Memória sobre o rompimento de barragem em Mariana tem que “alertar para o futuro de Itabira com a mineração”, diz Bernardo Rosa

O rompimento da barragem de Fundão, em 2015, causou a morte de 19 pessoas e derramou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos no Rio Doce

Memória sobre o rompimento de barragem em Mariana tem que “alertar para o futuro de Itabira com a mineração”, diz Bernardo Rosa
Foto: Guilherme Guerra/DeFato
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A memória dos 9 anos do rompimento da barragem da Samarco (Vale e BHP Billiton), em Mariana, foi colocada em pauta na reunião ordinária da Câmara Municipal de Itabira, realizada na tarde desta terça-feira (5). O assunto entrou em discussão após o vereador Bernardo Rosa (PSB) trazer a memória sobre o crime socioambiental que devastou a Bacia do Rio Doce, atingindo mais de 2,5 milhões de pessoas e contaminando cerca de 684 km de curso hídrico até os litorais capixaba e baiano.

Para comentar sobre o assunto, Bernardo Rosa lembrou que Itabira também é um município minerador, e por isso é primordial relembrar e repensar sobre o “monopólio econômico e financeiro” da mineradora Vale no município.

“Essa catástrofe que ocorreu em Mariana, e também em Brumadinho, tem que nos alertar para o futuro de Itabira com a mineração. Todas as vezes que nós nos lembrarmos do contexto de mineração, que nós possamos fazer também uma reflexão, para que a gente trabalhe com mais intensidade a diversificação do futuro de nossa cidade, para que isso não ocorra em Itabira e para a cidade também ter um respiro”, disse. 

O rompimento da barragem de Fundão, em 2015, causou a morte de 19 pessoas, derramou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos no Rio Doce e destruiu comunidades inteiras – sendo considerado o maior crime socioambiental da história do Brasil. Ainda sobre o tema, o vereador completou: “Que nós tenhamos Mariana e Brumadinho como exemplos para que nós não possamos errar em Itabira e que nós possamos cada vez mais cobrar o que é de direito de Itabira e dos Itabiranos”, finalizou.

Dia de memória e luta

Hoje (5), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promoveu um grande ato em Mariana, em memória dos 9 anos do rompimento da barragem da Samarco. Com o lema “Lutar e organizar para os direitos conquistar”, o MAB promoveu a ação “para garantir justiça e reparação integral a todos os atingidos e atingidas”.

A programação do evento começou às 9h com um ato simbólico em Bento Rodrigues, o vilarejo destruído pelo rompimento da barragem. Simultaneamente, ocorre uma plenária na Arena Mariana para discutir o novo acordo de reparação, recentemente assinado entre governos, mineradoras e instituições de Justiça. Nesta agenda, foram discutidos os termos do acordo e também formas de avançar no processo de reparação diante das insuficiências existentes.

Às 14h30, uma marcha tomou as ruas de Mariana com concentração no Centro de Convenções, na Avenida Getúlio Vargas, 110, Centro. Já no fim da tarde, ocorre o encerramento do ato na Praça Minas Gerais.

“Este ato acontece em um momento crucial para as comunidades atingidas, que enfrentam uma nova fase de lutas na Bacia do Rio Doce com a assinatura da repactuação. Um momento de fortalecer a luta para garantir avanços diante dos limites da proposta. Entre os pontos que demandam maior atenção estão as indenizações individuais insuficientes e a exclusão de áreas atingidas, como parte do litoral do Espírito Santo e o Sul da Bahia, que não foram reconhecidas no acordo”, diz o comunicado do MAB.