Em sabatina, Ronaldinho Teteco promete represa para “resolver o abastecimento de água” em Itabira e dispara: “A Vale não é esse bicho-papão”

O servidor público também disse, por repetidas vezes, que a solução para a diversificação econômica de Itabira será com investimentos no agronegócio

Em sabatina, Ronaldinho Teteco promete represa para “resolver o abastecimento de água” em Itabira e dispara: “A Vale não é esse bicho-papão”
Foto: DeFato Online no YouTube
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Foi realizada nesta segunda-feira (16) a primeira das quatro sabatinas promovidas pela Rádio Caraça FM 90,5 em parceria com o portal DeFato Online, com os candidatos à Prefeitura de Itabira. Quem iniciou a primeira sessão de entrevistas foi o candidato Ronaldo Antônio de Paula Andrade “Ronaldinho Teteco”, do PRTB, que ao longo de quase uma hora respondeu perguntas sobre educação, saúde, meio ambiente, mineração, saneamento básico, desenvolvimento econômico, segurança pública e também, duas perguntas livres feitas pelos jornalistas Vagner Ferreira e Fernando Silva. 

A entrevista também foi uma oportunidade para que Teteco apresentasse à comunidade itabirana as suas propostas e os projetos de governo que estão sendo colocados para apreciação do eleitor. Entre as iniciativas, o candidato destacou que pretende criar uma “mega represa para resolver o abastecimento de água na cidade”, como também construir três centros educacionais e três novas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) nos bairros Fênix, Gabiroba e Pedreira – entre outras ações. 

Pedindo ao povo a sua primeira oportunidade como político, o servidor público disse por repetidas vezes que a solução para a diversificação econômica de Itabira será com investimentos no agronegócio, que “a Vale não é um bicho papão”, além de afirmar que falta diálogo e projetos estruturantes do poder público com a mineradora – sem citar uma iniciativa da sua campanha ao tema. 

Confira abaixo todas as perguntas feitas ao candidato e as respostas dadas por Teteco na sabatina

EDUCAÇÃO

Fernando Silva: “O senhor dispõe de alguma iniciativa inédita para a educação itabirana? Algo diferente do mesmo de sempre. Lembrando que, no passado, a (Escola) Hipocarmo, por exemplo, foi uma iniciativa diferenciada”.

Ronaldinho Teteco: “Sim. Hipocarmo foi, o senhor citou muito bem. Só que não foi para frente por falta de políticas públicas de apoio à educação em Itabira. Nós teremos convênios com a Unifei, a Funcesi, a UNA, Viçosa e Lavras [Universidades Federais], o Senai e o Senac, para a gente colocar o jovem no mercado de trabalho e trazer tecnologia de ponta para o homem do campo. Questão da diversificação econômica pelo nosso setor de educação: valorizar os professores e colocar Itabira em um polo econômico e educacional.

Como fazer isso? A gente tem que valorizar o que a gente tem de melhor na nossa cidade. A nossa educação precisa avançar e avançar muito. Então, através desses convênios, a gente vai levar ao homem do campo tecnologia. Através do agronegócio, a gente vai fomentar a economia do município, e é pela educação que a gente vai melhorar Itabira, até mesmo na questão da segurança pública, pois uma cidade educativa, ela prospera e prospera muito.

Um dos nossos projetos é ampliar, dar incentivo para a ampliação do Centro Tecnológico da Unifei e investir nas nossas crianças, no horário integral. A gente tem o exemplo de fazer três centros educacionais nos bairros Pedreira, Gabiroba e Fênix, levando às crianças uma educação de qualidade para o futuro de Itabira”.

Vagner Ferreira: “Para que a Unifei possa se desenvolver em nosso município, é necessário também ampliar e fortalecer o campus local da universidade. Porém, pouco avançamos no desenvolvimento da infraestrutura física desse campus. Quais são as suas propostas para fortalecer e dar continuidade ao projeto Unifei e Itabira?”

Ronaldinho Teteco:Aquilo que eu falei no início, né? Terminar o Centro Tecnológico, terminar as obras da Unifei. A gente tem parceria com o Governo Federal através do nosso deputado [não citou qual], [para] trazer os recursos e a prefeitura investir realmente nesse polo educacional. Só aí nós teremos uma cidade educadora.

