Greve de policiais é responsabilidade do governador Zema, afirma Kalil
Apesar das críticas ao governador, o prefeito fez um apelo para que o movimento dos policiais militares não afete o serviço prestado à população
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), criticou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), responsabilizando-o pela paralisação das forças de segurança do Estado. Kalil é pré-candidato ao governo de Minas e deve concorrer com Zema, que vai tentar a reeleição.
“O problema da revolta não é a greve, é a mentira. Eu concordo com o governador. Se não tem dinheiro, não pague, porque não tem dinheiro. E principalmente: não prometa. Não pode prometer”, afirmou Kalil. “Quem provocou essa confusão foi o governo (Zema) que prometeu 40%. Não foi a polícia nem as forças de segurança”.
As afirmações foram feitas em entrevista coletiva, durante visita a obras de construção de reservatórios, para evitar inundações, na região de Venda Nova. Kalil, no entanto, enfrenta um movimento semelhante desde a quinta-feira (24), quando a guarda municipal de Belo Horizonte decidiu fazer uma “operação padrão” por reajuste de salários.
Apesar das críticas ao governador, o prefeito fez um apelo para que o movimento dos policiais militares não afete o serviço prestado à população. “Podem protestar. Podem fazer tudo. Mas é importante para nós, cidadãos de Belo Horizonte, que tenhamos a nossa segurança, principalmente durante o Carnaval”, afirmou Kalil.
Na sexta-feira (25), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou que policiais civis e penais do Estado, duas das dez categorias das forças de segurança em greve, voltem ao trabalho. A desembargadora Maria das Graças Silva Albergaria apontou a “inadmissibilidade do exercício do direito de greve de todos os servidores que atuam diretamente na área de segurança pública”. A multa em caso de descumprimento é de R$ 100 mil por dia, limitada a R$ 10 milhões.
Acordo não cumprido
Em 2019, Zema fechou acordo com as diversas categorias de profissionais da segurança pública para conceder recomposição salarial em três parcelas: 13% em 2020, 12% em 2021 e 12%, em 2022. Às vésperas do segundo pagamento, porém, o governador vetou as duas últimas parcelas, que agora são cobradas por grevistas.
Na quinta-feira, Zema anunciou que enviaria projeto de lei à Assembleia Legislativa, prevendo recomposição de 10% para todo o funcionalismo, inclusive aposentados e inativos.
A proposta, porém, é rechaçada pelas forças de segurança, que querem o porcentual prometido. A categoria fez novo protesto nesta sexta-feira na Cidade Administrativa, sede do governo estadual e onde está instalado o gabinete de Zema. O protesto teve a adesão da bancada da bala na Assembleia.