Jovem que sofreu quatro transplantes é zombada por alunas de medicina do Instituto do Coração em São Paulo

A postagem feita no dia 17 de fevereiro foi visualizada por pouco mais de 212 mil pessoas

Jovem que sofreu quatro transplantes é zombada por alunas de medicina do Instituto do Coração em São Paulo
Foto: @bristekjegor/Freepik

A paciente de 26 anos encontrava-se  internada no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Portadora de insuficiência renal faleceu no dia 28 de fevereiro após passar por quatro transplantes.

Nove dias antes de sua morte, em vídeo postado na plataforma TikTok, duas estudantes de medicina mencionam os três transplantes cardíacos da jovem e indicam quando foram feitos, na infância, adolescência e início da maioridade.

A  postagem  feita no dia 17 de fevereiro foi visualizada por pouco mais de 212 mil pessoas, embora sem menção do nome de qual paciente se tratava, ficou o registro do diálogo entre ambas.

“Um transplante cardíaco já é burocrático, já é raro, tem a questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas. Agora, uma pessoa passar por um transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no Incor e essa paciente está internada aqui”, afirmou Thaís.

A personagem a que a estudante se referiu foi reconhecida por um amigo   que enviou a mensagem de texto à família da amiga internada, no último dia 3, conforme relato a  irmã da paciente, que assim como sua mãe,  ficaram bastante revoltadas com o fato, e decidiram registrar um boletim de ocorrência e acionaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP), além do Incor.

Em nota encaminhada à reportagem do Metrópoles na tarde desta terça-feira (8), o Incor afirmou “não divulgar dados dos pacientes” e que “repudia com veemência atitudes que violem os princípios da ética e confiabilidade” e que “apura com rigor o caso mencionado e promete  “adoção das medidas cabíveis”.

Durante a conversa em vídeo, as estudantes sugerem que a sequência de procedimentos a que a internada foi submetida foi devido a negligência no uso dos medicamentos, informação desmentida pela família.

Uma das estudantes   dá detalhes sobre os  procedimentos a que a paciente  foi submetida. “A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou e teve que transplantar de novo , por um erro dela. Agora ela transplantou de novo, o corpo aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”.

Em seguida  faz um comentário: “Essa menina tá achando que tem sete vidas”.

As estudantes se entreolham e uma delas diz: “Estou em choque. Simplesmente uma pessoa que já passou três vezes por transplante, recebeu três corações diferentes, pra quem não é da medicina, resumindo, é isso…e tá com problema ainda. Espero que fique tudo bem com ela, que agora ela realmente tome as medicações e faça o tratamento correto”.

Nove dias depois, a paciente  não resistiu e faleceu devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica, após o terceiro transplante de coração e dois anos após um transplante de rim, órgão que ficou comprometido durante o tratamento cardíaco.

A mãe da jovem afirmou ao Metrópoles que as falas das estudantes são mentirosas.

“O que elas dizem é inverídico e temos provas de tudo, que ela seguia o tratamento à risca”.

“A gente sempre a acompanhou. A gente sabia o quanto ela queria viver, né? Tanto é que tem um monte de ofício na Promotoria da gente pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir ao tratamento. Ela nunca faltou a uma consulta sequer, né? E minha filha tinha sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero justiça”.

A família  quer que as estudantes se retratem publicamente, da mesma forma que expuseram e debocharam da paciente. Nem as alunas nem a defesa delas foram encontradas pelo Metrópoles.

* Fonte: Metrópoles