Kamala Trump ou Donald Harris?

Esses atores principais são bastante distintos na percepção do eleitorado da América. Já no picadeiro internacional, os dois são farinhas de um mesmo saco

Kamala Trump ou Donald Harris?
Foto: Banco de Imagens
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Nesta terça-feira (5), a aldeia global mira os Estados Unidos. Até eventual civilização mais evoluída da galáxia estaria de olho. E não sem motivos. Os EUA são donos de 5.500 ogivas nucleares — o segundo maior aparato bélico deste asteroide. Perdem apenas para a Rússia. O bizarro Vladimir Putin coleciona 6.257 equipamentos atômicos. O arsenal norte-americano, como se vê, tem potencial para despachar a humanidade para a casa do “carajo”. Essa parafernália pode colocar “the end” na aventura (ou desventura) humana nestas paragens. E pior. Uma sucessão de explosões desta magnitude é capaz de interferir nas estruturas físicas do sistema solar. Esse detalhe justificaria a preocupação dos alienígenas, caso eles haja.

E aqui vem a perturbadora pergunta em forma de pulga atrás da orelha: e se o governo ianque cair nas mãos de um psicopata como Adolf Hitler? Vamos aumentar ainda mais a carga de horror.  Imagine uma réplica do ugandense Idi Amin Dada no comando do telefone vermelho da “Casa Branca”. Tudo isso é possível. Afinal, o estadunidense, às vezes, tem aversão ao senso crítico. Desse modo, a arrogância endêmica e natural onisciência elevam os riscos de um precoce fim dos tempos à enésima potência.

Mas, qual a real importância da eleição presidencial dos EUA para o planeta? A resposta é simples: nenhuma. E cá para nós.  Existe alguma diferença pragmática entre Kamala Harris e Donald Trump? Para o público interno, sim. Esses atores principais são bastante distintos na percepção do eleitorado da América. Já no picadeiro internacional, os dois são farinhas de um mesmo saco. Por isso, aqui se fala Donald Harris e Kamala Trump. Não muda muita coisa.

Uma ilustração para essa retórica se tornar mais cristalina. A cartilha imperialista explicita a inexpressividade de outros povos para os americanos. Essa verdade está escancarada nas palavras de ordem dos mandatários “puritanos”: “America First”. Cabe uma tradução desta expressão para o plebeísmo. “Nós é nós (sic), o resto é merda”.  A retórica é padrão nos discursos históricos dos mais diversos homens públicos dos “States”. A frase já escapuliu das bocas de George Washington, Abraham Lincoln, Franklin Delano Roosevelt, John Kennedy, Barack Obama e, principalmente, Donald Trump. “America First”. A bússola de todos esses atores é extremamente nacionalista: “nós é nós (sic), o resto é bagulho”.

Os Estados Unidos têm uma missão peculiar na paisagem transnacional: meter o bedelho em assuntos internos de outras nações, quando uma circunstância qualquer for de encontro aos seus interesses econômicos. Logo, os sobrinhos de Tio Sam são os grandes responsáveis pelo delicado desequilíbrio na geopolítica. Um exemplo bem emblemático deste quadro: o incondicional apoio ao genocídio perpetrado pelo judeu Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza. Não se iluda. Os norte-americanos ( e sabe-se lá o porquê) apostam todas as fichas no aumento da tensão no Oriente Médio. Lógico, como sempre, há interesses escamoteados no tabuleiro.  Então, repito a pergunta que insiste não se manter em silêncio. Qual o real impacto do pleito estadunidense na vida dos outros habitantes da Terra? Nenhum.  Tanto faz triunfo de Kamala ou vitória de Donald.  Permanece tudo como dantes na diplomacia mundial. Mesmo porque, a democrata e o republicano já memorizaram a manjada ideologia unilateral: “America First”.

E só para acabar com essa conversa para boi dormir.  O Brasil e outros nanicos da periferia não têm peso algum nas estratégias de Trump e Harris.  É constrangedor!  A nossa vergonhosa subserviência e humilhante complexo de vira-lata chamam a atenção nesse cenário tosco.  Para os mandachuvas lá de cima, a América Latina é latrina e o Brasil não passa de imenso bananal.  A “irrelevância” deste país tropical é muito nítida nesse contexto.  Donald Trump jamais se interessou em visitar a exótica pátria tupiniquim.  Joe Biden nunca deus as caras nessas bandas. Enfim, os candidatos a chefe do Executivo dos Estados Unidos não estão nem aí para os (des) prezados brasileiros.  Eles nem sabem o que são Neymar e Vini Jr.  Pindorama e nada são as mesmas coisas para essa gente.  A constrangedora observação vale também para os “crioulos” argentinos, por motivos óbvios.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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