Memorial Brumadinho é inaugurado como símbolo de luta por justiça e homenagem às 272 vítimas
Espaço em memória das vítimas do rompimento da barragem da Vale é inaugurado no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Foi inaugurado neste sábado (25), no distrito de Córrego do Feijão, o Memorial Brumadinho, um espaço dedicado a manter viva a memória das 272 vidas perdidas no rompimento da barragem da Vale, há exatos seis anos. Idealizado como um lugar de denúncia, reflexão e justiça, o memorial também é uma homenagem ao sofrimento e à resiliência dos familiares das vítimas.
A obra nasceu de uma iniciativa da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum), com apoio do Ministério Público de Minas Gerais e do Governo do Estado. Contudo, seu verdadeiro significado transcende os papéis institucionais, sendo um marco para manter acesa a luta contra a impunidade.
Um espaço para memória e denúncia
O memorial abriga salas de exposição que narram a história das vítimas, as circunstâncias da tragédia e os impactos devastadores do rompimento. Também há um bosque com 272 ipês amarelos, representando cada vida perdida, e um espaço destinado à guarda digna de fragmentos recuperados durante as buscas.
A presidente da Avabrum, Nayara Porto, destacou que o memorial é mais do que um espaço de recordação. “Este lugar é um grito contra a negligência e a impunidade. Seguimos buscando justiça para nossos familiares e para que crimes como este jamais voltem a acontecer”, afirmou.
Para Fabiola Moulin, presidente da Fundação Memorial Brumadinho, o local carrega uma forte carga emocional. “O memorial simboliza o amor, a resiliência e a força de todos os familiares. É um espaço que denuncia e, ao mesmo tempo, preserva a história das vidas interrompidas,” disse ela durante a cerimônia de inauguração.
Seis anos de dor e luta por justiça
A tragédia-crime de 25 de janeiro de 2019 deixou marcas profundas não apenas em Brumadinho, mas em todo o Brasil. Seis anos após o desastre, as famílias das vítimas ainda aguardam por justiça, já que nenhum responsável foi condenado.
“Este lugar é um alerta e um pedido por justiça. Um dia de memória, mas também de indignação, porque quem causou este sofrimento segue impune,” ressaltou Nayara Porto.
O simbolismo dos espaços de memória
Além do Memorial Brumadinho, outras iniciativas buscam eternizar a memória das vítimas. Entre elas está o monumento Bruma Leve, inaugurado no ano passado na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. Composto por 272 perfis humanos, o monumento é um lembrete visível a cada um, reforçando que tragédias como a de Brumadinho não podem se repetir.
A luta das famílias e da comunidade atingida segue como uma ferida aberta, exigindo que a memória se torne um motor para a justiça e para impedir novos desastres ambientais. O Memorial Brumadinho não é apenas um tributo às vítimas, mas um marco de resistência e clamor por responsabilização.