Mesmo após exoneração de Amilson, vereadores prometem seguir investigações contra a Itaurb
Alguns dos parlamentares não querem que apuração “termine em pizza”
As recentes denúncias de corrupção envolvendo a Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb) devem seguir ganhando novos capítulos futuramente. Mesmo após a Prefeitura de Itabira anunciar, na noite de ontem (3), a exoneração de Amilson Nunes, diretor-presidente da empresa, alguns vereadores pediram continuidade nas investigações.
Um deles é Roberto Fernandes Carlos de Araújo, o Robertinho da Autoescola (MDB). Segundo ele, um dos indícios de que as denúncias seriam apenas a ponta do iceberg foi a rápida decisão do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) em exonerar Amilson.
“Começou no meu gabinete e no gabinete do vereador Luciano (Luciano Sobrinho, MDB) um trabalho de apuração de fatos, gastos desnecessários da empresa Itaurb. E findou na exoneração do diretor da Itaurb. Acho que começa por aí, mas está muito mal explicado ainda. A gente sabe que aquele furo que possivelmente foi dado não pode ser uma pessoa só, tem mais gente sabendo disso. Acho que o prefeito concordou muito rápido, tomou uma medida muito rápida. Ou seja, tem certeza de que tá acontecendo e não deixou nenhuma dúvida”, disse o emedebista.
Já a vereadora Rosilene Félix (MDB) falou sobre outra irregularidade discutida nas reuniões anteriores: o uso indevido de caçambas da Itaurb por parte de pessoas envolvidas com a Prefeitura.
“Talvez o prefeito esteja pensando que as discussões aqui acabam em pizza, e que a simples exoneração de um dos envolvidos resolve o problema. Os fatos que foram denunciados aqui ontem são muito graves, e tem outras pessoas envolvidas. Vereadores falaram de utilização de bem público na casa de parente, mas e os comissionados que também usaram? A caçamba é para todo mundo ou só para comissionados? A população que fizer uma inscrição vai ter um cadastro para utilização de caçamba ou é só para cargo comissionado? E os outros fatos que foram apontados aqui, qual será a solução?”.
A “utilização de bem público na casa de parente” mencionada por Rose se refere a outra denúncia de Robertinho, sobre o uso de um maquinário público na propriedade de um sobrinho de Marco Antônio Lage.
Neidson Dias Freitas (MDB) também fez coro aos colegas e questionou o discurso da Prefeitura, de que a exoneração de Amilson foi feita em “comum acordo”.
“Que acordo é esse que foi feito? Porque o objetivo é a gente entender que veio um prefeito aqui dizendo que teria corrupção zero no governo dele. Eu não posso afirmar que houve corrupção porque isso é uma denúncia que chegou e precisa ser apurada. Mas teve um acordo para tirar o presidente da Itaurb baseado no quê? O prefeito está com medo de chegar mais escândalo próximo à pessoa dele, ao governo dele?”.
É válido lembrar que, em meio às denúncias feitas desde a semana passada, alguns vereadores levantaram a hipótese da abertura de uma CPI para investigar o caso Amilson Nunes.
Entenda
Como detalhado por uma reportagem da DeFato publicada em 26 de junho, durante uma reunião de comissões da Câmara o diretor-presidente da Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb), Amilson Nunes, precisou se explicar sobre duas acusações contra sua gestão. Uma delas diz respeito à emissão de notas em seu nome, quando a Itaurb negociava contratos com a empresa “Chácara Imperial” – responsável por realizar plantio de mudas em pontos como a avenida das Rosas e a avenida Mauro Ribeiro. Já a outra situação se referia à “doação” de um espaço do próprio Amilson para um evento da Itaurb.
Ao se defender, o secretário se disse um iniciante no setor público e transferiu parte da culpa para três funcionários exonerados da empresa, entre eles Samuel Ferreira. Porém, um dia depois, o ex-gerente de coleta e transportes se defendeu das acusações e foi enfático ao confirmar que Amilson tinha ciência do problema das notas fiscais e outras práticas ilícitas.