Em setembro chega a primavera acompanhada do La Niña
A tendência é temperaturas abaixo da média nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
Setembro chega trazendo, além da primavera, o La Niña, que poderá afetar com efeitos variados diversas regiões do Brasil.
Os efeitos são opostos ao El Niño, provocando o resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial, alterando as temperaturas, as chuvas e também a estiagem em diferentes regiões do país.
Modelos climáticos que coletam informações na atmosfera, dão aos meteorologistas a ideia de um período maior para verificar a ocorrência do La Niña, ou seja, o trimestre entre setembro e novembro.
Para o pesquisador do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais (Cempa), baseado na Universidade Federal de Goiás (UFG), Angel Domínguez Chovert, o impacto deve chegar um pouco depois de setembro. “Há uma inércia para chegar, porque primeiro muda a característica do mar. Essa mudança da temperatura na superfície altera a circulação atmosférica e é assim que chega ao Brasil o impacto do que ocorre na superfície do Pacífico”.
O meteorologista e consultor climático Francisco de Assis Diniz descreve os traços que caracterizam o La Niña:
“Ele causa chuva em excesso nas regiões Norte e Nordeste, entre o Centro e o Norte do país, e causa ausência de chuva na região Sul, na Argentina e no Paraguai. Dependendo da época do ano, se for no período de inverno, ele facilita o avanço das massas de ar frio pelo Brasil, causando aquelas ondas de frio”.
Chovert não acredita que o La Niña deste ano possa ser mais forte que anos anteriores.
“Na região Sudeste, espera-se temperaturas um pouco abaixo da média. E um período quente no país como um todo. Vamos esperar que as temperaturas no Centro-Oeste e no Sudeste fiquem um pouco abaixo da média, a chuva aumente no Norte e Nordeste, e a precipitação fique dentro do esperado para a região Sul”.
Medições mais recentes indicaram um resfriamento de 0,3 graus Celsius nas águas superficiais do Pacífico Equatorial em relação à média climatológica de 1991-2020.
Para considerar a variação La Niña, a redução precisa ser de menos 0,5 graus Celsius, o oposto do El Niño, que tem que variar o mesmo percentual para cima.
Climatologistas e meteorologistas acreditam que, como a variação não atingiu o parâmetro que caracteriza os dois efeitos climáticos, La Niña e El Niño, estamos passando por um período de neutralidade, que pode amenizar o efeito La Niña deste ano e início do próximo.
Uma das prováveis causas para um La Niña moderado são as ilhas de calor nos oceanos, que contribui para a redução das temperaturas superficiais no Pacífico Equatorial. Acredita-se que o aquecimento global seja o responsável por esse desequilíbrio.
Diniz disse que os modelos indicavam a chegada do La Niña para o meio do ano, o que não ocorreu. “Os oceanos continuam muito quentes e não deixam o La Niña se prolongar”.
Chovert ressalta que o fenômeno deve perder força já no primeiro trimestre de 2025 e, possivelmente so segundo trimestre ou mesmo no fim do primeiro “passamos novamente a uma fase de neutralidade”.