Em sabatina, Neidson Freitas propõe construir novo Pronto-Socorro Municipal e investir R$10 milhões nas polícias 

Neidson teceu uma série de críticas à atual gestão municipal e respondeu que não acha “conflitante” se apresentar como uma renovação depois de quatro mandatos como vereador

Em sabatina, Neidson Freitas propõe construir novo Pronto-Socorro Municipal e investir R$10 milhões nas polícias 
Foto: DeFato Online no YouTube
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Foi realizada nesta terça-feira (17) a segunda das quatro sabatinas promovidas pela Rádio Caraça FM 90,5 em parceria com o portal DeFato Online, com os candidatos à Prefeitura de Itabira. O entrevistado da vez foi o candidato Neidson Freitas (MDB), que ao longo de quase uma hora respondeu perguntas sobre educação, saúde, meio ambiente, mineração, saneamento básico, desenvolvimento econômico, segurança pública e também, duas perguntas livres feitas pelos jornalistas Vagner Ferreira e Fernando Silva. 

A entrevista também foi uma oportunidade para que Neidson apresentasse à comunidade itabirana as suas propostas e os projetos de governo que estão sendo colocados para apreciação do eleitor. Entre as iniciativas, o candidato destacou que pretende investir R$10 milhões na Polícia Civil e Militar, construir o segundo Pronto-Socorro da cidade anexo de uma Farmácia Municipal, além de criar o Distrito Industrial III e pôr em prática o que ela chama de “Agenda de Compensação Vale”: uma série de ações para que a mineradora pague pela exploração mineral realizada na cidade ao longo das últimas décadas. 

Tentando se eleger pela primeira vez como prefeito, Neidson teceu uma série de críticas à atual gestão municipal e respondeu que não acha “conflitante” se apresentar como uma renovação depois de quatro mandatos como vereador.

Confira abaixo todas as perguntas feitas ao candidato e as respostas dadas por Neidson Freitas na sabatina

EDUCAÇÃO

Fernando Silva: Candidato, nas últimas semanas tivemos registro de casos de violência em escolas itabiranas. Quais são as suas propostas para garantir a segurança para os alunos e profissionais da educação em nosso município?

Neidson Freitas: “Segurança é algo que tem que ser garantido tanto nas escolas como em toda a cidade. Nós temos a certeza de que o investimento nas nossas polícias, tanto civil como militar, é o caminho. Tivemos já programas que tiveram parcerias da Prefeitura, como o Proerd, onde a polícia tinha relação direta com as escolas, isso ajudava muito na segurança das escolas. Então, o objetivo nosso é destinar recursos para que a Polícia Militar e a Polícia Civil consigam ter convênios e que desenvolvam ações dentro das escolas, trazendo essa sensação de segurança para os nossos alunos e os profissionais que atuam na rede pública.

Mais os investimentos adequados nas escolas, projetos que precisam ser avaliados nas estruturas físicas das escolas. Hoje nós temos escolas que não têm o devido projeto que garanta uma segurança, tem fácil acesso de pessoas que não fazem parte da comunidade escolar dentro do ambiente das escolas. Então, isso precisa ser revisto, precisa também de ter investimentos em projetos mais robustos que garantam a segurança também com a estruturação dos prédios das escolas”. 

Vagner Ferreira: “Recentemente, o reitor da Unifei disse que espera ter 10 mil alunos em Itabira. No momento, são 2 mil estudantes na cidade. Como o senhor pretende preparar Itabira para receber esse fluxo de estudantes?”

Neidson Freitas: “Essa pergunta é muito importante, porque a gente precisa fazer uma reflexão de como foi tratado com descaso a Unifei em Itabira. A Vale fez uma parceria juntamente com a prefeitura, o governo federal, e ao longo dos anos, era para que tivesse investido 120 milhões de reais na estrutura da Unifei. Esse recurso ficou garantido já no governo passado, as obras estão atrasadas por 3 anos de atraso, e isso, com certeza, afeta diretamente a questão da construção da Unifei para que ela possa receber esses 10 mil alunos.

