Durante Cúpula da Paz, Zelensky cobra posicionamento do Brasil e da China
O evento contou com a participação de 100 países, menos a Rússia
O presidente ucraniano, Volodimyr Zelensky, durante Cúpula de Paz, na Suíça, voltou a cobrar uma posição do Brasil e da China nas negociações da paz sobre a guerra entre o seu país e a Rússia.
O evento reuniu cerca de 100 países para tratar sobre a paz na Ucrânia, sem, no entanto, a presença de representante russo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidado, não compareceu à reunião, e voltou a afirmar que o impasse deve ser resolvido entre as nações envolvidas, Rússia e Ucrânia. O Brasil foi representado pela embaixadora em Berna, Cláudia Fonseca Buzzi, como observadora.
Segundo Lula, “Como ainda há muita resistência do presidente Zelensky e do presidente russo, Putin, de conversar sobre paz, cada um tem a paz na sua cabeça do jeito que quer. E, depois de um documento assinado com a China, nós estamos propondo que haja uma negociação efetiva, que a gente coloque a Rússia e o Zelensky na mesa e vamos ver se é possível convencê-lo que a paz vai trazer melhor resultado do que a guerra”.
Brasil e China não assinaram a declaração conjunta no encerramento da cúpula, cujo texto pede negociações para o fim do conflito e reafirma a integridade territorial da Ucrânia.
Em seu discurso, Zelensky disse: “Assim que o Brasil e a China adotarem os princípios que uniram todos nós hoje como nações diplomáticas, teremos muito prazer em ouvir seus pontos de vista, mesmo que sejam diferentes da maioria do mundo”.
A declaração foi assinada por países como os Estados Unidos, União Europeia, Japão, Argentina e Quênia. O Brasil, China, Arábia Saudita, África do Sul e Emirados Árabes Unidos, México e Índia não assinaram o documento.
O documento requer a utilização segura da energia nuclear, a proteção das rotas marítimas e o regresso das crianças deslocadas e dos civis detidos ilegalmente.
Em sua crítica à China, Zelensky disse: “Eu acredito que a China poderia nos ajudar, e é por isso que eu gostaria que as propostas do lado chinês fossem feitas dentro do nosso diálogo. Não consigo receber propostas feitas por meios de comunicação”.
Por seu lado, a Rússia disse, nesta segunda-feira (17) que a conferência organizada pela Suíça sobre a Ucrânia produziu resultados insignificantes e mostrou a futilidade de realizar discussões sem a presença de Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “os resultados da reunião para a qual a Rússia não foi convidada, foram próximos de zero”.
Vladimir Putin disse na semana passada que seu país estaria disposto a acabar com a guerra, mas estabeleceu condições para a Ucrânia- não aderindo ao tratado do Atlântico Norte e retirar suas tropas de quatro regiões reivindicadas pela Rússia, propostas que Kiev recusou prontamente.
“Não permitiremos que a Rússia fale na linguagem de ultimatos como está falando agora”, disse Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores ucraniano.
No terceiro ano do conflito, a Rússia controla hoje cerca de 20% da Ucrânia e tem avançado gradativamente em várias frentes.