Inclusão: Colégio Didi Andrade inaugura seu próprio jardim sensorial

Projeto foi pensado em 2021 e desenvolvido por alunos e professores da instituição de ensino

Inclusão: Colégio Didi Andrade inaugura seu próprio jardim sensorial
Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Uma das instituições de ensino mais “criativas” e premiadas de Itabira, o Colégio Municipal Didi Andrade apresentou, neste sábado (16), o seu jardim sensorial, fruto de um trabalho de iniciação científica. Encabeçado pela professora de ciências Maria Cleire, o projeto teve envolvimento direto de professores, alunos, ex-alunos e até voluntários.

O jardim sensorial é um espaço caracterizado por estimular todos os sentidos humanos, sendo fundamental, principalmente, para portadores de deficiências, como a visual. Trabalhadores do colégio estimam que ele possui, atualmente, mais de 30 alunos com alguma necessidade especial. Ao fim da matéria, você confere uma galeria de fotos da inauguração.

À reportagem da DeFato, Maria Cleire conta que o projeto só foi possível graças à verba de outro trabalho premiado do Didi Andrade, ocorrido há três anos.

“Nós só pudemos montar este jardim, que não é barato, porque tínhamos uma verba que ganhamos na premiação de um trabalho de iniciação científica anterior, de 2020. Faz parte da proposta pedagógica da escola, isso traz empoderamento ao aluno. Você vai ver que alguns alunos sabem tanto ou mais do que eu”.

Coordenador de Ensino Religioso no colégio e atual servidor da Secretaria de Educação, William Marcos era diretor do Didi Andrade quando a ação começou a ser idealizada. O profissional explica que o jardim sensorial faz parte da filosofia do grupo de ensino em estimular novos projetos e se atentar às minorias.

“Eu estava como diretor em 2021, estávamos em pleno período de pandemia, com alunos isolados e aulas on-line. Precisávamos desenvolver ações que humanizassem os processos, a gente estava muito distante, todo mundo muito mexido com a pandemia. Então começamos uma série de projetos na escola, o que é algo tradicional no Didi Andrade. Essa preocupação em trabalhar o conhecimento por meio dos projetos e tentar sempre lançar o olhar para os grupos minoritários”, inicia.

“Neste momento de isolamento, percebemos que os alunos da educação especial, que estão em grande número na escola, precisavam dessa atenção. E aí a Maria Cleire veio, nos procurou e falou da ideia do jardim sensorial, que era uma forma de interação, sobretudo, com esses grupos. Porque você trabalha com sentidos e essa relação com os elementos naturais. A gente não tinha recursos disponíveis à época. Estamos agora em 2023, e de lá para cá foi necessário que houvesse a grande persistência da professora Maria Cleire para que se chegasse ao ponto de hoje”, completa William.

Atuante na sala de recursos do Didi Andrade – espaço no qual são desenvolvidas atividades voltadas a alunos especiais -, a professora Elaine Lopes enfatiza que o jardim é um reforço neste cuidado com o grupo.

“Quando tem algum aluno que está mais agitado ou sensibilizado na sala, geralmente uso a frase: ‘respira, acalma e me escuta’. Agora, o jardim virou esse espaço de respirar, acalmar e, em vez de escutar a professora, vai escutar a natureza. E eles já pedem: ‘professora, vamos lá no jardim um pouquinho para a gente se acalmar?’. Então conseguimos ressignificar este espaço e estou muito feliz. O jardim agora é uma extensão da sala de recursos”.

Envolvimento direto

Ex-estudante do colégio, Beatriz Costa fez parte do Didi Andrade de 2017 a 2022. Neste período, participou ativamente da concepção do jardim sensorial. Deficiente visual, ela sentiu uma emoção única no evento deste sábado.

“É muito gratificante saber que existem pessoas que se importam com esta causa. Porque para a maioria não vai fazer diferença, pois eles nunca sabem como vai ser, nunca se colocaram no nosso lugar. Então, para mim, principalmente por ter deficiência visual, acho muito importante pessoas que se importam e querem ajudar a causa”.

Hoje no 9º ano, o estudante Yuri Olimpio começou a se envolver com o projeto quando ele ainda estava no papel. Além de celebrar sua concretização, o adolescente analisou a veia criativa do Colégio Didi Andrade.

“É uma sensação de calmaria mesmo. É muito gratificante ver o projeto que construímos está aí para as pessoas aproveitarem e utilizarem da melhor forma possível. O Didi Andrade geralmente está trazendo esses projetos que mudam nosso cotidiano, que é sempre chegar na sala, sentar e estudar. E agora tem essa ampliação da nossa área de convívio, em que podemos ir e aproveitar a escola ainda mais”.

Jardim Sensorial - Didi Andrade