Então, o atual prefeito errou gravemente ao não dar prioridade na construção das obras da Unifei. Obras importantes. Hoje, a Unifei, todos nós sabemos que é um passo importante para o desenvolvimento econômico da nossa cidade, e não foi prioridade, não foi colocado como prioridade pelo atual prefeito. Eu pretendo fazer o que está no nosso plano de governo: dar prioridade total à construção do campus da Unifei. Até mesmo porque, como o reitor disse que o projeto é para 10 mil alunos, um aluno, a renda per capita de um aluno em Itabira é, em média, de 2 mil reais. Então, se nós tivermos 10 mil alunos, são 200 milhões de reais circulando na nossa economia, gerando emprego, gerando oportunidade para que os nossos empreendedores consigam dar resultado econômico para a cidade, né?! Nossos empreendedores consigam estar investindo para atender essa população estudantil que vai estar na cidade”. 

SAÚDE

Fernando Silva: “Candidato, ainda é recorrente a reclamação sobre a falta de médicos nos PSF. Na sua opinião, qual a causa dessa situação? O senhor tem alguma estratégia para, em definitivo, pôr um ponto final nessa ocorrência?” 

Neidson Freitas: “Sim, o objetivo é falta de planejamento. Nós estamos vivendo numa cidade que hoje nós já estamos na quarta secretária de Saúde. Então, é muito difícil você conseguir dar estrutura de saúde para a população, sendo que nem a secretaria de Saúde foi estruturada. Os projetos que estavam em andamento foram abandonados e entre erros e acertos, mas errou do que acertou. E aí não consegue atender a saúde de base, de ponta. 

É o que aconteceu: vários médicos, vários PSFs ficaram sem médicos na nossa cidade e o meu entendimento é acertar na escolha do secretário. Que conheça, que seja itabirano, porque aconteceu foi isso, vieram vários secretários de fora e no primeiro problema a secretária pede contas, vai embora e larga o problema na mão dos itabiranos.

E nós temos que avançar além dos PSF. Nós precisamos construir um novo Pronto-Socorro em Itabira; construir uma Farmácia Municipal ao lado para atender essa demanda. Nós atendemos 27 cidades hoje no município de Itabira e essa estrutura nossa já não comporta todo esse volume de pessoas, que chega a quase 500 mil pessoas que utilizam essa estrutura.

Então, o objetivo nosso é montar a equipe capacitada, que conhece a nossa cidade, que conhece da nossa saúde, para conseguir fazer um planejamento de médio e longo prazo e manter os postos médicos funcionando; abrir concurso público para que tenhamos mais médicos da saúde da família, para que não haja esse déficit de médico nos PSFs”.

Vagner Ferreira: “Atualmente temos relatos de sobrecarga no atendimento do pronto-socorro municipal. Reclamações dos horários de atendimento dos PSFs, que não abrem aos finais de semana. O que o senhor pretende fazer para ampliar o atendimento em saúde na ponta, facilitando o acesso da população aos atendimentos médicos nos bairros? 

Neidson Freitas: “Nós até antecipamos a resposta. O objetivo para conseguir atender toda essa demanda é a construção do Pronto-Socorro 2. É urgente essa situação. Nós precisamos de conseguir regionalizar os nossos hospitais, porque hoje nós temos a demanda chegando com as cidades – e é importante que venha. Nós queremos ser um grande polo de prestador de serviço na área de saúde, mas os recursos precisam também chegar através do governo federal, através do governo estadual, ampliar a oferta de especialidades para que possa atender a demanda do Itabirano.

Muita gente ainda, a população, precisa de recorrer à capital para fazer os procedimentos que a nossa cidade não consegue atender. Então o objetivo também na ponta é da estruturação, na construção da sede própria dos PSFs. Hoje tem vários bairros que tem o PSF que não atende a comunidade pela distância, pela falta de estrutura, pela falta de condição, até de atendimento desse profissional hoje na nossa cidade. Então não justifica uma cidade receber 3 milhões de reais por dia em arrecadação.

Isso é uma cidade que está entre as 10 cidades mais ricas do estado de Minas Gerais, mas na ponta a entrega para o contribuinte, para o povo que precisa de usar, é como se fosse de uma cidade pobre. É isso que tem acontecido. São horas, pessoas chegando a ficar 10 horas numa fila para ser atendida no Pronto-Socorro, meses para conseguir um exame… Cirurgia então nem se fala, leva anos.

Então, com o investimento que nós vamos fazer e ter a saúde como prioridade. Saúde nota 10. Isso está no nosso plano de governo e nós vamos fazer”.

