Lítio pode alavancar economias da América do Sul
Argentina, Chile e Bolívia possuem 60% das reservas de lítio do mundo. O Brasil também se coloca como um dos países produtores do mineral
O lítio utilizado na fabricação da baterias para carros elétricos e aparelhos eletrônicos como notebooks, smarthphones, e tem despertado o debate sobre o desenvolvimento tecnológico no mundo pela sua capacidade em reduzir a emissão de gases que produzem o efeito estufa, o que aumentado a demanda pelo mineral.
Especialistas ouvidos pelo site Poder360 acreditam que os esforços para reduzir a emissão de gases e a transição para um modelo mais sustentável de veículos podem alavancar, sim, as economias da América do Sul. O lítio, hoje, é tido como o “petróleo branco”, em referência à sua cor quando extraído.
O crescimento da demanda levou a necessidade do aumento da oferta, mas a extração depende do potencial econômico e da estrutura tecnológica dos países onde as reservas se localizam.
O Chile, tradicional exportador do cobre, é o único país que avançou para a extração nacional do lítio, criando uma empresa estatal para controlar a exploração do mineral. O governo será acionista majoritário da empresa, as a produção serão feitas em parceria com empresas estrangeiras privadas.
O Chile é hoje o segundo maior produtor de lítio, responsável por cerca de 30% da oferta mundial, perdendo somente para a Austrália.
Bolívia
Na Bolívia, o presidente Luís Arce, assinou em janeiro um contrato com o consórcio chinês CBC — formado por Contemporary Amperex Technology, Brunp e China Molybdenum Company — para a extração de lítio nos desertos de Salar de Coipasa e Salar de Uyuni.
O investimento será de US$ 1 bilhão, destinado à instalação de duas plantas industriais para a exploração do lítio. Cada planta será capaz de produzir 25 mil toneladas do mineral por ano.
A Bolívia tem a maior reserva de lítio do mundo, com 21 milhões de toneladas, mas não tem recursos e ferramentas para a sua exploração e ainda não definiu se isso será feito por empresas estrangeiras.
Brasil
O Brasil, por meio do governo de Minas Gerais, lançou em maio a iniciativa Vale do Lítio. A ideia é transformar as cidades do Norte e Nordeste mineiro num centro de produção desse mineral. Somente no Nordeste do Estado, segundo o governo Romeu Zema (Novo), reúne ao menos 45 jazidas de lítio, possibilitando aumentar em até 20 vezes a produção brasileira.
Panorama de mercado
Em 2022, o valor da tonelada do lítio para de US$ 14 mil para US$ 80 mil — atualmente está cotado em US$ 28 mil. A Agência Internacional de Energia (AIE) acredita que a demanda pelo mineral deve aumentar em até 40 vezes até 2040.
Estados Unidos e China procuram fechar contratos para monopolizar a extração. Em fevereiro deste ano, o líder democrata do Senado norte-americano, Chuck Schumer, pediu ao Congresso a aprovação urgente de um acordo com o Chile para eliminar a dupla tributação de empresas americanas e as barreiras fiscais entre os dois países. Schumer argumentou no plenário do Senado que o país não poderia permitir que a China conseguisse o minério.