Ícone da MPB, Elza Soares transformou a angústia em música

Cantora faleceu nesta quinta-feira, aos 91 anos

Ícone da MPB, Elza Soares transformou a angústia em música
Foto: Reprodução

Esta quinta-feira (20) trouxe uma notícia triste aos brasileiros. Aos 91 anos, morreu, por causas naturais, a cantora Elza Soares. A icônica sambista faleceu exatamente na mesma data da morte do seu mais célebre ex-companheiro, o jogador Garrincha, vítima de uma cirrose em 1983. Para além do tão intenso quanto problemático relacionamento com o craque das pernas tortas, Elza Soares se notabilizou por transformar a angústia em música e seguir conectada com o que há de novo, mesmo com o passar dos anos.

Samba, rock, música eletrônica e outras vertentes musicais estiveram presentes na trajetória musical de Elza. Mesmo na estrada desde 1960, a artista continuou bastante relevante com o passar das décadas, tanto que foi eleita pela Rádio BBC de Londres, em 1999, como a cantora brasileira do milênio. Em 2015, lançou o aclamado álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, considerado pelo Pitchfork, um dos sites musicais mais importantes do mundo, o melhor novo álbum daquele ano.

Em suas composições, Elza Soares falava sobre diversos temas que continuam bastante atuais, como a violência contra a mulher, racismo, sexo, entre outros. Muitas das composições retratavam experiências traumáticas da própria cantora.

Casamento com Garrincha

Sua história com Garrincha começou em 1962, na Copa do Mundo disputada no Chile e vencida pelo Brasil, com Garrincha como um dos protagonistas. Mas o romance só veio a público em 1963. À época, Elza Soares foi acusada de “destruir” o casamento do ex-ponta do Botafogo, que era casado quando a conheceu.

O relacionamento de ambos, que duraria 16 anos, foi marcado por muitas polêmicas. Garrincha era alcoólatra, o que fazia com que, segundo a própria Elza, ele se tornasse outra pessoa quando embriagado. O histórico jogador chegou a agredir fisicamente a companheira algumas vezes, por conta do vício.

O fim do casamento, que ainda passou por outros transtornos, ocorreu em 1982. Um ano depois, Garrincha faleceu, vítima da cirrose. Mesmo com todos os problemas, Elza Soares sentiu muito a sua partida, pois o considerava como o grande amor da sua vida. Do relacionamento entre ambos, nasceu Manoel Francisco, apelidado de “Garrinchinha”, morto em um acidente em 1986, aos nove anos.