Fernando Silva: “Candidato, é muito comum, e essa situação está exposta na mídia, a reclamação sobre a falta de remédios na farmácia da prefeitura. Na sua avaliação, qual é a causa dessa persistente anormalidade? O senhor tem alguma solução para esse problema que virou um componente da paisagem?”

Neidson Freitas: “Mais uma vez, faltou gestão, faltou planejamento. Como uma Secretaria de Saúde vai conseguir ter o acompanhamento adequado de planejamento para que não falte remédio, sendo que a substituição dos secretários de saúde, eles foram permanentes? Muda o secretário de saúde, muda a equipe, muda as pessoas que estão fazendo a gestão da saúde na nossa cidade e o resultado é esse que a senhora e o senhor está percebendo aí na farmácia. 

Não conseguem fazer a aquisição dos remédios, falta o remédio para quem precisa, mesmo a cidade sendo uma cidade bilionária, não conseguimos entregar o remédio na ponta. Faltou gestão por parte do prefeito por não ter condição de pôr as pessoas certa no lugar certo. Desprestigiou o Itabirano, as pessoas que conhecem a estrutura da saúde. A saúde já vinha bem, a farmácia já vinha entregando os remédios, tinha sido feito um trabalho para que esse remédio não faltasse. Quando mudou o governo, trocou todas as pessoas, trocou o primeiro escalão, o segundo escalão e veio várias pessoas de fora para atuar na secretaria de saúde. Isso comprometeu o planejamento de médio e longo prazo da prefeitura de gestão de saúde e quem está pagando a conta é o povo.

E nós vamos fazer a Farmácia Municipal ao lado do Pronto-Socorro 2. Por quê? É igual quem consulta que tem um plano de saúde, que tem dinheiro para consulta, vai lá na farmácia, compra o remédio e está tudo certo. Aqui, nós vamos fazer assim: você vai ter acesso a consulta rápida, vai sair e ao lado já do Pronto-Socorro vai ter uma Farmácia Municipal com a medicação adequada para tratar o problema de quem precisa”.

MEIO AMBIENTE/MINERAÇÃO

Fernando Silva: “Candidato, uma das principais reclamações do Itabirano em relação à mineração se deve às nuvens de poeiras que recorrentemente atingem a cidade e ameaçam a saúde pública. Quais as suas propostas para lidar com a poluição do ar no município?”

Neidson Freitas: “As nossas propostas com a questão do ar, é dar continuidade à legislação que já existe, a que está funcionando, que já vem inclusive aplicando multas na empresa Vale, através do Codema e aperfeiçoar essa legislação, que tenhamos uma legislação mais rígida para que possa Itabira poder ter uma qualidade do ar possível das pessoas viverem sem tantos problemas em decorrência de poluição por causa dessas partículas. Então a legislação é rígida, mas precisamos avançar no controle, na fiscalização e na exigência da execução desta lei na empresa.

Porque o que tem acontecido é que a empresa é autuada, mas a morosidade para o pagamento das multas vem deixando a empresa muito a vontade para continuar errando. Então o que nós queremos é isso, aperfeiçoar a legislação para que tenhamos a melhor legislação possível para o controle do ar da nossa cidade”. 

Vagner Ferreira: “Em maio, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas, o IGAM, apresentou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um relatório atestando elevados níveis de manganês, chumbo e outros materiais na água de Itabira. Essa contaminação se deve, em grande parte, à atividade minerária. Como o senhor pretende cobrar da mineradora Vale compensação pelos danos ambientais e à saúde do Itabirano?”

Neidson Freitas: “Nós pretendemos e vamos fazer que os projetos que estejam em andamento já sejam executados. Infelizmente, a captação de água do rio Tanque é uma das soluções imediatas para que o Itabirano tenha água na sua torneira, tenha água de qualidade chegando. Mas nos últimos três anos e meio esse projeto ficou sendo revisado, faltou força política para viabilizar as licenças ambientais, faltou um diálogo e uma força nessa relação com a Vale para que esse projeto da captação do rio Tanque fosse entregue com prioridade, inclusive está atrasado. Então, na hora que a gente tiver água de qualidade vindo do rio Tanque, nós vamos ter uma reestruturação dentro dos níveis de controle da água dentro do Saae, porque captação de água é uma coisa e controle é outra. 

