Elas por Itabira: evento encoraja mulheres a ‘tomarem as rédeas’ da própria vida
Partindo do ponto de que todas as mulheres devem ser protagonistas de suas vidas e da própria transformação, o bate-papo passou por diversos assuntos
O protagonismo feminino esteve em foco no teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), com o evento “Elas por Itabira”, na noite dessa terça-feira, 17 de abril. Realizado pelo Instituto Tecendo Itabira, o encontro contou com mulheres ilustres para um diálogo sobre os desafios e a atuação da mulher em diversos campos.
Partindo do ponto de que todas as mulheres devem ser protagonistas de suas vidas e da própria transformação, o bate-papo passou por vários assuntos, destacando o empoderamento feminino. Na roda de conversa estavam: doutora Mariah Brochado, da Secretaria de Estado Adjunto de Casa Civil e Relações Institucionais; a delegada de Polícia Amanda Machado; a promotora de Justiça Giuliana Talamoni; a juíza de Direito da Vara Criminal, Cibele Mourão; a Mestre em Medicina Andrea Cabral; e a superintendente da FCCDA, Martha Mousinho.
A juíza Cibele relembrou sua trajetória no interior do estado, mudança para a capital de Minas, até chegar ao almejado cargo de juíza nos tribunais. Segundo ela, um dos principais desafios de sua profissão foi abrir mão por um momento, de fazer carreira na magistratura para ter o marido e os filhos por perto, caminhando na contramão do que pessoas próximas requeriam para ela. “Eu fui na contramão do que os outros almejavam para mim, mas não era o que eu queria. (…) O que ia me fazer plena, o que ia me fazer feliz, era realmente a possibilidade de ter uma família bacana e de poder ajudar outras pessoas”, contou.
Mediadora do evento, a jornalista e diretora geral do Grupo DeFato, Kelly Eleto, pediu às painelistas que falassem sobre os momentos em que tiveram de ‘tomar as rédeas’ da própria vida, arcando com as consequências dessas decisões. Depoimentos pessoais sinceros foram divididos com a plateia. Cada uma pontuou, desde os desafios em se conciliar a vida profissional com a familiar, até os preconceitos, cobranças e pressões no trabalho.
Kelly comentou que o empoderamento está ligado a se desprender das amarras das convenções sociais limitantes. “O empoderamento está muito nisto. Quando a gente percebe que a sua vida inteira está presa em convenções. Porque muita gente entende que o empoderamento tem a ver com o homem. Não tem a ver com o homem, tem a ver com você mesma, com as crenças que você tem e que te limitam”, opinou.
Diretora do Grupo DeFato, Kelly Eleto, mediu conversa entre participantes – Natiely Oliveira
Integração
A doutora Mariah Brochado frisou que todas as mulheres têm muito a contribuir em eventos como os dessa noite, agregando importância à causa feminina. Com o projeto Mulheres em Ação, ela tem viajado pelo interior do Estado para mostrar o empreendedorismo da mulher mineira nos vários nichos e segmentos. “A gente tem que integrar mais o Estado e trazer estas mulheres do interior para a capital e da capital para cá também, pois são espaços complementares. Integrar é a palavra de ordem nesse tipo de realização e a gente tem que parar com essa coisa de distância. O que acho mais bacana desse tipo de realização é colocar as pessoas em contato, e perceber que todas nós temos muito a contribuir e fazer junto, e não tem diferença do interior e da capital”, declarou.
Momento de transformação
Para o idealizador do evento, Ronaldo Silvestre, do Instituto Tecendo Itabira, o encontro representa um momento de transformação, pois reuniu mulheres com carreiras notórias em várias áreas “e que, literalmente, protagonizam anonimamente ações que ajudam no desenvolvimento da nossa cidade”.
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Ronaldo afirmou que elas despiram-se de vaidades e que contar de suas trajetórias pessoais serve de inspiração para o Instituto, mas também para jovens, mulheres e pessoas no Brasil inteiro. “Inspira principalmente a valorizar quem são as nossas mães, quem são as mães delas a todo o momento. Se existe a história de um homem de sucesso, de uma mulher de sucesso, sempre tem uma mãe por trás. Então, a gente tem esse intuito, de unir os elos da cadeia, de propor soluções que fogem do poder público. Se cada um de nós fizer uma pontinha, em pouco tempo a gente vai ter um movimento gigante de transformação e desenvolvimento social”, defendeu.
Saindo contra a maré
O público elaborou perguntas para as convidadas sobre temas como preconceito no ambiente de trabalho relacionado ao gênero, assédio sexual e dependência da mulher à figura masculina. Da plateia, a estudante de medicina veterinária Ellen Maysa pediu a palavra. Primeira da família a fazer um curso superior, ela é filha de uma costureira do Tecendo Itabira, e de um pedreiro. Em seu depoimento, a jovem encorajou as mulheres a não desistirem de seus objetivos e anunciou sua aprovação em disputado concurso público federal na área da veterinária. “Hoje estou mais na expectativa de poder mudar a vida dos meus pais, a minha vida, e poder passar isso para a frente, dizer que isso é possível, com toda a dificuldade. Eu saí contra toda a maré. Sou a primeira da minha família a ter um ensino superior”, inspirou.