E também para construir esse Centro Tecnológico, a gente precisa realmente investir em água, porque a gente sabe que ali, para a Unifei gerar 10 mil novos alunos, com esses novos cursos, a gente precisa realmente investir em água de qualidade na região. E isso a gente já tem um projeto que vai abastecer toda a região da Pureza, o CDI e principalmente a Unifei. A gente tem estudos com professores da Unifei e realmente aquilo que você falou, a gente precisa dar continuidade ao trabalho que foi iniciado há uns tempos atrás; melhorar o que está bom e corrigir o que está errado. 

Então o foco na educação não só com a Unifei, mas com os cursos técnicos profissionalizantes, principalmente lá no Censi [antigo Centro de Ensino Superior de Itabira, no Alto dos Pinheiros] que está parado, naquele prédio. Voltar, talvez, um curso técnico para lá, com incentivo. A gente sabe que ali também é um polo educacional, que a gente tinha o Censi há muitos anos. A gente quer priorizar esses locais que estão parados e investir na educação do futuro de Itabira”.

SAÚDE

Fernando Silva: “Candidato, a saúde é um dos pilares para a diversificação econômica do município, o que passa pela disponibilidade de serviços de alta complexidade. Como o senhor pretende fortalecer as instituições de saúde locais e ampliar as ofertas de serviços públicos em saúde em Itabira?”

Ronaldinho Teteco: “Boa pergunta, Fernando. Tenho 28 anos na área de saúde, a gente tem uma equipe qualificada de servidores públicos efetivos. Dentro do nosso projeto, a gente colocou a construção de três UPAs: Fênix, Gabiroba e Pedreira, porque são os maiores bairros da cidade, com a população que precisa de mais assistência.

Nós vamos criar o consultório móvel odontológico e o consultório médico odontológico. Vamos levar saúde àquelas pessoas que precisam. Fazer um convênio com diversas universidades – igual a UFMG – para atrair novos médicos para Itabira, fazer uma licitação com clínicas médicas particulares, para a gente desafogar essa fila de espera de exames e consultas. Só assim a gente vai reduzir o número de exames que a gente tem. Investir no Pronto-Socorro, na Farmácia Municipal 24 horas e a gente vai fazer um rodízio de todos os PSFs para funcionar até 24 horas. A gente sabe que a saúde é essencial para toda a população e a gente tem que levar uma saúde de qualidade, principalmente as pessoas da zona rural que são menos assistidas.

A gente sabe que Itabira tem uma região muito grande, em extensão rural, e tem muitas pessoas que a saúde não chega até a eles. A gente vai criar também o Motofarma. O que é o Motofarma? É onde a gente vai levar o medicamento às pessoas idosas, de mobilidade reduzida, para investir em saúde de qualidade e assistência social a essas pessoas que hoje estão além daquilo que elas realmente merecem”. 

Vagner Ferreira: “Uma cobrança do itabirano é a ampliação do atendimento pediátrico na cidade, principalmente para os casos de urgência e emergência, inclusive com uma UTI pediátrica. Quais as suas propostas para solucionar este problema?”

Ronaldinho Teteco: “Vagner, a gente sabe que uma UTI neonatal é de alta complexidade. Não se faz uma UTI neonatal da noite para o dia. Veja bem, Belo Horizonte é a capital e tem dificuldade para o profissional nessa área. A gente sabe que isso é importante, mas primeiro a gente tem que investir na atenção primária: é fazer um pré-natal daquela senhora ou da jovem e acompanhar desde o primeiro dia de gestação até o final, para a gente ter menos problemas lá na hora do parto.

Então, acho que a UTI neonatal é importante, inclusive foi tema de debate na Câmara recentemente. Tudo que for para melhorar a saúde de Itabira, nós iremos fazer, porque a gente tem uma equipe qualificada na Secretaria de Saúde.

Acho que o que falta, às vezes, é um consenso do Poder Executivo, Legislativo, porque a bandeira que a gente tem que levantar na nossa cidade é a bandeira da saúde, da diversificação econômica e não é uma bandeira de um partido. A bandeira da saúde é a bandeira de Itabira. Então, temos que unir esforços para que a gente tenha realmente uma saúde de qualidade. 

Nós temos dois grandes hospitais, o Nossa Senhora das Dores e o São Francisco Xavier [Carlos Chagas]. A gente sabe que precisa de uma atenção especial do Executivo, mas também do Legislativo e vamos investir, sim, em saúde e qualidade. A gente tem que valorizar nossos médicos, enfermeiros, as ACS [Agente Comunitário de Saúde]. Então todo profissional de saúde, principalmente os fiscais da vigilância sanitária e os demais que trabalham na Secretaria de Saúde, a gente precisa capacitá-los para a gente ter realmente uma saúde de ponta, uma saúde de qualidade para a nossa população itabirana.

Fernando Silva: “Familiares de pessoas com autismo e outros transtornos relatam dificuldades com os tratamentos de seus entes. Principalmente devido ao alto custo deste tratamento. O que pretende fazer para garantir a boa assistência médica às pessoas que sofrem desses transtornos aqui em nossa cidade?”

Ronaldinho Teteco: “Está entre nossas propostas, são 281 que a gente colocou no TRE, algumas são propostas, outras são ações. A gente sabe hoje que a gente tem o colar de girassol, são crianças que precisam de atenção especial do poder público e a gente vai ter esses convênios com essas universidades, igual já falamos, e estar junto com as associações, na escola, investir mais em médicos, psicólogos e ajudar essas famílias que precisam. A gente sabe que o autismo aí é pouco detectado e a gente precisa, através de convênios, fazer da melhor maneira possível que isso chegue a todos que necessitam. Isso está dentro do nosso projeto, dar atenção especial não só a essas pessoas, mas todas aquelas que têm mobilidade reduzida também e, de certa forma, têm uma dependência que pode ser assistida pelo município. O poder público tem que levar mais qualidade de vida a essas pessoas”. 

MEIO AMBIENTE MINERAÇÃO 

Fernando Silva: “Candidato, até que ponto o grave quadro ambiental de Itabira é fruto da subserviência do poder público municipal diante da mineradora Vale? O senhor tem alguma opção prática para uma cobrança mais eficaz diante da mineradora Vale pelos – quase irreversíveis – danos ambientais?”

Ronaldinho Teteco: “A Vale tem uma “agenda 2025”, que eu li juntamente com a Acita, [que a mineradora] colocou para os políticos e o poder público executar, principalmente na área de meio ambiente. A gente tem que cobrar da Vale o que é de direito da população itabirana.

Nós temos uma indústria que a gente vai trazer para cá para tratar a questão do meio ambiente, transformar o lixo em material biossintético e zerar o lixo da nossa cidade. São resíduos sólidos urbanos que a gente vai transformar em material biossintético, que serve para adubo, serve para pallet, madeira biossintética que vai reduzir o impacto ambiental e transformar Itabira em uma cidade economicamente sustentável.

E a Vale a gente tem que cobrar dela, principalmente a questão do impacto ambiental, da mineração, a questão da água também, porque acabou com o nosso lençol freático. A gente tem que recuperar essas áreas degradadas. A gente tem muita área ali na região de Abóboras, Fênix, e cobrar para a Vale investir o que é de direito, principalmente na preservação do meio ambiente, os projetos de preservar para não secar nossas nascentes.

A gente tem que notificar a Vale que ela invista e fortaleça a economia do município através do “projeto lá que a gente tem hoje existente” [não citou qual] e outras questões a mais, relacionadas ao impacto ambiental. A gente precisa realmente ter uma fiscalização mais rígida contra a mineradora Vale. A gente sabe que Itabira, o Cauê já está demitindo*** e a gente tem que procurar recursos para transformar a nossa cidade em uma cidade sustentável e cobrar da Vale rigorosamente”. 

*** A mineradora Vale distribuiu na última semana uma nota à imprensa informando sobre a paralisação da usina na Mina Cauê, em Itabira, no próximo ano. Segundo a empresa, a unidade passará por readequações e otimização da sua produção e, para isso, terá que suspender de maneira temporária a sua atividade — o que deve acontecer em dois momentos do período chuvoso de 2025, em janeiro e fevereiro e de outubro a dezembro. A companhia também informou que o processo não acarretará em demissões de colaboradores.

Vagner Ferreira: Atualmente, a exaustão mineral de Itabira está prevista para 2041. Temos cerca de 15, 16 anos para promover a diversificação econômica do município. Parte disso passa pelo diálogo com a mineradora Vale em um acordo de reparação que permita que Itabira tenha uma economia forte e sustentável. Como o senhor pretende trabalhar essa relação com a Vale para que tenhamos a real diversificação econômica da cidade?

