Efeito PIX: Reunião ministerial tem críticas de Lula sobre o comportamento dos ministros

“Daqui para a frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão”, assinalou Lula

Efeito PIX: Reunião ministerial tem críticas de Lula sobre o comportamento dos ministros
Foto; Foto: Ricardo Stuckert/PR/Flickr

Na primeira reunião ministerial de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi enfático ao determinar que toda ação normativa gerada no seu governo deverá passar pelas avaliações de ministros do Palácio do Planalto, como Rui Costa, da Casa Civil e Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), antes de ser divulgada e entrar em vigor.

“Daqui para a frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão pra nós sem que passe Presidência através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, faz uma portaria qualquer e depois arrebenta e cai na Presidência da República”.

A determinação decorre após o revés sofrido pelo governo em sua administração e imagem, no recente caso em que a Receita Federal, em norma, pretendia monitorar transações financeiras feitas por meio do PIX.

A oposição fez dessa norma a base para difundir nas redes sociais a possibilidade de que a partir dessa metodologia, haveria taxação do PIX e uma ofensiva da Receita Federal sobre empreendedores e pequenos empresários.

Na oportunidade, a inércia do governo permitiu que a narrativa da oposição viralizasse de forma espantosa, como no vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), criticando a decisão e atingindo a marca de mais de 300 milhões de visualizações.

O desgaste da imagem do governo foi de tal ordem, que uma pesquisa Quaest mostrou que 88% dos entrevistados tiveram conhecimento sobre o debate das mudanças nas regras do PIX e que 87% acreditavam que o governo pudesse realmente implementar a ideia.

Por meio do seu novo secretário de Comunicação, Sidônio Palmeira, Lula gravou um vídeo negando a implementação do novo imposto. Também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se engajou na recomendação. Porém, sem sucesso. O estrago estava feito.

Nem mesmo o Planalto anunciando uma medida provisória garantindo que o PIX não seria taxado adiantou. 67% dos entrevistados pela Quaest acreditavam que o imposto poderia sair do papel, numa evidente demonstração da falta de credibilidade no governo.

Na reunião ministerial ficou evidente a surpresa de muitos dos participantes que, mesmo com os vídeos de Lula e Haddad e a própria Receita Federal negando a taxação, o governo não conseguiu deter a bola de neve.

Entrevistado pela reportagem da Veja, um ministro (que preferiu não se identificar) desabafou: “É óbvio que a gente precisa recuperar a credibilidade. Estão tentando cunhar a imagem de que o governo só pensa em taxar, e estão conseguindo”.

O diretor da Quaest e cientista político Felipe Nunes acredita que as idas e vindas do governo na área de comunicação, como ocorreu no caso das taxas das blusinhas e do pacote fiscal anunciado no fim do ano passado, contribuem para que a gestão Lula não passe confiança ao eleitorado. “Ambos sinalizam, de formas diferentes, que o governo não sabe o que está fazendo. É como se revelasse insegurança. E o resultado acaba sendo mais desconfiança. Ou seja, a crise do governo hoje é de credibilidade”.

* Fonte: Veja