Do desemprego à loja própria: itabirana faz sucesso com a venda de calçados femininos
Jeane Ayres saiu de Belo Horizonte para reescrever sua história na terra natal com a loja “Lara Rosa”
Quem entra na loja Lara Rosa, na rua Malacacheta, bairro Major Lage de Baixo, em Itabira, e se depara com um espaço organizado, agradável e bem receptivo, nem imagina quanta coisa aconteceu na vida da empresária Jeane Ayres desde 2015.
Há cinco anos, ela, assim como milhares de brasileiros, sofreu com a grave crise econômica que se instaurou no país e entrou na lista dos desempregados. Diante das dificuldades, Jeane, à época residente em Belo Horizonte, aceitou a proposta do tio do seu marido (até então empregado), que trabalhava como calçadista e lhe ofereceu sapatilhas para serem vendidas no interior do estado.
O destino escolhido foi Itabira, terra-natal de Jeane, para onde o casal se dirigia todo final de semana em busca do desafogo financeiro. Alguns meses depois, o marido da itabirana também perdeu o emprego, e a visita passou a ser, praticamente, diária.
A metodologia era simples: divulgar os produtos em grupos de bazar nas redes sociais, encher o porta-malas de sacolas com sapatilha (cada sacola com uma numeração) e ir, de porta em porta, atender os itabiranos.
O tempo foi passando, a dupla se tornou conhecida e a demanda crescia substancialmente. Em 2018, o casal se mudou oficialmente para Itabira, onde criaram a loja “Lara Rosa”, um complemento às já existentes páginas do Facebook e Instagram.
Contando, atualmente, com três funcionárias, a loja oferta centenas de calçados femininos adultos. Rasteirinhas e tênis, todas bem casuais, são o carro-chefe do negócio. Um bom termômetro do sucesso são as expectativas para o natal deste ano: cerca de 1.000 pares dos produtos estão no estoque.
Mas até consolidar a marca, Jeane assume que o caminho não foi fácil. Ela dá dicas para quem passa por situação parecida e também busca uma reviravolta.
“O principal mesmo é não desistir, porque dificuldade todo mundo tem e no início é muito complicado. Bato sempre na tecla de que devemos ser justos, honestos com o cliente, com o concorrente, e também é importante ter bastante parceria. Muita gente, que era bem conhecida na cidade, me ajudou muito a divulgar o trabalho. Por fim, é focar em agregar ao máximo com o cliente, porque ele é a principal propaganda que temos”, ressalta.
E caso o desejo seja pedir estes conselhos de maneira direta, a lojista se dispõe a contribuir com os potenciais empresários. Ela brinca e diz que apenas um pedido não pode ser atendido.
“Eu recebo muitas mensagens elogiando, pedindo algum tipo de informação. A única coisa que não passo são meus fornecedores. Mas passo todo meu know-how, respondo nas redes sociais. Então sempre que alguém pede eu consigo passar algum conhecimento, pois quanto mais a gente agrega para uma pessoa, mais conhecimento passamos a ter”, comenta.
Apesar de estar fixa na cidade há dois anos, Jeane conseguiu inaugurar o espaço apenas em 2020. E embora tenha atrasado a criação da loja, a crise do coronavírus pouco ameaçou as atividades financeiras da empresa. Isso porque, segundo a proprietária, o comércio online sempre foi o principal motor das vendas.
“Antes de ter o espaço físico, a gente já trabalhava muito online, sendo muito visto no Instagram. A maior parte das nossas vendas é por entrega. Então, quando veio a pandemia, a gente só fortaleceu isso. Foi algo que acabou ajudando para que, quando o comércio reabrisse, as pessoas tivessem mais vontade de vir no espaço”, conta Jeane.
Mas apesar de não ter influenciado tanto nas atividades financeiras do empreendimento, a loja é um símbolo. Símbolo de alguém que, há cinco anos, estava nas estatísticas dos desempregados, e hoje só consegue pensar em uma palavra: gratidão.
“Quando eu paro pra pensar, eu falo ‘nossa, como foi rápido’. Mas não foi rápido, a gente está desde 2015 neste caminho e eu só consigo pensar em gratidão. É clichê, mas não tem como não agradecer. Tem muito de Deus nisso e também dos clientes, que são muito fiéis e fazem a diferença. É só gratidão mesmo e o resto a gente vai pra cima!”
PS: se você está se perguntando porque o nome da loja é Lara Rosa, saiba que é por conta da “Larinha”, de 4 anos, filha da Jeane. Outra conquista surgida nestes longos cinco anos…