Então, a empresa já se propôs, vai pagar uma obra que fica em mais de 30 milhões de dólares, tem um TAC que foi assinado no governo passado entre Vale, Prefeitura e Ministério Público. O que faltou também foi capacidade e gestão do atual prefeito de fazer com que essa obra tivesse tido prioridade no governo e o Itabirano não estivesse passando por essa situação.

Inclusive foi assunto em campanha política, onde o atual prefeito falava que o Itabirano era otário para aceitar uma água contaminada, suja, barrenta. E no final do mandato dele continua do mesmo jeito, infelizmente até pior, porque tem lugar que nem suja a água tá chegando, por falta de humildade, de dar continuidade aos projetos que já estavam aí”.

Foto: Tonny Morais/DeFato

SANEAMENTO BÁSICO

Fernando Silva: “Candidato, o sistema de abastecimento de água e captação de esgoto é muito antigo. Volta e meia aparecem súbitos vazamentos em alguns pontos da cidade, por exemplo, essa situação é corriqueira, o senhor teria alguma proposta para a resolução desse problema estrutural?”

Neidson Freitas: “A proposta é fazer investimento em toda a rede de esgoto e pluvial e de água que tá aí subterrâneo, ao invés de fazer obra eleitoreira, igual tá sendo feita aí, gastando quase 100 milhões de reais pra jogar asfalto em cima de asfalto, que é isso que tá acontecendo. E nós vamos ter outros problemas. Por quê? Porque a rede que tá aí embaixo é antiga, precisava de ser substituída e não foi . Vários lugares que temos hoje – e isso já é conhecido por parte da equipe técnica do Saae -, a necessidade de substituição dessas redes não foram substituídas, né. Estamos fazendo outro tipo de investimento sem resolver o problema original, que todos nós sabemos, como a própria pergunta fala. Já é antigo, precário, precisa ser modernizado. Nós temos uma rede antiga de cerâmica, precisa de mudar por uma tubulação nova, mais resistente, que possa garantir uma longevidade dessa rede e que não venha trazendo esses transtornos por vazamento de água e prejuízo pro Itabirano. 

Então, o objetivo nosso é esse: fazer o levantamento que já existe hoje no Saae, pegar esse levantamento e fazer o investimento que é necessário. Não o investimento de maquiagem, como tem sido feito aí na cidade”.

Vagner Ferreira: “O projeto de captação de água no Rio Tanque só será finalizado em dois mil e vinte e seis, conforme informações da promotora Juliana Talamoff e da mineradora Vale. Até lá, o que o senhor fará para garantir a disponibilidade de água para o Itabirano, sobretudo durante os períodos de estiagem? 

Neidson Freitas: “Primeiro passo é trabalhar juntamente a direção do Saae com os nossos servidores, que são pessoas capacitadas, competentes, que possam fazer a gestão da água, a manobra adequada na rede hidráulica. O anel hidráulico foi instalado para trazer democracia na distribuição de água na nossa cidade, então, se tiver uma operação eficaz, a gente consegue amenizar essa situação. E de imediato, nós temos que buscar licenças para que possamos já perfurar poços artesianos em pontos estratégicos, de modo que consigamos alimentar essa estrutura do anel hidráulico e fornecer água para a população.

Já tem sido adotado pelo atual governo, de maneira que sai cara, que é buscar água através de caminhão, pipa, lá no Rio Tanque – que era uma obrigação da Vale entregar essa água aqui na nossa torneira, e hoje o Itabirano está pagando essa conta, mas é uma alternativa que foi feita e nós temos que buscar outra. O que não pode é o Itabirano sofrer mais tempo pelo atraso dessas obras.

E lembrando sempre, pessoal, que as obras de uma cidade, elas pertencem ao povo, elas pertencem ao Itabirano. O que aconteceu aqui na nossa cidade é que o atual prefeito não deu prioridade nas obras que já vinham sendo desenvolvidas pelo prefeito anterior, e agora nós estamos pagando um preço caríssimo por essa ação, que eu lamento muito de estarmos passando.

Itabira tem água, nós temos onde buscar a água. Nós já temos um projeto para resolver esse problema, mas a vaidade muitas das vezes, a falta de responsabilidade com a gestão da administração em dar continuidade aos projetos que vinham sendo executados, está colocando Itabira na situação hoje que encontramos sem água”.

