Liga dos blocos de Itabira busca institucionalização para fortalecer a organização do Carnaval nos próximos anos

O movimento também pretende conscientizar o Legislativo municipal sobre a necessidade de aprovar uma lei que oficialize a Liga e reconheça a diversidade dos blocos

Liga dos blocos de Itabira busca institucionalização para fortalecer a organização do Carnaval nos próximos anos
Foto: Giovanna Victoria/DeFato

A liga dos blocos de Carnaval de Itabira surgiu de maneira espontânea, a partir da união de grupos como “Filhos de Nandy”, “E Agora Môfi?”, “Sambalaio”, “Altamente”, “Calangodum” e “Cemitério”. Com o passar dos anos e a intensa participação no pré-Carnaval e no Carnaval oficial da cidade, o coletivo busca agora sua institucionalização para facilitar o diálogo com o poder público, captar recursos e obter infraestrutura adequada para o movimento, além de mantê-lo como uma iniciativa permanente, possivelmente por meio de uma lei municipal.

Para Joaquim Olegário, atuante no “Bloco Cemitério”, a ideia de unir forças partiu da necessidade de garantir uma participação mais ativa dos blocos na organização dos eventos. “Uma coisa é a Fundação Cultural como realizadora do pré-Carnaval ou do Carnaval; outra coisa é quem realmente traz a essência artística e dinâmica da festa. Ter essa voz ativa se faz muito necessário para discutir orçamento, processos de organização, curadoria e outros aspectos fundamentais”, afirma.

Lucas Lage reforça que a liga já existe de maneira informal, mas sua regulamentação traria mais força para reivindicar melhorias.

“O que falta é institucionalizar a Liga para que possamos dialogar de forma mais eficaz com a gestão pública e captar recursos suficientes para financiar o Carnaval sem precisar improvisar cada detalhe”, pontua.

União e identidade cultural

Além dos eventos durante o período de Carnaval, a liga demonstra sua união permanente. No último dia 8 de março, os membros se reuniram para organizar o “Se Liga na Saidera”, que aconteceu no Espaço Ayres e contou com o apoio da cervejaria, marcando o encerramento da folia neste ano. Para Anna Drummond e Wesley Braga, integrantes do “E Agora Môfi?”, o evento celebrou a mobilização e união independente das pessoas que assumem o papel principal do Carnaval na cidade: “Foi muito legal, todo mundo conhecendo e trocando conhecimento, tanto na bateria quanto nas informações que a gente tem e compartilha”, comentam.

Ingrid Martins, faz parte do “Calangodum” e relata que, antes de participar dos desfiles, não sabia da existência dos blocos. “Não havia uma divulgação eficiente. Fui descobrir quando entrei na bateria da UNIFEI [Universidade Federal de Itajubá – Campus Itabira]. A Liga pode ajudar a ampliar esse alcance e atrair mais pessoas para o movimento”, explica.

Nouara Monteiro é agente cultural em Itabira e integra grande parte dos blocos. Para ela, essa união forma a essência da festa protagonizada por eles. “É uma questão de construção de identidade quando a gente se une enquanto liga. Qual é a cara do Carnaval? É quem está ali fazendo a festa; então, são os blocos, o ano todo”, destaca.

A preparação pré-Carnaval

Outro ponto levantado pelos organizadores é a falta de apoio para a preparação do evento. Atualmente, os editais da Prefeitura contemplam apenas os dias de festividade, deixando de fora os meses de ensaios e organização dos blocos. “Fala-se muito do pré-Carnaval e do Carnaval em si, mas esquecem do trabalho preparatório que vai de setembro a janeiro. Precisamos de apoio para garantir espaços públicos para ensaios e infraestrutura mínima para esse período essencial”, argumenta Joaquim.

O movimento também pretende conscientizar o Legislativo municipal sobre a necessidade de aprovar uma lei que oficialize a Liga e reconheça a diversidade dos blocos, com base na Lei Federal 14.845/2024, que reconhece os blocos e bandas de Carnaval como manifestação da cultura nacional.