Princesas aventureiras – Frozen 2

Frozen: Uma Aventura Congelante foi um sucesso estrondoso de bilheteria (US$ 1,2 bilhão no mundo todo, ou cerca de R$ 4,8 bilhões). Com um resultado desses, estava fadado a ter uma continuação, certo? Não de acordo com seus diretores. “Achávamos que tínhamos feito algo especial, mas fomos arrebatados pela recepção ao filme”, disse Jennifer Lee, […]

Princesas aventureiras – Frozen 2
Frozen 2 chega no Espaço Cinemax Itabira nesta quinta-feira (2)

Frozen: Uma Aventura Congelante foi um sucesso estrondoso de bilheteria (US$ 1,2 bilhão no mundo todo, ou cerca de R$ 4,8 bilhões). Com um resultado desses, estava fadado a ter uma continuação, certo? Não de acordo com seus diretores. “Achávamos que tínhamos feito algo especial, mas fomos arrebatados pela recepção ao filme”, disse Jennifer Lee, codiretora com Chris Buck, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em Los Angeles.

Foram encontros com os fãs que colocaram na cabeça de Lee, Buck e do produtor Peter Del Vecho que havia mais história para contar. “O interessante é que não tínhamos planos para uma sequência”, afirmou Lee, que, além de diretora, agora também é chefe de criação dos estúdios de animação Disney, no lugar de John Lasseter, afastado após acusações de assédio sexual. Mas nas viagens de divulgação da produção original, uma pergunta sempre aparecia: “Como Elsa conseguiu seus poderes?”. E assim nasceu Frozen 2, que estreia nesta quinta, 2, no Brasil e certamente vai ultrapassar a bilheteria do primeiro – até agora, arrecadou os mesmos US$ 1,2 bilhão nos países onde estreou.

O que os cineastas descobriram é que fazer uma sequência, especialmente de um filme tão adorado, não é tão fácil assim. “Queríamos que nossos personagens crescessem, seu mundo se ampliasse, que as canções fossem mais desenvolvidas. Que, enfim, tudo amadurecesse”, disse Chris Buck. A produção chega seis anos depois de Frozen – Uma Aventura Congelante, mas, na trama, apenas três se passaram.

Depois que Elsa (voz original de Idina Menzel) assume seus poderes e torna-se rainha, reconciliando-se com sua irmã Anna (voz na versão em inglês de Kristen Bell), elas vivem felizes para sempre em Arendelle. “Mas será que existe tal coisa?”, perguntou Jennifer Lee. “Com o trono vem a responsabilidade.” Elsa ouve um chamado e resiste em princípio. É a hora da famosa música “eu quero”, que existe em todos os musicais da Disney e serve para a protagonista afirmar seu real desejo – aqui, no caso, é Into the Unknown, ou Minha Intuição, na versão em português, que promete virar tão grude quanto Let it Go.

Os compositores são os mesmos do primeiro filme, Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, que criaram sete novas músicas. “Elsa está questionando seu lugar no mundo e se esse é seu verdadeiro papel”, explicou o chefe de criação da história Normand Lemay. Elsa parte para descobrir sua identidade, seguida por Anna e toda a trupe – inclusive um Olaf, que agora sabe ler. Elas vão confrontar o passado da família ao visitar uma floresta encantada e encarar perigos em um oceano revolto, conhecendo novos personagens como Gale, o espírito do vento, os Gigantes de Pedra e Nokk, um espírito das águas que toma a forma de cavalo.

Para a equipe de artistas e técnicos que cria cada casa e tijolo, cada árvore e folha, cada animal, cada pessoa e cada objeto numa animação, fazer Frozen 2 foi como reencontrar velhos amigos. “Trabalhamos anos em um filme e depois temos de dizer adeus aos personagens, o que é bem triste”, disse Becky Bresee, chefe de animação. Mas, apesar de em teoria o mundo de Arendelle já existir, houve muito trabalho para as centenas de pessoas envolvidas em Frozen 2.

A paisagem gelada, branca e neutra dá lugar ao outono de amarelos, vermelhos e marrons, o que provocou mudanças na vila, no castelo e até na paleta de cores dos vestidos de Elsa e Anna – isto é, quando elas usam vestidos. “Como vão seguir em uma aventura além do castelo de Arendelle, elas usam calças”, disse Griselda Sastrawinata-Lemay, artista visual.

Parte da equipe fez uma viagem à Noruega, Finlândia e Islândia em 2016 para pesquisar elementos da cultura nórdica. “Visitamos uma floresta na Finlândia em que realmente tínhamos a impressão de estar num cenário de conto de fadas e deu para entender perfeitamente de onde vêm as histórias sobre espíritos e magia”, disse Marc Smith, diretor de história (o que corresponde ao roteiro em uma animação). “Já na Islândia, tudo era muito dramático, preto ou branco.

É muito mítico”, completou Smith. Logo, eles viram que Anna acredita no conto de fadas e que haverá um final feliz. Elsa está próxima do mito, que em geral envolve poderes especiais, carregar o mundo em suas costas e muitas vezes um destino trágico. “São visões de mundo opostas, e isso nos serviu como guia para Elsa e Anna”, disse Smith. Mas há uma reversão dos papéis: enquanto Anna era a destemida no primeiro filme, agora ela não quer perder o que conquistou, ou seja, sua irmã e uma família. E Elsa, que vivia escondida, está sendo chamada a enfrentar o desconhecido. “Continua sendo uma história de amor versus medo”, disse Jennifer Lee.

A viagem à Escandinávia influenciou quase tudo em Frozen 2, das formas das árvores e arbustos da floresta à presença do povo lapão na história. Os espíritos do vento e da água também vêm daí e representaram os maiores desafios para os artistas e técnicos. “Como desenhar o vento?” foi a primeira pergunta na cabeça do diretor de arte de personagens Bill Schwab.

Folhas, gravetos e poeira ajudaram a dar forma ao ar. No caso de Nokk, a questão foi “como fazer um cavalo de água que aparece embaixo e acima do oceano?”. A equipe estudou os movimentos dos cavalos, suas crinas e rabos. O mar revolto que Elsa encara, em si, era uma tarefa e tanto, com espuma, ondas altas, bolhas e plataformas de gelo criadas pela magia da heroína. Por conta de tudo isso, a ordem de desenvolvimento das cenas numa animação – criação de personagens, animação, efeitos especiais – sofreu uma revolução em Frozen 2. Muitas vezes, as equipes de todas as áreas tiveram de trabalhar juntas para que as dificuldades impostas pela história pudessem ser atingidos. O resultado é um deslumbre visual. O difícil vai ser tirar Into the Unknown da cabeça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.