Ronaldinho Teteco: “Esse trabalho a gente já vem fazendo juntamente dentro do Agrowin, com a Acita, Vigilância Sanitária e Secretaria de Agricultura. O caminho hoje para a diversificação econômica é o agronegócio, não tem outro caminho. Então é investir nos pequenos produtores, nos microempreendedores, porque hoje a gente vai voltar com aquele “banco do povo”, que é o Banco de Desenvolvimento Sustentável.

A gente vai colocar na economia do município R$12 milhões para fomentar essa economia através de quê? A pessoa que montar seu negócio, montar uma pastelaria, mexer lá no açougue, eles vão poder comprar equipamentos, investir e gerar emprego.

De imediato, a gente consegue gerar mil empregos diretos. Nós estivemos recentemente, visitando Delfinópolis, perto de Capitólio, uma cidade com 8 mil habitantes que gera 1.500 empregos diretos. O PIB deles é de R$930 milhões, tudo através do agronegócio. O carro-chefe lá é o turismo, é banana, milho, feijão e soja. Então acho que para Itabira, o caminho da diversificação econômica, eu repito, é o agronegócio. É investir nos pequenos da zona rural, nos empreendedores, porque a gente sabe que a gente tem que trazer grandes indústrias para Itabira, mas não podemos esquecer daqueles pequenos que fomentam a economia do nosso município.

Isso a gente já tem experiência nessa área, com outros órgãos, isso a gente vai fazer e é isso que vamos ter para Itabira. O futuro de Itabira está nas mãos do agronegócio”. 

Foto: DeFato Online no YouTube

SANEAMENTO BÁSICO

Fernando Silva: “Candidato, na zona urbana, Itabira conta com ampla cobertura para recolhimento e tratamento de esgoto. Porém, há regiões, sobretudo as comunidades rurais, que ainda necessitam de ações de saneamento básico. Quais são as suas propostas para ampliação do tratamento de esgoto no município?”

Ronaldinho Teteco: “A gente sabe hoje que, principalmente, Carmo e Ipoema, é preciso tratar o esgoto. A gente tem uma parte aqui da cidade, ainda que tenha que ser tratado o esgoto, a gente tem muito esgoto ainda a céu aberto e Carmo e Ipoema. Para você ter uma ideia, quem conhece lá perto da Casa do Produtor, sabe que o esgoto ali não é tratado. Então a gente tem projetos para realmente tratar esse esgoto, levar uma água de qualidade para as pessoas, principalmente se você observar a água que está vindo hoje para Itabira [se refere a medida especial de coleta com caminhões pipa para enfrentar a crise hídrica], ela está sendo coletada abaixo ali do campo de Senhor do Carmo. É uma água que não é potável e por isso ela está vindo para ser tratada.

A gente tem que investir no saneamento básico e educação ambiental nas escolas, porque não adianta você ter uma água boa se você não educar as crianças, os jovens sobre a questão do lixo, de não jogar lixo nos bueiros, nos rios, porque acaba contaminando o lençol freático.

A gente tem vários projetos nessa área, fazer um trabalho com o pessoal da UNA, Funcesi, com os engenheiros ambientais, pessoal da Agronomia e fazer um trabalho conjunto para que realmente essas áreas, elas tenham uma atenção especial do município. A gente tem que preservar para não secar e levar saneamento básico, levar saúde para a população de Itabira”. 

Vagner Ferreira: Devido às questões geográficas Itabira tende a crescer no sentido do manancial da Pureza, o que pode causar prejuízos ao abastecimento de água no município ou gerar dificuldades para o desenvolvimento físico da cidade. Exemplo disso foi a contaminação da água pelas atividades de uma empresa que estava instalada no distrito industrial. Como lidar com essa situação envolvendo o principal manancial para o abastecimento da população?”

Ronaldinho Teteco: “Está dentro do nosso projeto. A gente vai construir uma mega represa ali nas proximidades do CDI, com 150 metros de comprimento, 200 de largura e 5 metros de profundidade. A gente vai resolver o problema da água dessa forma, porque a gente sabe que essa represa sendo construída ali, ela está acima da Pureza, então a gente vai ter água para os distritos [industriais], a Pureza e a Unifei. E intensificar a fiscalização em cima desses empreendimentos, para que eles não possam contaminar nosso bem maior, que é a água. Por exemplo, o Ribeirão São José tem uma água boa; a gente precisa trazer essa água para Itabira; a região da Serra dos Alves, a região do Macuco com água de qualidade. Então a gente vai investir em saneamento básico, em uma água de qualidade para Itabira e não só ter quantidade de água, mas a água tem que ter qualidade.

