Desmatamento na Amazônia tem a maior queda em abril em relação a 2022
Ações contra a extração ilegal de madeira e reestruturação de órgãos ambientais estão entre os fatores que contribuíram para a queda dos números
Dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nesta sexta-feira (12), apontam que o desmatamento na Amazônia caiu 67,9% em abril deste ano em relação ao mesmo período de 2022. É a menor marca dos últimos três anos, conforme informações do sistema Deter-B.
Apesar dessa queda animadora, foram registrados 329 km de desmatamento na região, número ainda considerado alto por especialistas, sendo 89 km no Amazonas, 86 km no Pará e 80 km no Mato Grosso.
O Greenpeace Brasil acredita que a queda no desmatamento possa ter sido influenciada por ações governamentais, como as ações contra o garimpo ilegal de madeira, quando foram aplicadas 121 multas entre janeiro e abril deste ano, contra 71 no governo Jair Bolsonaro (PL) durante todo o ano de 2022. Um aumento de 70% em ação contra a extração ilegal.
A entidade ambiental também ressalta que a maior fiscalização na região, resultado da reestruturação nos órgãos de controle, também contribuiu para o índice.
Para Rômulo Batista, porta-voz do Amazônia Greenpeace Brasil, é necessário ter cautela. “Se olharmos o período fiscal do desmatamento, que determina a taxa oficial publicada anualmente, que vai de agosto de 2022 até julho de 2023, este acumulado até abril, em comparação com os anos anteriores, é o maior da série histórica iniciada em 2015, registrando 5.977 km de alertas em desmatamento”, diz.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou em marcha medidas vitais para a preservação dos biomas, mas ainda não reverteu de maneira definitiva a tendência de destruição da Amazônia e do Cerrado.
Para cumprir a promessa de “desmatamento zero” até 2030, será preciso mais do que desfazer o desmonte ambiental deixado pela gestão anterior.
O mês de maio será um grande desafio para o governo Lula, já que termina a estação de chuvas na região Amazônica e o número de queimadas aumenta.
Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora coordenadora do MapBiomas Fogo, diz: “Agora são os meses em que alguma coisa precisa ser feita de fato, com um efeito educativo muito forte para os criminosos ambientais. O governo deve mostrar para todo o mundo que está tendo operações nos lugares com mais desmatamentos. E deixar claro que essas áreas não são abandonadas pelo Estado”.