Filme de ficção? Laboratório americano ressuscita lobo extinto há dez mil anos

As diferenças entre o lobo-cinzento e o lobo-terrível foram detectadas nesse processo

Filme de ficção? Laboratório americano ressuscita lobo extinto há dez mil anos
Foto: Reprodução/Rádio BandNews FM

O laboratório norte-americano Colossal Biosciences anunciou na segunda-feira (7), a “ressuscitação” de um lobo extinto há mais de dez mil anos.

Na plataforma X, um vídeo mostra os uivos de dois filhotes que se supõe serem do lobo-terrível (Aenocyon dirus), de pelagem branca e que habitou as Américas, com parentesco distante do lobo-cinzento (canis lupus), que habita as regiões geladas do Hemisfério Norte, especialmente o Canadá e a Rússia.

Por meio do material genético do lobo-cinzento e coleta de células progenitoras endoteliais (a camada que reveste o interior dos vasos sanguíneos) elas (as células) foram usadas como base para o trabalho de modificar os genes.

A extração genética, que guarda características de um ser vivo e as instruções para o organismo funcionar vieram de duas fontes: um dente de 13 mil anos encontrado em Ohio e um pedaço de crânio de 72 mil anos escavado em Idaho, ambos nos Estados Unidos, permitindo o sequenciamento do gene do lobo-terrível.

As diferenças entre o lobo-cinzento e o lobo-terrível foram detectadas nesse processo, a partir do qual se pôde conheceras características específicas das espécies, como tamanho, peso, cor da pelagem e formato das orelhas.

Por meio de técnicas avançadas como o Crispr, os cientistas fizeram 20 edições em 14 genes, de forma que eles ficassem de acordo com o DNA do lobo-terrível e não mais do lobo-cinzento, revelando suas características, como pelo branco, maior porte, ombros abertos, cabeça mais larga, pernas mais musculosas e vocalizações típicas da espécie, marcadas por uivos e choramingos.

Com a edição e sequenciamento dos genes finalizada, os cientistas transferiram o núcleo dessa célula (onde fica guardado do DNA) para um óvulo, que, por sua vez foi cultivado em um embrião, que foi implantado numa cadela doméstica, que teve uma gestação normal e, ao fim do período, nasceram os filhotes do lobo-terrível.

Os filhotes vieram ao mundo no primeiro dia de outubro de 2024 e receberam os nomes de Rômulo e Remo, em alusão à mitologia romana dos irmãos gêmeos amamentados por uma loba que supostamente fundaram Roma.

O terceiro filhote, uma fêmea, nasceu em janeiro deste ano e ganhou o nome de Khaleesi, uma homenagem a Daenerys Targaryen, personagem  da série Game of Thrones, onde os lobos têm destaque na trama.

Os três filhotes são mantidos numa grande reserva privada nos Estados Unidos, sem localização revelada para a proteção dos animais e sem previsão de que sejam soltos na natureza ou cruzem para novas gerações.

A Colossal Biosciences justifica os experimentos como uma ferramenta para lidar com a extinção em massa de espécies como ocorre atualmente, relacionadas às mudanças climáticas e à ação humana.

O Centro para Diversidade Biológica calcula que 30% da diversidade genética do planeta será perdida até 2050 por causa desses efeitos da natureza e dos humanos.

Além de lobos, o laboratório também faz pesquisas para ressuscitar o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), o dodô (Raphus cucullatus) e o lobo-da-tasmânia (Thilacynus cynocephalus).

* Fonte: G1