Eleições em BH: debate na Rede Minas destaca novas vozes e critica ausências

Candidaturas menos convencionais ganham destaque em debate na Rede Minas, enquanto a falta de três candidatos gera críticas entre presentes

Eleições em BH: debate na Rede Minas destaca novas vozes e critica ausências
As ausências de Carlos Viana (Podemos), Fuad Noman (PSD) e Mauro Tramonte (Republicanos) foram criticadas durante o debate. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato

Na noite de ontem (3), sete candidaturas para a prefeitura de Belo Horizonte debateram suas propostas na Rede Minas. A discussão foi marcada pela presença de candidaturas que não costumam estar em debates devido às regras federais, além de críticas às ausências de três candidatos.

Com mediação da jornalista Aline Scarponi, estiveram presentes no debate Bruno Engler (PL), Duda Salabert (PDT), Gabriel (MDB), Indira Xavier (UP), Lourdes Francisco (PCO),  Rogério Correia (PT) e Wanderson Rocha (PSTU).

Uma característica específica do debate na rede pública de comunicação foi a oportunidade concedida a candidaturas como Indira Xavier (UP), Lourdes Francisco (PCO) e Wanderson Rocha (PSTU). Pelas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é obrigatória a participação de candidaturas cujos partidos têm, no mínimo, cinco parlamentares no Congresso Nacional.

Para Indira Xavier (UP), o debate foi uma chance para difundir a importância de movimentos populares na construção de lutas pela moradia, por exemplo.

“Foi graças ao movimento de luta nos bairros, vilas e favelas que o Centro da nossa capital tem o maior projeto habitacional de moradia popular, que é a Carolina Maria de Jesus e a Maria do Arraial. Inclusive, devolvendo essa reparação histórica do nosso povo preto, que foi expulso do Centro para poder aqui construir essa cidade que hoje é elitizada e que não serve aos nossos interesses”, defendeu.

Foto: Mariana Ribeiro/DeFato

Apoiada no censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a candidata apontou existir 108 mil domicílios desocupados em Belo Horizonte. Para solucionar o problema, Indira Xavier (UP) acredita na luta contra grandes especuladores.

Segundo lugar nas pesquisas, Duda Salabert (PDT) falou à reportagem da DeFato sobre as dificuldades na preservação da Serra do Curral. Atualmente, há um embate entre órgãos públicos e a mineradora Mineração Pau Branco (Empabra) em relação à mina Curumi.

“Falta o prefeito colocar a Guarda Municipal na frente da mineradora que está roubando minério agora. Olha, eu, como deputada federal, não tenho o poder de polícia. Eu já estive lá, fiz várias denúncias para a Polícia Federal, para a Polícia Militar, para a Polícia Civil, para a Guarda Municipal, para o Ministério Público, para o Ministro da Justiça. Agora, eu não tenho o poder de acionar a Guarda Municipal para ficar uma fiscalização na porta. Cabe ao prefeito ou ao governador, e os dois não fazem”, criticou.

Foto: Mariana Ribeiro/DeFato

Única mulher transgênero a concorrer para a prefeitura de Belo Horizonte neste ano, a candidata também comentou políticas voltadas para travestis e transexuais da capital mineira. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% dessa população no país tem a prostituição como fonte de renda, um assunto que não foi abordado ao longo do debate.

“É um preconceito que acaba expulsando a população do mercado formal de trabalho. Caso eleita, a gente vai criar um programa de empregabilidade para essa comunidade e para outros grupos que são historicamente marginalizados, como a população em situação de rua, mulheres vítimas de violência doméstica e outros grupos que precisam de uma política de empregabilidade mais séria”, argumentou a candidata.

Ausências

Carlos Viana (Podemos), Fuad Noman (PSD) e Mauro Tramonte (Republicanos) não compareceram ao debate. As ausências foram criticadas pelas candidaturas presentes.

Por ter sido prejudicado no bloco em que as demais candidaturas fizeram perguntas entre si, Gabriel (MDB) aproveitou seu tempo solitário para atacar o candidato ausente Fuad Noman (PSD).

“Candidato ausente, candidato Fuad Noman, por que é que o Ministério Público de Contas, órgão respeitado, disse que o senhor, quando era secretário de transportes do Aécio Neves em 2006, criou um contrato de ônibus metropolitano que foi o laboratório da corrupção para o contrato de ônibus de 2008 feito pelo PT [Partido dos Trabalhadores] em Belo Horizonte?”, perguntou o candidato ao púlpito vazio.

Segundo a Rede Minas, Carlos Viana estaria em uma igreja durante o confronto, enquanto Noman e Tramonte estariam em outros compromissos de suas agendas.