“Essa alma da poesia, essa cidade está no mapa da literatura mundial”, afirma Seu Jorge após encerramento do Festival de Inverno de Itabira

Em entrevista, o artista abordou a sua relação com a cidade e Drummond, além de falar da série “Irmandade”, sucesso na Netflix

“Essa alma da poesia, essa cidade está no mapa da literatura mundial”, afirma Seu Jorge após encerramento do Festival de Inverno de Itabira
Foto: Gustavo Linhares/DeFato
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O multiartista Seu Jorge foi o responsável pelo show de encerramento do 50º Festival de Inverno de Itabira, na noite do último domingo (21), e arrastou um grande público para a Praça do Areão. Após a apresentação, o músico e ator conversou com o portal DeFato e abordou a sua relação com a cidade — onde se apresentou pela primeira vez em 2011 — e com o poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade, a sua apresentação no evento e sobre a série “Irmandade”, sucesso da Netflix no qual é um dos protagonistas e que deve ganhar um filme em breve.

Em 2011, Seu Jorge subiu ao palco do Parque de Exposições Virgílio José Gazire dentre da programação da Exposição Agropecuária e Industrial de Itabira (Expoita). Na ocasião, ele recitou para o público o poema “Confidência do Itabirano”, de Carlos Drummond de Andrade. Passados 13 anos desse momento, o artista relembrou um pouco sobre a icônica apresentação.

“Itabira foi minha descoberta em 2011, mas eu sempre soube que o Carlos Drummond é um poeta daqui, nascido aqui, e que tinha feito um poema para a cidade. Naquele momento [em 2011], eu queria reviver esse poema para a cidade, como uma forma homenagem, uma forma carinhosa de deixar isso na sua memória. Eu vejo que essa impressão ficou aqui e fico muito feliz, mas é uma impressão já percebida pelo povo daqui, porque é de propriedade essa alma da poesia, essa cidade está no mapa da literatura mundial”, lembrou Seu Jorge.

“Então isso é muito importante, tem muito respeito por esse berço, por essa terra, por o quanto ela representa e o quanto o povo daqui se faz orgulhoso de ser representado por uma cidade onde tem uma veia da literatura, uma literatura consagrada através de Carlos Drummond”, completou.

"Essa alma da poesia, essa cidade está no mapa da literatura mundial", afirma Seu Jorge após encerramento do Festival de Inverno de Itabira
Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Sobre o show de encerramento no 50º Festival de Inverno de Itabira, Seu Jorge destacou que só foi entender a importância da sua apresentação nessa edição depois que subiu ao palco da Praça do Areão. “Eu, pra ser muito honesto, eu tomo conhecimento desses 20 dias de festival quando chego aqui [em Itabira]. Eu vim completamente concentrado para me apresentar em Itabira e não vim com a cabeça voltada realmente pra edição [de 50 anos do festival]. Eu vim com uma saudade grande de reviver aquilo que, em 2011, eu vivi aqui”, contou.

Ele continuou: “Eu podia ter vindo direto pra cá, mas eu fui pra BH e dei uma descansada. Quando deu a hora, acordei cedo e vim essa tarde [de domingo]. Aí que eu me toquei que teve com muitos artistas, muita coisa acontecendo. Aí eu cheguei aqui neste espaço [backstage do show] e não vi a quantidade de gente que tinha, e não me toquei que era um encerramento. Achei até que tinha outras coisas acontecendo, não presto muita atenção. Mas eu fiquei honrado com a troca, com a recepção. Depois, no meio do show, eu percebi que eu era o último [artista a se apresentar], então me toquei que eu posso tocar duas horas e meia: ‘que massa, vou largar o pau aqui, não tem mais ninguém’ [risadas] O som estava bom, estava uma delícia — obrigado Itabira”.

“Estou muito feliz, gente, obrigado demais, muito honradão. Agora que a ficha caiu da importância desse evento, 50 anos, 50 edições ininterruptas, mesmo com todas as diversidades possíveis, parabéns, vocês são demais”, acrescentou.

"Essa alma da poesia, essa cidade está no mapa da literatura mundial", afirma Seu Jorge após encerramento do Festival de Inverno de Itabira
Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Sucesso da “telinha” para a “telona”

Para além dos palcos, Seu Jorge é conhecido também pelo seu trabalho no audiovisual (quem não se lembra do Mané Galinha no clássico “Cidade de Deus”?). Em 2019, ao lado da atriz Naruna Costa, o artista entrou para o elenco da série “Irmandade”, criada por Pedro Morelli e produzida pela plataforma de streaming Netflix.

A produção se tornou um grande sucesso de público e crítica, com duas temporadas já lançadas e uma grande expectativa quanto a sua sequência. Seu Jorge também comentou sobre o futuro de “Irmandade”. “Na verdade não é uma [terceira] temporada, assim, eu acho que é um filme mesmo, vai ser ‘Irmandade – O Filme’. Eu estou esperando bastante intensidade, porque as duas primeiras [temporadas] não foram brincadeira. Tudo aquilo que o espectador viu do Edinho sofrendo, eu senti aquilo na pele. Foi uma imersão bastante profunda. O cinema é maravilhoso porque cada projeto te dá uma especialização que você não perde nunca mais”, disse.

Seu Jorge aproveitou para comentar um pouco sobre a experiência com as duas temporadas já lançadas sobre a série, inclusive sobre o tempo em que ficou dentro de um presídio para gravar as principais cenas da produção. “Na primeira temporada tivemos a possibilidade de experimentar, trabalhar dentro do sistema prisional. Eu aprendi bastante ali, nas três semanas que ficamos no presídio de Quatro Barras, no Paraná, muito sobre as condições e a situação da população carcerária. Inclusive eu costumo brincar que no período que tivemos lá eu vivi um regime semifechado, porque eu chegava às 7h da manhã e ficava até às 7h da noite, aí depois era liberado”, relembra.

“Eu e toda a equipe vivemos a rotina da instituição, então, regras muito claras, muito escuras, muito estabelecidas, e tivemos o apoio da própria população carcerária que em entendiam, naquele momento, que era até uma certa forma de alento a nossa intervenção ali, usando o pátio e tudo, e aguçando a curiosidade das pessoas que não sabem como é feito um filme, não sabem o processo”, completou.

Assista no vídeo abaixo a entrevista com o Seu Jorge: