Inteligência Artificial: será que estamos esquecendo como pensar?
No Direito essa super produção de conteúdo e informação tem gerado preocupações
Não é surpresa para ninguém que na internet encontramos todas as respostas, até mesmo para perguntas nunca feitas. As gerações atuais já não sabem bem o que é abrir uma enciclopédia — não confundir com Wikipédia — e procurar sobre um assunto.
Fato é que a tecnologia e sua capacidade de armazenamento de dados nos levou a perda de grande parte da capacidade de memorização, afinal, para que decorar o número de UM contato se tenho em mãos um aparelho capaz de memorizar MIL?
Pois bem, um pouco preocupante notar a nossa dependência da tecnologia, no que diz respeito a capacidade de lembrar, pensar — e aqui cabe perfeitamente a frase do renomado filósofo e matemático René Decartes: “Penso, logo existo”. Essa menção demonstra que a nossa capacidade de pensar está diretamente relacionada a nossa existência, o que é ainda mais preocupante nos dias de hoje.
E então, estamos deixando de existir?…
Viver é lembrar, mas nossas lembranças estão limitadas a uma galeria com fotos que talvez nunca mais serão revistas ou vasculhadas entre caixas e poeiras como antes. Limitadas a um HD com imenso espaço que, quando utilizado, nos dá a sensação de que estamos guardando as “memórias”, quando na realidade estamos esquecendo o significado disso.
Como se não fosse o bastante, a preocupação da maioria, está fixada em não deixar de existir nas redes sociais, pois ficar um dia, uma semana, ou um mês sem postar pode ser que “esqueçam” de sua existência. Paradoxal? Sim. Desesperador? Também.
No Direito essa super produção de conteúdo e informação tem gerado preocupações que vão desde a responsabilidade das publicações em redes sociais até o direito ao esquecimento, passando pela regulação dos provedores, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), marco civil da internet e até mesmo a substituição dos advogados, juízes, promotores, defensores e demais serventuários por inteligências artificiais.
O que não podemos perder é a capacidade crítica que nos torna humanos. Pois se é o pensar que nos faz existir, o que será de nós se deixarmos de pensar e aceitar todas as respostas prontas que o ChatGPT nos oferece?