Fernando Silva: “Para além da falta d ‘água, Itabira também sofre com problemas históricos relacionados à qualidade da água, que é entregue suja e com detritos em diversos bairros. Qual a sua proposta para solucionar de maneira definitiva essa questão da água suja?”

Neidson Freitas: “Essa questão da água suja, parte desse problema vem na operação, quando o Saae realiza essa manobra e quando falta água, a tubulação já antiga, fica lá os sedimentos. E se não for feita uma descarga antes de liberar essa água para a casa das pessoas, ela chega nessa cor turva. Então, a gente precisa discutir com o Saae qual a melhor maneira de fazer, qual o investimento que precisa ser realizado para que não tenhamos esse tipo de problema. 

Se for treinamento vai ser feito, se for uma modernização do mecanismo para que essa operação seja realizada, nós vamos fazer esse investimento. A substituição por parte dessa rede também é uma das alternativas. 

Então é colocar como prioridade. Tem o dinheiro e o que está faltando é definir quais são as prioridades. Todo itabirano está vendo aí quais tem sido a prioridade da atual gestão. Para mim, estruturar o Saae, automatização da rede e substituição das redes que causam essa turbidez na água vai ser uma prioridade no nosso governo”. 

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Vagner Ferreira: “Itabira vive o maior impasse da sua história com a exaustão das minas da Vale. Caso se eleja, o senhor tem algum artifício para enfrentar esse ponto final na dependência da mineração?”

Neidson Freitas: “Construção imediata do Distrito [Industrial] III. Como que nós podemos falar de desenvolvimento econômico sem uma área adequada para as empresas itabiranas – que inclusive já estão indo embora para a cidade vizinha de São Gonçalo, que se organizou, tem um distrito industrial, oferecem área, oferecem galpão, oferecem isenção fiscal -, enquanto em Itabira nós não temos uma área sequer para dar oportunidade para as empresas locais, para o empreendedor local e sequer para receber novas empresas?

Também no governo passado foi destinada uma área na Fazenda Palestina, próximo ao bairro Pedreira, que seria para a construção do Distrito Industrial III. Infelizmente não foi nem assunto no atual governo. Nós temos aí um prefeito de fala mansa, fala bonito, fala um monte de palavras diferentes, mas não entrega nada. Foi promessa de campanha, não foi realizada e nós vamos fazer, porque tem dinheiro para fazer. Como eu disse, são três milhões de reais por dia e nós temos condição de preparar Itabira para o futuro.

Não tem jeito de falar de desenvolvimento econômico, sendo que nós não temos oportunidade para o crescimento das empresas locais e muito menos para que venham empresas de fora. 

O saldo, Wagner, de empresas que chegaram para atuar em Itabira foi zero. Não se criou, não abriu nenhuma empresa na nossa cidade. Pelo contrário, a prefeitura no ano passado colocou 300 milhões de reais na mão de empresas de fora, sem processo licitatório. Pegou carona na licitação pronta de outras cidades e tirou a oportunidade do empreendedor itabirano de trabalhar e entregar serviços aqui dentro. Se a prefeitura não fomentar o comércio, dificilmente nós vamos conseguir ter aí empresas fortes e um comércio atuante”. 

Fernando Silva: “Candidato, muito se fala em diversificação econômica. Essa seria a frase mágica que resolveria todos os problemas da cidade. Defina, por favor, dentro da sua filosofia de governo, o que é essa tal diversificação econômica?”

Neidson Freitas: “Diversificação econômica é ter coragem, ter ousadia para propor projetos que mudam a realidade econômica da cidade. Nós temos uma agenda rígida e firme com a Vale. Nos últimos anos, a pauta principal da prefeitura com a Vale foi discutir eventos e festas: Festival Mimo, Festival Pulsa, outros festivais que eu até entendo que é importante que a cidade tenha o lazer. Gosto também do lazer. Mas é muito pouco para a Vale entregar isso para Itabira como futuro.

Nós temos um projeto que é a construção, que a Vale construa a estrada de ferro, a linha de ferro ligando Itabira a Belo Horizonte. Isso é um projeto já antigo, que ficou abandonado por parte do governo federal, que já tinha como vetor de diversificação econômica dessa região – que fosse interligado através de Bom Jesus, Nova União, Taquaraçu, Santa Luzia, Sabará. Ligando toda essa região nossa para que as pessoas não corressem esse risco de vida nessa BR-381, que desse condições de logística para a região, que desse condições de potencializar o nosso distrito industrial. 