A gente [tem que] fazer uma revisão onde passa a tubulação, porque a gente sabe que as tubulações são antigas, então falta isso também para trabalhar nesse sentido de levar água para quem precisa. A gente sabe que a gente pode fazer, hoje tem a agricultura irrigada que é uma lei para o produtor rural e a gente pode trabalhar dessa forma, porque as represas que tem Itabira, elas são pertencentes à Vale. O município não tem uma até hoje, e a partir do ano que vem, com certeza nós iremos investir nisso: qualidade de vida e água para todos.

Fernando Silva: “Candidato, para além da falta d ‘água, Itabira também sofre com problemas históricos relacionados à qualidade da água, que é entregue suja e com detritos em diversos bairros. Qual a sua proposta para solucionar de maneira definitiva essa questão d ‘água aqui em Itabira?”

Ronaldinho Teteco: “Volto a repetir aquilo que eu falei na pergunta anterior: a gente tem as soluções de fazer essa represa, não só nesse local, como também trazer uma água boa que a gente tem no Candidópolis. Precisa tratar e revisar essas tubulações, qualificar ainda mais os servidores do Saae, fazer um convênio com outros órgãos ambientais, pessoas qualificadas para vir dar um treinamento e dar suporte técnico a esses profissionais do Serviço Autônomo de Água e Esgoto. 

Então hoje a população sofre por quê? Aquilo que eu falei no início. As redes são antigas, a gente precisa investir realmente na água de qualidade, revisar isso tudo e principalmente cobrar da Vale, porque 60% hoje do abastecimento de água provém dessas represas aí que a Vale detém.

Acho que o município tem que cobrar o direito, e cobrar pesado da Vale, e a gente investir em mais água de qualidade, principalmente. Para você ter ideia, a gente tem uma água de qualidade lá na Serra dos Alves, mas falta água para a comunidade, então investir em ETAs e mais ETEs aqui na cidade e fazer outros reservatórios ali na região do Campestre, no Borrachudo. Através dos servidores do Saae, que tem capacidade técnica para isso, a gente vai sentar e discutir, principalmente com a população e os órgãos ambientais, uma maneira correta do município voltar a ter uma água de qualidade para toda a população. E isso a gente é capaz de fazer, porque os projetos serão acompanhados por profissionais qualificados”.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Fernando Silva: “Candidato, em recente entrevista ao portal DeFato, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Antônio de Salvo, disse que Itabira pode se tornar um “cinturão verde” para a região metropolitana com a produção de hortifrutas, legumes e frutas, assim como local para a pecuária intensiva de confinamento. Como você pretende fortalecer o agronegócio local para que ele seja uma alternativa de desenvolvimento econômico para Itabira?”

Ronaldinho Teteco: “Fernando, é aquilo que eu falei no início. O caminho para a diversificação econômica de Itabira é o agronegócio. E a gente já trabalha nisso há um bom tempo, juntamente com o IMA, a EMATER e o Sindicato Rural. A gente tem 95% do território rural, que precisa ser mais valorizado. Por isso que eu falei no início:  convênios com essas universidades, a UNA, a UNIFEI, a Funcesi. Por quê? Pegar esses alunos ali, desses cursos de engenharia, dar um suporte para a EMATER, para a Vigilância Sanitária e Agricultura, levar tecnologia de ponta para o homem do campo, trabalhar a questão ambiental.

Hoje a gente já trabalha a sucessão rural e aquilo que eu falei do exemplo de Delfinópolis. Hoje, a produção que a gente tem de banana, ela vai para o comércio e vai para a indústria. Ela não atende nem um terço da demanda de Itabira. Por isso que a gente tem que intensificar, investir mais na patrulha agrícola, investir mais ali, colocar mais recursos ali na Secretaria de Agricultura. A gente sabe o caminho que a gente pode seguir, porque a gente já está inserido dentro do sistema da prefeitura.

A gente já participa desde 2014. Então, só para você ter uma ideia, ano passado eu tive a honra de ser premiado na Mostra SUS pelo trabalho de agroindústria. Hoje a gente tem 121 agroindústrias habilitadas de origem vegetal. Animal a gente tem 19. O que a gente precisa realmente é investir no agronegócio, investir nos pequenos produtores e fazer, aumentar esses recursos para o Sindicato Rural e a Secretaria de Agricultura. Itabira será a cidade do agronegócio”.

