Facção evangélica é alvo de megaoperação policial em BH e outras oito cidades brasileiras

O Terceiro Comando Puro (TCP) surgiu em 2002, formado por alguns integrantes que deixaram o Terceiro Comando

Facção evangélica é alvo de megaoperação policial em BH e outras oito cidades brasileiras
(Foto: Eric Bezerra/MPMG)

O Terceiro Comando Puro (TCP), facção evangélica do Rio de Janeiro com atuação na comunidade do Cabana do Pai Tomás, na região Oeste de Belo Horizonte, foi alvo de uma megaoperação nesta quarta-feira (27) na capital mineira e em outras oito cidades do Brasil, além de Contagem, na Grande BH. Foram cumpridos 106 mandados de prisão, de busca e apreensão pessoal e domiciliar, além de ordens judiciais de sequestro de bens imóveis, veículos e valores, e de suspensão de atividades de empresas.

A operação foi deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com a polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal de Minas.

A operação nomeada como Êxodo ocorreu nas cidades de Belo Horizonte, Contagem, Rio de Janeiro (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Praia Grande (SP), Ribeirão Preto (SP), São Bernardo do Campo (SP), Paranaíba (MS), Sinop (MT) e Britânia (GO). A organização criminosa, vinculada ao Terceiro Comando Puro instalada na região do Cabana do Pai Tomás, em BH, segundo a investigação, atuava no tráfico de drogas, no comércio ilegal de armas de fogo e na lavagem de capitais. A facção também explorava, conforme a apuração, atividades lícitas, como internet e gás.

Um dos fornecedores de drogas à facção criminosa Terceiro Comando Puro foi preso em São Bernardo do Campo. Três alvos da operação são considerados foragidos. A ação apreendeu 188 tabletes de maconha, um fuzil 556, oito pistolas em MG, duas pistolas no RJ, dois revólveres 38, um veículo em SP, um veículo em MT, celulares e 1.589 munições (54 de 380, 888 de .40, 405 de 9mm, 78 de 38 e 164 calibre 12).

Investigações

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, a lavagem de dinheiro do grupo criminoso ocorria por meio de pessoas físicas sem envolvimento com a criminalidade, mas que emprestam suas contas bancárias para a o trânsito dos valores da organização, e de pessoas jurídicas, criadas exclusivamente para ocultar essas quantias. “Essas pessoas jurídicas não possuem funcionários e não declaram tributos, o que levou as instituições de segurança de Minas a identificá-las como sendo fictícias, criadas com a finalidade de lavar capitais oriundos do narcotráfico”, relatou o órgão.

As ordens judiciais de sequestro totalizam cerca de R$ 345 milhões em contas bancárias, aplicações financeiras, títulos de capitalização, cadernetas de poupança, investimentos, ações e cotas de capital dos investigados e suas pessoas jurídicas.

O que é o TCP

O Terceiro Comando Puro (TCP) surgiu em 2002, formado por alguns integrantes que deixaram o Terceiro Comando, facção extinta após ter os líderes assassinados durante uma revolta no presídio Bangu-1 liderada por Fernandinho Beira-Mar.

A organização criminosa costuma demonstrar intolerância religiosa com fés de matriz africana, além de pregar doutrinas evangélicas, com os chefes do tráfico sendo praticantes do cristianismo.