“Era um transporte bem amador”, diz delegado da Polícia Civil sobre acidente em Monlevade
Motorista do veículo prestou depoimentos sobre o caso nesta segunda-feira
Mais uma etapa das investigações sobre o acidente na Ponte Torta, em João Monlevade, na última sexta-feira (4), foi realizada. Nesta segunda-feira (7), foram ouvidos pela delegacia de Polícia Civil do município a filha do casal responsável pela Localima, que alugou o ônibus utilizado na viagem, e o motorista do ônibus.
Acompanhada por outro representante da empresa, a mulher não conseguiu passar muitos detalhes sobre o caso. Ela argumentou que não se envolve com os trâmites da Localima e chegou a ter um mal estar durante o depoimento, sendo liberada posteriormente. Já o motorista, de 47 anos, falou durante mais de três horas sob forte abalo emocional, de acordo com os investigadores.
Ele afirmou que uma falha nos freios foi a causa do acidente, algo que, segundo os policiais, condiz com outros depoimentos. O homem foi liberado e voltará a dar esclarecimentos nas próximas semanas. O profissional ainda disse que fugiu do local após a queda por ter ficado com medo.
Em uma coletiva realizada durante a tarde, o delegado da Polícia Civil de João Monlevade, Paulo Tavares, ponderou que o motorista, natural da Bahia, não se esquivou das respostas e colaborou “da melhor forma possível”.
Também presente na coletiva, a delegada Ana Paula Locatelli reforçou que não houve nenhuma incoerência durante o questionamento. Ela ainda diz que o estado emocional de todos os envolvidos pode influenciar nas investigações.
“A princípio, o depoimento dele esclareceu alguns fatos e não teve nenhuma incoerência. A gente tem que considerar que todas as pessoas ouvidas são provas subjetivas, que dependem um pouco do estado emocional em que se encontram. Portanto, só com as oitivas das vítimas, testemunhas e do próprio motorista que a gente vai conseguindo montar toda a história”, ressaltou.
Durante a coletiva, ainda foi revelado que em certo momento da viagem o ônibus precisou ser parado para que fosse resolvido um problema mecânico. Porém, o incidente, segundo a Polícia Civil, não teve relação com a queda de mais de 30 metros da ponte.
Transporte amador
Paulo Tavares afirmou que, baseado em algumas informações coletadas até o momento, pode-se dizer que o ônibus envolvido na trágica viagem era um transporte “amador”.
“Pelas informações que nos chegaram, era um transporte bem amador. Se não fosse, ele estaria em uma empresa de ônibus comercial que faz o trecho normal, e não é o caso. Até pela diferença de preço entre uma passagem e outra, essas informações que os senhores já sabem, (pode-se notar) houve algum problema no ônibus. Não estou falando da parte mecânica, mas da parte documental”, explica.
O delegado também revelou que existe uma liminar, do estado de Alagoas, concedendo à JS Turismo uma autorização para que ela fizesse o transporte. Documentos que serão checados futuramente também provam que a Localima teria alugado o ônibus para a JS. Ambas as empresas são do estado alagoano.
Por fim, Paulo salientou que espera terminar o inquérito o mais rápido possível e que todas as testemunhas sobreviventes devem ser ouvidas.
“Pretendemos ouvir todas as testemunhas possíveis. Foram ouvidas 10 pessoas, incluindo motorista e representante da Localima. Essas 10 estão formalizadas, mas existem depoimentos informais de pessoas que não têm condições de prestar depoimento”, afirma.
A expectativa agora é de que seja ouvida a família que administra a Localima, já na semana que vem. A perícia do veículo também deve ser realizada, para que seja constatado se havia ou não falhas mecânicas no ônibus.