Itabirana que trabalhou com Marielle Franco pinta tela em homenagem à vereadora assassinada

A tela ficará exposta na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) por cerca de duas semanas, sendo usada como fundo para a entrega da medalha que leva o nome da parlamentar

Itabirana que trabalhou com Marielle Franco pinta tela em homenagem à vereadora assassinada
Tela foi pintada em uma noite pela artista plástica itabirana Pâmella Couto – Divulgação
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A artista plástica e professora itabirana Pâmella Couto Di Alencar, 30 anos, pintou uma tela em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 de março, no Rio de Janeiro, quando voltava de um evento no centro do Rio de Janeiro. As duas trabalharam juntas na campanha do deputado Marcelo Freixo (PSOL) à Prefeitura do Rio, em 2012.

Pâmella morou por 15 anos no Rio de Janeiro e se envolveu com grupos sociais. Segundo ela, a obra foi motivada por algo maior do que simplesmente fazer uma pintura, mas para amenizar a dor sentida pela ausência da vereadora e eternizar o legado deixado por ela. O resultado foi uma tela de 1,60m por 1,50m.

Com duas formações em artes plásticas e graduação em pintura, a itabirana estava morando na França, mas veio ao Brasil por causa de uma exposição que tinha e para dar entrada em seu visto de estudante na França. Sua vinda ao país coincidiu com o assassinato da vereadora. Ela estava em Itabira quando recebeu a notícia da tragédia. “Eu tive um verdadeiro colapso mental. Fiquei sabendo pela minha mãe, pois ela sabe que eu sou apaixonada pelo PSOL e fiz campanha, conheço muita gente no partido e, inclusive, trabalhei com a Marielle”, disse.

A artista contou que chorou muito, teve início de síndrome do pânico e sentiu medo extremo. Com apenas quatro cores de tintas à disposição naquele momento (preto, amarelo, vermelho, azul) e sem material de trabalho em Itabira, ela resolveu homenagear Marielle para aliviar tudo o que sentia. “Foi inacreditável, sem palavras, meu sentimento era uma dor absurda, como todo mundo que era próximo à Marielle”. Em apenas uma noite extravasou os sentimentos e pintou a tela, seguindo para o Rio de Janeiro no dia seguinte.

Legado

A tela ficará exposta na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) por cerca de duas semanas, sendo usada como fundo para a entrega da medalha Marielle Franco. Depois, a obra será enviada para uma cerimônia na Câmara Municipal de Niterói, quando ficará exposta por pequeno período. O destino final será o Museu da Maré, complexo na Zona Norte do estado, onde a vereadora nasceu e foi criada.

Para Pâmella, o maior legado que Marielle Franco deixou foi a força, união e representatividade da mulher, sobretudo a negra. “Ela era muito forte, muito, muito forte, ia chegar à Presidência do Brasil fácil. O legado que ela deixou é que não calava a boca para ninguém. A Marielle não aceitava que nenhum homem mandasse ela ser menor, porque ela não era, ela não aceitava”, declarou.

Para a itabirana, a política foi eleita para representar a voz da mulher brasileira. Marielle foi a 5ª mulher mais votada no Rio de Janeiro.