Ipatinga: Fundação São Francisco Xavier oferece orientações de saúde às vítimas das enchentes

O médico infectologista Pedro Henrique Mendes alerta sobre os riscos à saúde decorrentes do contato com as águas das enchentes e a lama

Ipatinga: Fundação São Francisco Xavier oferece orientações de saúde às vítimas das enchentes
Foto: Reprodução/Redes sociais

No último fim de semana, a cidade de Ipatinga foi tragicamente devastada pela força das chuvas. O município, que se viu submerso pela água e pela lama, enfrentou cenas de destruição inimagináveis. Casas foram arrastadas, comércios destruídos e, lamentavelmente, vidas foram perdidas. A Fundação São Francisco Xavier (FSFX), em nota enviada à imprensa, se solidarizou com os familiares das vítimas e deu dicas de saúde para enfrentar o momento.

A FSFX se juntou aos Voluntários em Ação da Usiminas para ajudar as famílias afetadas pelas fortes chuvas. A campanha de doação recebe itens essenciais como água potável, produtos de higiene pessoal e materiais de limpeza. O ponto de arrecadação na FSFX está localizado na recepção principal da Unidade I do Hospital Márcio Cunha (antiga roda verde).

Além dos pontos de arrecadação da Fundação São Francisco Xavier, há pontos de coleta nas portarias 1 e 2 da Usiminas (Cariru e Centro respectivamente), no Centro Cultural Usiminas e na Consul do bairro Bom Retiro. A contribuição de todos é fundamental para levar alívio às famílias que enfrentam este momento de dificuldade.

Em meio à devastação, a preocupação com a saúde da população torna-se ainda mais urgente. O médico infectologista da FSFX, Dr. Pedro Henrique Mendes, alerta sobre os riscos à saúde decorrentes do contato com as águas das enchentes e a lama, que, além de causarem danos materiais, também são responsáveis pela disseminação de doenças graves.

Com o aumento do nível das águas durante o período chuvoso, especialmente após grandes enchentes, é comum que a água das enxurradas transporte uma série de micro-organismos contaminantes. Entre as doenças mais prevalentes estão a leptospirose, hepatite A, doenças diarreicas e até o tétano. Esses problemas de saúde são transmitidos pelo contato com águas e lama contaminadas, deixando a população extremamente vulnerável.

Em situações de catástrofe como essa, as pessoas que atuam como socorristas e voluntários, assim como aqueles que permanecem por um longo período em contato com as águas contaminadas e a lama, devem estar especialmente atentas a esses riscos.

Por isso, é fundamental tomar certos cuidados durante a limpeza e estar atento aos sintomas que podem surgir. De acordo com o médico da FSFX, a lama que invade as residências é também um fator de risco, pois transporta micro-organismos e sujeira que podem provocar infecções. “É recomendável que a limpeza do ambiente seja realizada de forma cuidadosa e precoce. O uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e botas, é imprescindível para evitar o contato direto com a lama. A aplicação de água sanitária na limpeza, na proporção de duas xícaras para cada 20 litros de água, ajuda a reduzir a presença de bactérias contaminantes, tornando o ambiente mais seguro”, orienta Pedro Mendes.

Um ponto de alerta destacado pelo infectologista é a leptospirose, uma infecção bacteriana transmitida principalmente pelo contato com águas contaminadas pela urina de roedores. “Ela pode se manifestar por meio de febre, dor muscular intensa (especialmente nas panturrilhas), dor nas articulações, dor de cabeça, náuseas, vômitos e diarreia. Portanto, é fundamental estar atento aos sintomas para evitar complicações graves”, destaca.

Além da leptospirose, outra doença que pode surgir durante esses períodos é a hepatite A, contraída pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Os sintomas incluem febre, icterícia (amarelamento das escleras dos olhos), dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. A água, em situações de catástrofes como esta, pode se contaminar devido ao rompimento das redes de distribuição. O consumo de água não tratada, portanto, é um risco à saúde. “Evitar o consumo de água diretamente das torneiras é fundamental. O ideal é optar por água filtrada ou fervida, sempre que possível, para evitar contaminações. A recomendação é que a população fique atenta, especialmente em períodos de enchentes, quando a qualidade da água é comprometida”, orienta o médico.

Neste momento difícil para Ipatinga, o apoio à população vai além da solidariedade emocional. A prevenção e o cuidado com a saúde são cruciais para minimizar os impactos das doenças pós-enchentes. A colaboração da comunidade, aliada às orientações dos profissionais de saúde, é a chave para a recuperação da cidade e para a retomada da esperança.

* Com informações da FSFX.