Vagner Ferreira: “Itabira vive o maior impasse da sua história com a exaustão das minas da Vale. Caso se eleja, o senhor tem algum artifício para enfrentar esse ponto final da dependência da mineração?”

Ronaldinho Teteco: “Continuando aquilo que eu falei. Levar, hoje a gente tem a lei de agricultura irrigada para o homem do campo. Preservar, continuar aquele programa de preservar para não secar. E dar todo suporte para o homem do campo. A gente sabe que hoje o município pode comprar até 30% na mão da agricultura familiar e muitas vezes não chega nem a 5%. A realidade é essa. 

Muitas vezes compra de São Domingo do Prata, compra às vezes chega até do Ceasa. Então é investir mesmo na agricultura familiar. Recurso para isso a gente tem. Então dentro desse programa nosso, junto com a Agricultura, Emater e Acita, a gente vai fomentar a economia do município e transformar aquilo que eu falei: Transformar Itabira numa cidade do agronegócio. Porque a gente tem tecnologia aí através da Unifei, esses alunos estarem sob a supervisão da Emater, que é um órgão de extrema confiança e capacidade que está ao lado do produtor rural.

E eu como fiscal da Vigilância Sanitária sempre estive ao lado do produtor rural, e como prefeito estarei sempre ao lado do produtor rural. Porque a gente sabe que Itabira pode e vai avançar no agronegócio. Pode ter certeza disso. O que falta é a oportunidade de a gente chegar à frente do executivo”.

SEGURANÇA PÚBLICA

Fernando Silva: “Candidato, uma possibilidade para os municípios fortalecerem a segurança pública é a criação de uma guarda municipal. Você pretende criar a guarda municipal em Itabira? Qual seria o formato dessa guarda? Com os agentes portando armas letais, por exemplo?”

Ronaldinho Teteco: “Fernando, está dentro do nosso plano de governo a criação da guarda municipal e a Secretaria de Segurança Pública. O que a gente precisa é aquilo que falei no início. É levantar a mesma bandeira, tanto o Legislativo como o Executivo, a bandeira da Segurança Pública. Investir na educação, investir no lazer, investir em cultura, educação de base. Para quê? A gente não passar por isso que a gente está passando dia a dia, com o índice de violência aumentando. 

Melhorar as nossas vias de acesso com iluminação. E a Segurança Pública precisa realmente da Guarda Municipal, mas a gente quer trabalhar com agentes não com armas letais, mas spray de pimenta e outras armas que não sejam letais, porque a gente não pode ter o caso que a gente teve recentemente daquela senhora que chegou a óbito.

Acho que investir em Segurança Pública, principalmente investir nas nossas crianças, nos nossos jovens, através de educação e de emprego. Porque se o jovem está ocupado com emprego na escola, com educação de qualidade, o índice de criminalidade vai diminuir.

Na área de esporte e educação, a gente vai criar três centros poliesportivos com piscinas, [quadras] societys, para ocupar a cabeça dessas crianças e desses jovens. E investir mais também na nossa Polícia. A gente sabe que o Estado já está “jogando tudo” para os municípios, então a gente tem que investir na Polícia e principalmente qualificar os profissionais de Segurança Pública”. 

Vagner Ferreira: “Ainda continuamos no mesmo tema, que é a Segurança Pública. Tem aumentado os casos de roubos e crimes cometidos nas rodovias próximas à Itabira, como as MG 129, 434 e também na MGC 120. Como tornar as estradas locais mais seguras para os motoristas, sobretudo para o transporte de mercadorias?”

Ronaldinho Teteco: “Boa pergunta, Vagner. Recentemente, ano passado, a gente teve roubo de cargas aqui. Eu tive Ipatinga com o comandante lá, o Major Denilson, tratando desse assunto. Eu, com a minha vice, a doutora Elaine Gomes, e a gente obteve êxito. Nosso projeto é, na entrada, principalmente ali do Chapada, colocar um portal de segurança, unificando Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o SAMU, para dar uma atenção especial e fortalecer o patrulhamento na zona rural. Porque a gente sabe que, muitas vezes, o cidadão que mora na zona rural está à mercê da bandidagem. Então, a gente precisa aumentar esses efetivos, principalmente nessas entradas em torno de Itabira. Investir mais em segurança pública é fazer esse trabalho. 

Colocar mais recursos na Secretaria de Segurança Pública que será criada. Nós vamos cortar algumas secretarias para a gente criar essa Secretaria de Segurança Pública, com especialistas na área de segurança pública”.

Fernando Silva: “Candidato, levantamento do Atlas da Violência, divulgado em junho deste ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Itabira aparece em terceiro lugar entre as cidades com mais homicídios em Minas Gerais por 100 mil habitantes. Quais as propostas para reduzir o índice de criminalidade na cidade?”

Ronaldinho Teteco: “Aquilo que eu falei no início, Fernando. Investir em uma educação de qualidade, investir nas nossas crianças, nos nossos jovens, porque a gente sabe que o tempo ocioso é propício às coisas ruins. A gente precisa de uma escola de qualificação, investir em mais tecnologia de ponta, questão das câmaras de segurança, não só na área urbana, também na área rural, principalmente nos distritos.

A região do Ribeirão São José, que é a estrada que liga Nova Era, a gente precisa realmente investir em segurança pública e dessa forma que a gente vai criar a Secretaria de Segurança Pública com a Guarda Municipal  – e a Guarda Municipal vai fazer o trabalho nas escolas, para que a PM possa trabalhar nas ruas. E aumentar os recursos para a segurança pública, porque o Estado deixou a Polícia Militar em abandono.

A gente sabe hoje que já aposentaram-se vários PMs aqui na nossa cidade e não foram colocados outros à disposição de Itabira, por isso que aumentou essa criminalidade. E a gente não pode esquecer do presídio, que a gente tem que ter o olhar especial para voltar o presídio para Itabira, mas para não depender somente do presídio, a gente precisa investir nisso.

Iluminação pública, uma educação de qualidade, saúde, esporte, lazer. E principalmente hoje, não podemos esquecer que a nossa prioridade é a criação da Guarda Municipal e a Secretaria de Segurança Pública. E essa bandeira da segurança pública, ela é do Executivo, do Legislativo e de toda a nossa Itabira.”

PERGUNTAS LIVRES

Fernando Silva: “Candidato Teteco, o senhor já se candidatou a vereador em duas oportunidades. No entanto, agora só dá um salto triplo e, surpreendentemente, candidata-se a prefeito. Eu pergunto: essa sua chapa, ela existe mesmo ou ela sobrevive apenas no campo das ideias? Seria uma chapa platônica? Ela é real ou ela é uma peça de ficção? Vou mais além ainda. Essa candidatura do senhor tem poder de competitividade ou está a serviço de algum outro grupo político distinto do seu?” 

Ronaldinho Teteco: “Primeiro, se eu não fosse candidato, eu não estaria aqui. Então, eu acho que tudo na vida tem um propósito. Às vezes, Deus coloca algo mais importante no nosso caminho, um desafio. Talvez é porque eu não ganhei vereador, porque Deus está reservando a cadeira de prefeito para mim. Isso não importa. Tem muitos prefeitos aí que não foram nem vereadores e ganharam como prefeito. O que nos falta é oportunidade. Assim como o Pablo Marçal lá em São Paulo não tem tempo de rádio, nós não temos tempo de TV nem rádio. O que eu tenho é a oportunidade de usar esse mecanismo de sabatino para chegar até a população.

Nosso partido não tem verba partidária, como os outros. Eu sou contra a verba partidária, porque você tira dinheiro da saúde, tira dinheiro da educação para investir na política. Então, o que a gente tem é a ajuda das pessoas. E meu nome foi colocado à apreciação da população, porque as pessoas acreditam no meu trabalho. Eu tenho 28 anos de vida pública. Não precisa a pessoa ser um vereador ou um prefeito para disputar uma eleição. Basta que a pessoa seja um cidadão brasileiro com título de eleitor em dias. Então, eu aceitei esse desafio, porque tem muitas pessoas, principalmente o pessoal mais sofrido na área rural, produtor rural, as pessoas humildes dos bairros, de periferia, que acreditam e me conhecem ao longo dos anos. Por isso que eu aceitei esse desafio. 

É um desafio grande, mas para quem tem Deus e tem sabedoria, discernimento, a gente pode chegar lá sim. E a candidatura nossa é sólida. Só que nós não temos a verba partidária que muitos aí têm, e nem tem muitos empresários investindo na nossa candidatura, como tem na dos outros. Então, é salutar a sua pergunta. Mas pode olhar, desde quando entrei em estagiário na prefeitura, no governo do LI, a trajetória é minha.