Nós queremos ter pautas rígidas e eficazes com a Vale. É algo que nós queremos discutir com a Vale para o futuro de Itabira. Também temos hoje uma região rural muito grande, nós temos quase mil quilômetros quadrados na região rural. A Vale tem o maior parque solar no norte de Minas, na cidade de Jaiba. Hoje, 16% da energia que a Vale consome, vem através de energia solar. 

Nós queremos trazer para a região rural de Itabira, através de convênio com a prefeitura e Vale, como compensação, que sejam instaladas placas fotovoltaicas e que o homem do campo consiga produzir energia solar e a Vale, em compensação, comprar essa energia na mão das pessoas”.

SEGURANÇA PÚBLICA

Vagner Ferreira: “Na última sexta-feira, dia treze, em uma ação policial, uma moradora em situação de rua foi assassinada com três tiros por policiais militares em Itabira. Isso pode ser reflexo da situação que vivemos em segurança pública? Qual a opinião do senhor sobre esse tema? Em específico do assassinato, candidato.”

Neidson Freitas: “Ô Wagner, eu vejo a situação “milindrosa”, porque eu não estava presente, não sei o que aconteceu. Qual foi a circunstância do fato de, infelizmente, a gente perder essa vida. Mas eu posso te dizer que hoje o que nós temos que fazer é imediatamente a construção do presídio Itabira.

A construção do presídio, que foi negada também pelo nosso prefeito. Ele não quis construir o presídio, a cidade está violenta, a segurança está comprometida. Nós temos lojas sendo assaltadas à luz do dia Itabira; arrastão no comércio de Itabira; mulheres sendo assaltadas à mão armada. E a falta do presídio gera essa sensação de insegurança. Todo mundo sabe. O bandido está solto aí, vai ser preso, vai para a delegacia e vai voltar, não tem onde ficar. Então foram 22 milhões de reais que poderiam ter sido investidos na construção do presídio Itabira. E, infelizmente, isso não aconteceu. 

Eu vou investir 10 milhões de reais nas polícias militar e civil. Equipando, preparando, dando condição que nós tenhamos uma estrutura para fornecer para Itabira uma segurança melhor, com viaturas e tecnologia para que seja usada na apuração dos crimes. Todo esse trabalho que nós sabemos que é obrigação do Estado, mas nós vivemos aqui na nossa cidade.

Então, se nós temos dinheiro, se nós temos uma cidade entre a nona cidade mais rica, nós precisamos investir nas nossas polícias. Como sempre foi feito aí no passado e a gente percebe aí que não tem sido a prioridade também no atual governo”.

Fernando Silva: “Candidato, o senhor poderia informar sobre as condições das câmeras de segurança pública da cidade? O senhor tem alguma proposta específica para esse sistema de segurança?”

Neidson Freitas: “Eu posso informar, sim, que as câmeras de segurança da nossa cidade, como outras obras, são ações eleitoreiras. As câmeras que estão aí, a maioria delas não funcionam, não foi licitado na nossa cidade, trazendo também, mais uma vez, o desprestígio por parte do empreendedor itabirano. [As câmeras] Foram adquiridas lá na cidade de Goiânia, sendo que nós temos empresas que poderiam ter fornecido esse serviço aqui. E hoje o que nós temos são câmeras que não estão funcionando, na sua maioria, mas teve um grande marketing, uma propaganda para vender para o itabirano como se tivesse tudo mil maravilhas.

Então, algumas poucas estão funcionando para fazer valer o tamanho da propaganda que foi feita, como que a cidade estava sendo monitorada por câmeras de segurança. É um projeto importante, vou dar continuidade, porque eu acredito na importância de dar continuidade nas ações que funcionem, mas com o pé no chão.

Nós temos que investir também em outras áreas. Só as câmeras não vão funcionar! E as câmeras de segurança hoje que estão sendo colocadas é um dos exemplos que eu tenho para deixar para a população itabirana. Foram mais de 300 milhões de reais que as empresas itabiranas. O empreendedor itabirano poderia ter tido a oportunidade de prestar esse serviço na nossa cidade se o prefeito tivesse feito uma licitação aqui na nossa cidade.

