Em nota, Saae afirma que Parecer do Núcleo de Emergência Ambiental atesta que água da Pureza não oferece riscos à saúde

O documento é assinado pelo analista ambiental Sérgio Luiz Sanglard Zanute e foi publicado na quarta-feira

Em nota, Saae afirma que Parecer do Núcleo de Emergência Ambiental atesta que água da Pureza não oferece riscos à saúde
Amostra de água colhida pelo Saae e enviada para análise – Foto Divulgação/Saae Itabira
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O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Itabira enviou um release à imprensa, no início da tarde desta quinta-feira (16), afirmando que “uma nota técnica emitida pelo Núcleo de Emergência Ambiental (NEA), órgão do Estado, confirma que a água entregue para a população abastecida pelo sistema Pureza, em Itabira, não oferece riscos à saúde”. Segundo a autarquia municipal, o novo estudo corrobora uma análise realizada pelo seu Laboratório Central — que teve o resultado divulgado ainda na noite de domingo (12).

“Um analista ambiental do órgão esteve na cidade na última terça-feira (14) e vistoriou o empreendimento apontado como o causador da contaminação do sistema de tratamento Pureza”, afirmou o Saae em seu comunicado.

O documento é assinado pelo analista ambiental Sérgio Luiz Sanglard Zanute e foi publicado na quarta-feira (15). Ele analisou os resultados preliminares das coletas, realizadas pelo próprio Saae, na água bruta e na água tratada, tanto na saída do tratamento quanto em pontos de distribuição monitorados no domingo.

Ainda conforme a divulgação da autarquia itabirana, “Sérgio Zanute confirmou que os parâmetros químicos, relacionados a derivados de petróleo, estão em concentrações inferiores aos valores máximos permitidos pela Resolução Conama nº 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e da Portaria GM/MS nº 888/2021, que dispõe sobre a qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”.

A diretora-presidente do Saae, Karina Rocha Lobo, comentou o resultado da análise do NEA: “as investigações dos impactos do ocorrido no último fim de semana são levadas à sério pelo Saae. As análises foram realizadas por laboratório externo, homologado pela Rede Metrológica de Minas Gerais (RMMG), assegurando a confiabilidade dos resultados emitidos. Além disso, não deixamos de comunicar o fato às autoridades competentes, como o NEA, por exemplo. E ter o NEA reconhecendo e validando o que já havíamos informado, que a água distribuída à população abastecida pelo sistema Pureza não oferece riscos à saúde, confirma a seriedade do trabalho desenvolvido pelo Saae”.

Sobre o NEA

O Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) é um órgão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) que presta atendimento multidisciplinar em casos de acidentes com impactos ambientais e que podem trazer danos à saúde da população.

Para isto, profissionais como engenheiros químicos, ambientais, agrônomos e civis; químicos; e técnicos compõem o NEA, com atuação em todo o Estado, conforme a natureza do acidente e o tipo de intervenção necessária.

O atendimento é feito em parceria com outras instituições, como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Vigilância Ambiental e prefeituras, em situações envolvendo, por exemplo, acidentes com caminhões que transportam produtos químicos ou inflamáveis, rompimento de barragens, vazamentos de resíduos industriais ou em postos de combustível.

Entenda

Segundo o Saae, entre a noite de sexta-feira (10) e a manhã de sábado (11), houve um descarte irregular na rede pluvial na região do distrito industrial do município, contaminando o sistema de abastecimento da ETA Pureza, responsável por abastecer cerca de 60% dos bairros itabiranos.

Com isso, a autarquia suspendeu a captação na estação, interrompendo a distribuição de água. A seguir, foi iniciada uma inspeção técnica das redes e coleta da água em diversos locais. Além disso, foram realizadas descargas monitoradas para liberar água para a superfície. Para tal, a autarquia abriu registros em pontos específicos da rede de distribuição de água.

O Saae também informou que providenciou a limpeza dos reservatórios da ETA Pureza até que a água chegasse aos parâmetros estabelecidos pela legislação das diretrizes para o saneamento básico, o que aconteceu na noite de domingo. Cerca de 15 servidores foram envolvidos nesta força tarefa.

Porém, durante todo esse período, moradores de diversos bairros da cidade ficaram impossibilitados de consumirem água, já que o abastecimento estava interrompido e os reservatórios das residências continham a água com mau cheiro e coloração escura. Diante do desabastecimento e sem informações por parte do poder público, muitos itabiranos recorreram aos supermercados e distribuidoras de bebidas para comprar água mineral — esvaziando as prateleiras e estoques de muitos estabelecimentos. Com o incidente, moradores dos bairros afetados cobram do Saae ressarcimento pelos prejuízos e transtornos causados no período.

Após os eventos, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) decidiu abrir uma investigação preliminar contra o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a Prefeitura Municipal, responsáveis pelo serviço. A administração do município alega que a Estação de Tratamento de Água (ETA) Pureza, responsável por 60% do abastecimento da cidade, foi contaminada por óleo, ocasionando a grave situação de sábado (11) e domingo (12).

A péssima qualidade da água distribuída pelo Saae a diversos bairros itabiranos nos últimos dias impactou, também, a rotina escolar da Unifei Itabira. Em comunicado enviado à comunidade acadêmica nesta segunda-feira (13), a universidade libera estudantes e servidores para atividades remotas até a próxima sexta-feira (17).

Minax, empresa instalada no Distrito Industrial de Itabira, foi autuada e embargada pelo município no início da noite de segunda-feira (13). Ela é apontada como a responsável por contaminar o manancial da Pureza com óleo diesel. Durante a fiscalização da Prefeitura de Itabira, Saae, Polícia Militar de Meio Ambiente e fiscais municipais de Posturas e de Meio Ambiente, a companhia não apresentou alvará de funcionamento e nem o licenciamento ambiental.