Em nova edição de relatório direcionado a investidores, Vale reafirma exaustão das minas de Itabira em 2028

Nove anos. É o que resta, segundo a Vale, de exploração de minério de ferro em Itabira. Na última semana, a empresa divulgou o Formulário 20F, direcionado ao mercado internacional, e confirmou o que já havia previsto no relatório do ano passado: a exaustão das minas de sua cidade-berço em 2028. O relatório anual é […]

Em nova edição de relatório direcionado a investidores, Vale reafirma exaustão das minas de Itabira em 2028
Douglas Maycon se acidentou enquanto trabalhava na Mina Conceição na noite da última segunda-feira – Foto: Esdras Vinicius Arquivo
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Nove anos. É o que resta, segundo a Vale, de exploração de minério de ferro em Itabira. Na última semana, a empresa divulgou o Formulário 20F, direcionado ao mercado internacional, e confirmou o que já havia previsto no relatório do ano passado: a exaustão das minas de sua cidade-berço em 2028.

O relatório anual é uma exigência da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos para empresas com operações na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O documento traz informações detalhadas sobre as operações da Vale em todo planeta durante o ano anterior. Também faz um balanço dos impactos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho e traça estimativas para o futuro das reservas de minério de ferro, carvão, níquel e cobalto.

O documento aponta uma vertente de alta na produção de Itabira nos últimos três anos. Em 2016, as minas da cidade fecharam o período com 33,4 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2017, subiu para 37,8 milhões. Em 2018, bateu 41,7 milhões de toneladas, o melhor resultado da Vale em todo estado de Minas Gerais.

Ainda segundo o relatório internacional, as minas de Itabira fecharam o ano de 2018 com uma tonelagem métrica estimada em 861,4 milhões. O recuo de reserva na cidade foi de aproximadamente 6,4% em relação aos 920,2 milhões de toneladas apurados em dezembro de 2017.

Sobre a durabilidade das reservas, a Vale informou que as projeções são preparadas por “experiente equipe de geólogos e engenheiros”, “ e de acordo com as definições técnicas determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos”.  Ainda segundo a empresa, periodicamente são feitas revisões nas estimativas quando surgem novos dados geológicos, premissas econômicas ou planos de lavra, o que não aconteceu no caso das minas de Itabira. A exaustão está mantida para 2028.

“As estimativas de reservas para cada operação pressupõem que tenhamos ou que esperamos obter todos os direitos e licenças necessárias para mineração, extração e processamento das reservas minerais em cada mina”, afirma a empresa no formulário, que ainda acrescenta sobre o fator preço: “Determinamos que nossas reservas reconhecidas poderiam ser economicamente produzidas se os preços dos produtos fossem iguais à média histórica de preços de três anos até 31 de dezembro de 2018. Com esse fim, utilizamos a média histórica de preços de três anos”.

Continuidade em Itabira

O gerente-executivo da Vale em Itabira, Rodrigo Chaves, tem dito, desde o ano passado, que a exaustão das minas não significa o fim da mineração na cidade. De acordo com ele, a empresa já tem um planejamento para trazer o minério de ferro extraído em outros municípios para ser beneficiado nas usinas itabiranas.

É que as minas de Cauê e Conceição receberam, nos últimos anos, investimentos bilionários para adequação das usinas, capazes hoje de beneficiarem os minerais com baixos índices de ferro. No ano passado, por exemplo, o itabirito compacto extraído em Itabira alcançou 45,6% de teor de ferro, um dos índices mais baixos do Brasil.

Paralelo ao projeto da Vale para a continuidade das operações em Itabira, Prefeitura, Câmara de Vereadores e empresa se organizaram em um grupo de discussões para tratar de investimentos que a mineradora fará na cidade nos próximos anos para compensar os valores que deixarão de ser arrecadados com o fim da exploração do minério de ferro.