Grupos voluntários de resgate são a primeira resposta às vítimas de tragédias
Sevor, GRVE, Gave e os Bombeiros Voluntários do Prata, são algumas das equipes presentes no local da tragédia em João Monlevade
A BR-381 foi palco de mais um trágico acidente na tarde de ontem (4). Dezenas de pessoas perderam a vida e outras ficaram feridas. No entanto, a tragédia poderia ser maior se não fosse a atuação dos grupos de resgate, em sua maioria voluntários.
O Sevor, de João Monlevade; GRVE, de Barão de Cocais, Gave, de Nova Era; e os Bombeiros do Prata são algumas das equipes que compareceram ao local acidente.
Um dos serviços de maior importância, sem dúvidas, é o do bombeiro. Profissão que vem se ampliando cada vez mais, devido às necessidades e demandas. O que implica também no aumento das responsabilidades.
Porém, o que talvez muitas pessoas não saibam é que, de acordo com o Censo 2020, no Brasil existem mais de 5.565 municípios. Entretanto, menos de mil deles possuem um pelotão do Corpo de Bombeiros Militar. O que reforça o trabalho dos grupos voluntários de resgate.
O Serviço Voluntário de Resgate (Sevor) é uma das equipes que há anos trabalha pelo bem do próximo. Com mais de 20 anos de estrada, o Sevor surgiu a partir de um grupo de escoteiros. Mas, após dois anos de criação passou a atuar de forma independente.
“É um desafio que eu encaro como um dom. Não é um trabalho fácil. Exige muito do nosso psicológico. Mas quando você acredita em Deus e encara o trabalho como uma missão, tudo flui melhor. Até porque, não há nada mais gratificante que ajudar o próximo”, relatou o socorrista, secretário e coordenador administrativo do Sevor, Renato Carvalho
Ao longo de todos esses anos, a Sevor ganhou a confiança das pessoas. “Hoje a nossa equipe tem uma sede, 11 viaturas – sendo seis ambulâncias, equipamentos adequados, treinamentos. E tudo isso construído com o apoio da comunidade”, destacou Renato.
Atuando há 14 anos, os Bombeiros Voluntários de São Domingos do Prata também vem desenvolvendo um trabalho digno de respeito. O diretor presidente da equipe, Bráulio Perdigão, falou do sentimento que fica.
“Imagino que o sentimento de todos da minha equipe é algo inexplicável, poder ajudar as pessoas, muitas das vezes desconhecidas é uma honra e não há dinheiro que pague. Vou citar por exemplo a ocorrência do ônibus que caiu do viaduto. Recebi relatos da minha equipe que no momento em que as ambulâncias retornavam do hospital para o local da tragédia. Os moradores da região estavam nas portas de suas casas entregando e oferecendo super litros de água gelada. Esse carinho é o que nos motiva”, contou.
Trabalho (des) Valorizado
Assim como Sevor e o Bombeiros do Prata, o Grupo de Resgate Voluntário de Barão de Cocais (GRVE) também desempenha um trabalho admirável, não só em Barão, mas no estado.
O grupo atua desde 2008 e atualmente conta com 48 voluntários. Referência, o grupo foi o primeiro a comparecer à cidade de Mariana, durante o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, conforme explica o presidente do GRVE , Ueliton Rodrigues.
Apesar de salvar vidas e atuar como voluntários, às vezes, os membros do grupo também recebem críticas e “são desmerecidos”.
“Não é que a gente queira reconhecimento, gostaria de deixar isso claro. Mas, na maioria das situações, o nosso trabalho, o papel que desempenhamos, passa despercebido pela grande mídia. O trabalho do Bombeiro Militar é lindo e reconhecemos isso. Mas não custa nada lembrar que formamos uma equipe e que há outros envolvidos”, desabafou.
O apontamento do Ueliton também foi reforçado pelo presidente do Grupo de Atendimento Voluntário de Emergência de Nova Era (GAVE), Hildebrando Gonçalves da Cruz. Segundo ele, mesmo com mais de 14 anos de estrada, o grupo, que conta com 36 socorristas, ainda sente que os voluntários são esquecidos.
“Nós voluntários buscamos o respeito do Governo de Minas. Na maioria das vezes, somos os primeiros a chegar no local, a primeira resposta às vítimas. A primeira esperança. Porém, os últimos a serem lembrados”, contou Hildebrando.
Os representantes do Sevor e Bombeiros do Prata, falaram ainda da dificuldade em conseguir recursos financeiros para aquisição de equipamentos. Ambos pontuaram que talvez a realidade fosse diferente, caso tivessem o apoio do estado.
Tragédia em Monlevade
Durante a tragédia envolvendo o ônibus que vinha de Alagoas com destino a São Paulo, o serviço voluntário foi essencial. A equipe do Sevor atuou com 27 voluntários em campo, três na central para repor material e cinco no hospital, sendo uma delas uma médica do Sevor.
A equipe do GRVE precisou se dividir para atender demandas de Barão de Cocais, pois no mesmo momento aconteceu uma colisão de veículos na cidade. Entretanto, compareceu com uma ambulância.
Os Bombeiros Voluntários de São Domingos do Prata compareceram com oito voluntários da equipe e três ambulâncias. E a equipe do Gave esteve presente com duas ambulâncias,