Em ato de Primeiro de Maio, Lula faz campanha eleitoral para Boulos
Lula pratica flagrante desrespeito à legislação eleitoral
Celebrando o Dia do Trabalho em ato organizado pelas centrais sindicais, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursando, exaltou e sugeriu ao público presente o nome de Guilherme Boulos (atual deputado federal pelo Psol), como pré-candidato à prefeitura paulistana.
Lula praticou flagrante desrespeito à lei eleitoral ao pedir, em público, votos ao então pré-candidato, o que pode lhe custar advertência e multa entre R$ 5 mil a R$25 mil, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A lei eleitoral 9.504/97, em seu artigo 36-A só permite pedir voto para um candidato após o dia 16 de agosto, quando começa oficialmente a corrida às prefeituras em todo o país.
Ainda não se sabe se Boulos poderá sofrer punição em valores.
O “Ato unificado pelo Dia do Trabalhador e Trabalhadora” aconteceu nesta quarta-feira (1/5) na Neo Química Arena, estádio do Corinthians.
Lula discursou por cerca de 20 minutos em um palanque onde se encontravam políticos, ativistas e grupos de forró e samba, que animavam o público.
O evento foi transmitido pela TV PT, com poucas imagens abertas, não exibindo o número reduzido de pessoas presentes.
A pouca presença de público provocou irritação do presidente, que ao microfone demonstrou insatisfação e chamou de ato “mal convocado”, dirigindo a Márcio Macêdo, da Secretaria Geral da Presidência e disparou uma ameaça: “Isso não vai ficar assim”.
Lula arrematou: “Estou acostumado a falar com mil, um milhão, mas também, se for necessário, eu falo apenas com essa senhora maravilhosa que está aqui na minha frente”.
Segurando a mão de Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ignorando a lei eleitoral, o presidente Lula conclamou os presentes a darem seu voto ao deputado federal.
“Cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, 98, em 2002, em 2006, e em 2022 tem de votar no Boulos para prefeito de São Paulo”.
A atitude do presidente provocou manifestações da oposição, como do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que prometeu acionar a Justiça Eleitoral. Nunes e Tarcísio de Freitas (Republicanos) foram convidados ao evento pelas centrais sindicais, mas optaram em não comparecer.
Também os pré-candidatos, Kim Kataguiri (União) e Maria Helena (Novo) manifestaram que irão recorrer à Justiça contra o pedido de votos explícito para Boulos.
Nunes, pré-candidato à reeleição com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que “Lula age como se ainda estivesse em campanha contra Bolsonaro. Parece que o presidente ainda está no palanque de 2022 e já pensando em 2026. Como presidente da República, tem uma atitude que claramente é um desrespeito à lei eleitoral. Não tem outra palavra a não ser lamentar”, finaliza em conversa com jornalistas.
Em seu discurso, Lula mencionou a cobertura da imprensa, “que dá a sensação de uma guerra entre o governo e o Congresso” e arrematou dizendo que “todos os projetos encaminhados ao Congresso foram aprovados”.
Lula tem enfrentado forte resistência em ver seus projetos aprovados, como o do marco temporal para demarcação de terras indígenas e a desoneração da folha de pagamentos, que não passaram no Legislativo.
Lula não se esquivou de falar dos feitos que ele atribui ao seu governo, como a queda da inflação, o crescimento da indústria e mais geração de empregos com carteira assinada. “Minha preocupação era competir com o meu primeiro e segundo mandatos. Mas nós vamos fazer um terceiro mandato melhor que os outros dois”.
O pequeno público, com as bandeiras da CUT e outras centrais sindicais foi abandonando o evento após a fala do presidente. Nas redes sociais a ‘hashtag#flopou’ foi a mais acessada no Twítter e memes se multiplicaram nas plataformas.
A gravação do vídeo de Lula em campanha para o deputado federal estava hospedada no You Tube do CanalGov, mas foi retirada de circulação, mas encontra-se ainda disponível no perfil do presidente da República no You Tube.