Então, a câmara de segurança veio lá de Goiânia; os móveis planejados de mais de 10 milhões na reforma do prédio da prefeitura também veio de Belo Horizonte; o asfalto que está sendo jogado aí na última hora para querer fazer uma maquiagem na cidade veio lá de Pouso Alegre com duas empresas de asfalto dentro de Itabira; o uniforme escolar das crianças que vieram lá de Três Corações e assim tem sido feito as compras na nossa cidade. Um desprestígio total do empreendedor itabirano”.

Vagner Ferreira: “Levantamento do Atlas da Violência, divulgado em junho deste ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Itabira aparece em terceiro lugar entre as cidades com mais homicídios em Minas Gerais por cem mil habitantes. Quais as propostas para reduzir os índices de criminalidade na cidade?”

Neidson Freitas: “Foi dito aqui que quando o prefeito tomou a decisão de não construir o presídio em Itabira, ele trouxe alguns problemas para nós. O primeiro deles: o contingente de polícia está reduzido, porque a polícia de Itabira hoje fica disponível para ficar levando preso para o estado todo. Nós temos pessoas que são presas e que têm que ser transferidas até 500 quilômetros de distância. Então, já tendo um contingente reduzido, ele diminuiu mais ainda. Ou seja, a polícia que tinha que estar apurando crime, ela virou motorista de preso.

Segundo item: o presídio aqui na nossa cidade, o crime de menor potencial ofensiva, as pessoas sabem que ele vai ficar preso. Hoje, o juiz vai mandar prender para colocar onde? Não tem. 

E o terceiro problema é um problema social que está causando essa situação de não ter o presídio aqui: nós temos centenas de famílias, pais e mães, que estão sofrendo para tentar conseguir dar um suporte, um apoio para quem tem um filho preso. Está aí criando um problema social grande. A prefeitura não ajuda, a Vale não ajuda, ninguém ajuda as pessoas que precisam acompanhar seus familiares. 

Sem contar o impacto que trouxe o desemprego de vários agentes penitenciários. Hoje, os advogados da nossa cidade sofrem também com esse problema, porque não tem hoje essa demanda que tirou do dia a dia dele a condição de prestar esse serviço aqui. Então é um impacto, uma cadeia produtiva que foi comprometida. 

Além da construção do presídio, reforçar o investimento em convênios com a polícia. A segurança pública tem que ser cuidada pela força policial, tanto a estadual como a civil. Faz investimentos que o resultado aparece”.

PERGUNTAS LIVRES

Fernando Silva: “Candidato, eu estive observando atentamente as suas propostas de governo e uma delas chamou a minha atenção. Que é a construção de uma ferrovia daqui até Belo Horizonte para transporte de passageiros. A princípio eu fiquei em dúvida. Eu não sabia se eu chamava isso aí de “megalomania” ou “utopia”. Mas não levei muito em consideração porque faz parte do estilo do político itabirano. O político itabirano, ele é talentoso na arte da fantasia. Há alguns anos, um candidato a deputado federal de Itabira prometeu que se caso se elegesse, construiria um presídio em alto mar. Isso aconteceu. No caso senhor, existe essa possibilidade real dessa estrutura acontecer? Ou é mais uma componente, mais algo para enriquecer o folclore político de Itabira?”

Neidson Freitas: “Fernando, megalomania eu entendo que é o atual prefeito de Itabira que chegou aqui prometendo metrô para o itabirano e mais uma série de coisas que, 90% não foram cumpridas no seu plano de governo. Eu trouxe essa proposta baseada em fatos reais. Em 1946 Getúlio Vargas deu início a construção dessa ferrovia lgando Itabira a Belo Horizonte. Nós já temos várias obras que já estão prontas, foram túneis executados. Foi uma obra de quase 800 milhões de reais. Mas como na época o Brasil mudou a estrutura viária e fizeram a opção pela rodovia, eles largaram esse projeto de lado. E um prefeito precisa acreditar em projetos audaciosos. 

Eu não consigo mudar a realidade de Itabira fazendo o varejo de sempre que todos propuseram. João Monlevade está interligada à Belo Horizonte através de uma linha férrea. E eu não estou propondo a Prefeitura de Itabira construir essa linha ferroviária, mas dentro do meu plano de governo, tenho aqui uma agenda que chama Agenda Compensação Vale. É com essa agenda que nós vamos colocar para que a Vale execute uma obra e  comece a estudar a viabilidade de executar esse projeto, para garantir o futuro de Itabira pós mineração. 

É assim que nós vamos resolver. É possível, é barato, comparado com o que eles gastam hoje com rodovias. E é muito barato em torno do que a Vale já ganhou em 80 anos de exploração mineral na nossa cidade. Então esse vai ser o nível de discussão que nós vamos ter com a companhia Vale. Seria sim uma utopia, seria sim uma ação megalomaníaca, se eu estivesse aqui propondo que a prefeitura de Itabira construísse essa linha férrea de Itabira à Belo Horizonte, mas não é o caso. É uma das discussões que nós vamos ter com a empresa Vale. Por isso que eu acredito que é possível”.

A Vale tem projetos audaciosos no mundo todo, por que não tem Itabira? O exemplo é o do Parque Solar. Ela investiu agora 3 bilhões de reais no norte de Minas na cidade de Jaíba. Por que a Itabira não pode discutir também a implementação de um parque solar para dar estrutura para a região rural, que perdeu a sua vocação ao longo dos anos por causa da exploração mineral? Então eu estou muito tranquilo com essas propostas e sei que é possível. Aprendi ao longo dos anos que para fazer diferente nós temos que traçar outros caminhos, Fernando.”. 

Foto: Tonny Morais/DeFato

Vagner Ferreira: “A sua campanha, o marketing da sua campanha, tem apresentado o senhor como uma renovação para a política itabirana. Caso eleito, seria uma renovação na nossa política. Como se apresentar como uma renovação depois de quatro mandatos como vereador? Não é meio conflitante essa proposta do senhor?”. 

Neidson Freitas: “Não há conflito nenhum na nossa proposta. O itabirano que quer mudar e renovar a atual administração do executivo da prefeitura, é votando no Neidson 15. Por que? Porque o atual prefeito que está aí já teve a oportunidade dele. Quatro anos com o maior orçamento da história de Itabira e infelizmente não conseguiu entregar o que foi proposto na sua campanha. Teve a oportunidade dele. Então ele vai em busca de uma continuidade de algo daquilo que ele não entregou. Passou quatro anos aí tentando acertar o próprio governo. Não conseguiu sequer montar uma equipe para administrar Itabira.

O outro candidato, que é o João Izael, foi prefeito por oito anos. Então que mudança, que renovação que tem com a candidatura? Oito anos prefeito. Já deu o que tinha que dar. Já teve a oportunidade dele. 

Então é isso que eu quero dizer a vocês. Eu passei quatro mandatos em Wagner como vereador. E foi muito importante. Nesses 20 anos eu aprendi muito. Eu conheço como funciona a prefeitura, conheço os bastidores da política itabirana, conheço o povo itabirano, as instituições, o que deu certo, o que deu errado ao longo desses anos. Nesses governos que eu tive a oportunidade de participar, participei ativamente dos últimos acontecimentos na nossa cidade nos 20 anos. Então o que eu peço para mudar é por isso, porque não há mudança nenhuma com o João Izael e muito menos com o Marco Antônio. 

Inclusive há uma grande incoerência dessa candidatura, porque o Marco Antônio está aí querendo uma reeleição, e ele mesmo já falou em entrevista que não era a favor da reeleição, que era contra. Que é por isso que ele não ia apoiar o governador Zema. E agora está aí desesperadamente querendo um segundo mandato. O João Izael “desceu e subiu rua” por aí apoiando o atual prefeito. Faz parte do mesmo grupo e agora quer se colocar como uma mudança do que está aí. Ele não se posicionou ao longo desses quatro anos contra o atual governo que ele colocou aí na prefeitura, e agora quer ser candidato a prefeito? Por qual motivo? 

Então eu estou muito tranquilo. Porque como todos nós temos a nossa vocação, eu vim para a política por vocação. E hoje eu estou preparado para colocar meu nome como prefeito. Por isso que eu não fiz isso antes. E como candidato a prefeito é a primeira vez que eu vou disputar a eleição. Peço essa oportunidade para o Itabirano. Me dê a oportunidade para colocar em prática tudo que eu aprendi, e eu aprendi as coisas boas e aprendi com os erros também dos que passaram por aí”.