoleça as moleiras, que já nasceram duras, e possamos salvar a cidade que é de todos nós e não apenas dos Antônios ou Lages. É preciso parar de seguir marqueteiros forasteiros de meia-boca, que já foram observados como de visão curta. Vamos visitar Bochum e trazer de lá, como trouxemos da França, em 2016, o modelo de trabalho do Parque Científico e Tecnológico de Sophia Anti-Polis.

Lembrando que ninguém pode esquecer o seguinte: Itabira não tem água, estão embondando a captação de Rio Tanque, parece que os novos moradores da Itabira marcolina serão ratos-cangurus, que vivem sem o líquido; a cidade está virando um lixão, a Itaurb, quebrada, não dá conta de catar, quanto menos tratar as imundícies; é preciso retirar as placas espanta-empreendedores chamadas de “rota de fuga”, vergonhosa referência. E que Itabira se transforme, estamos no tempo de lutar e não de dançar, rebolar e ensinar malandragem a ninguém. E parar com barulhada na cabeça de metade do povo conterrâneo de Drummond, que está procurando psiquiatra contra poeira e barulho.

José Sana é jornalista, historiador, professor de Letras e ex-vereador em Itabira por dois mandatos, onde reside desde 1966

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