Não é porque eu não ganhei como vereador que eu não possa ser o prefeito de Itabira. Então, se assim Deus permitir o povo de Itabira escolher Ronaldinho Teteco, prefeito de Itabira 28, assim eu serei. Inclusive, há rumores por aí, igual o senhor falou, que tem candidato bancando a nossa candidatura. A nossa candidatura é uma campanha simples, de pé no chão. Eu tenho uma vice que ela também veio, assim como eu, veio do povo. Nós nunca tivemos em Itabira um candidato que veio do povo. Todos aí ou foram médicos ou foram empresários. E não como nós hoje. Então, a minha vice é a doutora Elaine, advogada e pastora, qualificada. E junto nós seremos vitoriosos com fé em Deus”.

Foto: DeFato Online no YouTube

Vagner Ferreira: “Candidato, no tema desenvolvimento econômico, o senhor falou em relação à cobrar da mineradora Vale que se realize alguns investimentos na cidade e que ajude também a enfrentar os problemas causados pela mineração que todos nós sofremos aqui no dia a dia. A pergunta que eu lhe faço é a seguinte: Todo candidato, enquanto candidato, fala que vai chegar na cadeira e vai cobrar da mineradora. Quando eleito, o discurso muda. Na maioria das vezes, o político fala, temos que ser parceiros da Vale. Afinal de contas, o senhor pretende cobrar da Vale somente enquanto candidato ou pretende cobrar da Vale também, caso seja eleito prefeito?” 

Ronaldinho Teteco: “Ô Wagner, essa pergunta é excelente. Porque a gente sabe, se você pôr na balança, todos já tiveram oportunidade. Seja como vereador, seja como prefeito. E muitos falaram e não fizeram. O que eu peço à população de Itabira é oportunidade de ser o prefeito da cidade. É o prefeito que realmente vai olhar de igual para a população e cobrar da Vale. Com certeza nós vamos cobrar, Wagner. Porque o que eu preciso é só essa oportunidade, porque os outros já tiveram. 

Então, aquilo que eu falei, tem que pensar bem, voltar ao passado, viver o presente que nós estamos vivendo hoje, ou pensar no futuro próximo para Itabira. E o futuro próximo para Itabira é com Ronaldinho Teteco e a doutora Elaine de vice. E a Vale, você pode ter certeza que a gente vai cobrar e vai cobrar duro. Porque eu tenho pessoas ligadas à diretoria da Vale. Às vezes a Vale deixa de investir muito no município porque não tem projeto sério para a cidade. 

O que a gente quer, você pode ter certeza. Se eu for eleito prefeito, com dois anos, eu vou voltar aqui. E, Fernando, eu vou ter a honra de fazer essa sabatina com você, Fernando, para você falar assim: “Realmente me surpreendeu. É um rapaz que veio aí de bairro, de periferia, chegar onde chegou e transformou a cidade realmente em uma cidade educadora, com diversificação econômica, de qualidade, segurança”. Você pode ter certeza disso. 

E a Vale não é” bicho papão” não. O que precisa realmente é cobrar e cobrar com respeito, com diálogo. A gente sabe que tem muita coisa, principalmente lá dentro da Vale, ali no Cauê, tem uma água boa de qualidade. Por que ninguém até hoje cobrou? Tem uma mega represa lá dentro. Por que ninguém até hoje cobrou aquilo que você falou: Quando é candidato é uma coisa, quando vira prefeito é outra. Mas o dedo da mão não é igual. Então, o que eu preciso é de oportunidade para mostrar para Itabira que eu posso fazer muito mais com a cidade.

Como diz o saudoso Luiz Menezes, eu sou itabirano duas vezes, de coração e de nascimento. O que eu preciso é oportunidade. Eu sou servidor de carreira, os outros vão passar e eu vou ficar. A responsabilidade minha é maior que a de qualquer outro concorrente, porque faltam sete anos para eu me aposentar. Então, eu preciso deixar um legado para minha cidade. O meu pai, a herança que ele deixou para mim foi o nome dele. Não foi dinheiro, não foi nada. Se eu fosse olhar aquilo que você falou no início, Fernando, se eu fosse olhar a sede, eu já teria desistido da candidatura. Poucos acreditaram que eu sairia e iria ser candidato.

Então, hoje eu estou aqui com fé e humildade, pedindo às pessoas o voto de casa em casa. Não temos dinheiro de campanha, mas nós temos honra e orgulho de ser itabirano e querer o melhor para a minha cidade. E você pode ter certeza, se eu for prefeito, Itabira tem muito a ganhar com isso”.