Estudante da Unifei Itabira viraliza ao falar sobre a solidão da mulher negra em vídeo
O vídeo postado com o título “A solidão da mulher negra” conquistou em 1 hora mais de mil visualizações
Em meio às discussões latentes sobre o racismo no mundo inteiro, a estudante da Unifei de Itabira, Isabella Carolina, de 22 anos, decidiu compartilhar a sua história com internautas do Instagram e acabou sendo surpreendida com a grande repercussão do seu depoimento.
O vídeo postado com o título “A solidão da mulher negra”, publicado pela estudante de Engenharia de Materiais, conquistou em 1 hora mais de mil visualizações. Hoje, a produção tem mais de 10 mil acessos e cerca de 340 comentários. Assim, o vídeo de Isa trouxe para o debate relatos de situações em que mulheres negras são vítimas de preconceito, sendo muitas vezes desconsideradas e desrespeitadas por quem está ao seu lado.
Produção
Além do tema, Isa também apresenta de forma bem despojada um passo a passo de como hidratar o cabelo crespo, dá dicas de produtos e mostra como seu black ficou após o processo.
“Eu decidi fazer o vídeo sem muita pretensão e porque estava com raiva dos meus últimos relacionamentos relativizavam as minhas discussões sobre o racismo. Tive o apoio da minha cabeleireira, que me indicou produtos específicos para o cabelo crespo, além de muitos amigos que falaram para eu fazer o vídeo”, afirma a estudante.
Entenda: A solidão tem cor: o sofrimento das mulheres negras no Brasil
Isa conta que normalmente quando propõe uma conversa sobre racismo e preconceitos, muitas vezes não é ouvida. Segundo ela, dizer o que sente era motivo para ser julgada. “O pior preconceito é do próprio preto, falavam para mim”. Por isso, a estudante soltou o verbo, ganhando reconhecimento e representatividade.
“Esse assunto da solidão da mulher negra me incomoda muito porque eu não o conhecia até o início deste ano. E quando descobri, eu entendi porque não conseguia levar nenhum relacionamento a diante. Muitas mulheres se identificaram comigo e começaram a encaminhar relatos, dizendo que também passam por isso. Lendo-as, me emocionei bastante e fico feliz de poder ajudá-las”, disse Isa.
Representação
A representatividade da jovem fez com que fosse convidada para participar de lives sobre o tema, além de ser citada em outras produções sobre a luta antirracista. “Eu gravei o vídeo extremamente com raiva, editei no meu celular e postei. Então não imaginava que iria chegar nesse ponto. Fiquei muito assustada! Agora pedem para que eu grave mais vídeos. Estou achando incrível”, relata.
Um dos pontos importantes destacados pela estudante neste cenário de representação é como o poder de ajudar as pessoas é gratificante. “É um assunto que poucas pessoas observam e eu mesma não prestava muita atenção. Um movimento muito interessante que tenho notado é o de mulheres e homens brancos agradecendo pelo conteúdo e dizendo que querem continuar aprendendo comigo”, conta a estudante.
Além do vídeo sobre a solidão da mulher negra, Isa também gravou um vídeo contando como a política afirmativa do sistema de cotas foi determinante para o seu futuro profissional. A produção já alcançou mais de 2 mil pessoas, com mais de 100 comentário. “Eu postei uma foto com a legenda ‘Carta aberta de pedido de desculpas ao meu corpo’. A foto tem mais de 3 mil curtidas! Quero continuar nesse movimento porque acredito que a minha história é muito bonita e pode ser compartilhada com muitas mulheres como eu. Assim, elas vão se identificar e também ganhar voz”, argumenta a jovem.
História
Nascida em Belo Horizonte, Isa estudou edificações no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), onde integrou a primeira turma de cotistas da instituição. “Eu lembro que no meu Ensino Fundamental aprendi a fazer casas em perspectivas e fiquei apaixonada! Muita pessoas falavam para mim que deveria ser engenheira. Então, eu passei e na minha turma eu era a mais escura, mesmo não sendo uma negra retinta”, recorda. Veja mais sobre: