Missão de Ronaldo na China visa impulsionar Unifei e Parque Científico Tecnológico de Itabira
Itabira e China, mesmo que indiretamente, são parceiros comerciais de longa data. O país asiático é o principal destino do minério de ferro extraído nas minas da cidade e comercializado pela Vale no exterior. Para se ter uma ideia, somente nos últimos 10 anos as exportações itabiranas para a nação mais populosa do mundo somaram […]
Itabira e China, mesmo que indiretamente, são parceiros comerciais de longa data. O país asiático é o principal destino do minério de ferro extraído nas minas da cidade e comercializado pela Vale no exterior. Para se ter uma ideia, somente nos últimos 10 anos as exportações itabiranas para a nação mais populosa do mundo somaram mais de 14 bilhões de dólares. Agora, porém, essa relação está perto de se tornar ainda mais forte.
O prefeito Ronaldo Magalhães deverá em breve embarcar para a China. A princípio, estará acompanhado do assessor de Gestão, Programas e Metas, Celso Matozinhos, e do assessor de Projetos e Captação de Recursos, Wilson Campos. A comitiva viaja para acertar detalhes de tratativas que começaram a cerca de um ano, articuladas pelo engenheiro itabirano Kléber Guerra, que atua como consultor para empresas chinesas. Na pauta, segundo apurado por DeFato Online junto a fontes que acompanharam as conversas, estará a conclusão do campus local da Unifei, a criação do Parque Científico Tecnológico e a viabilização de uma estrutura de logística para atrair empresas.
Ronaldo viajaria à China ainda nesta semana, mas teve de adiar os planos por causa do problema que teve no coração. O prefeito de Itabira sentiu-se mal no último sábado, 8 de setembro, e foi internado no Hospital Biocor, em Belo Horizonte. Na unidade de saúde, passou por cateterismo e depois por um procedimento para colocar um stent em uma artéria do coração. O chefe do Executivo deverá retornar a Itabira neste fim de semana.
Tratativas sigilosas
As conversas entre Itabira e governo chinês começaram há cerca de um ano. A administração municipal procurou o engenheiro Kléber Guerra, que tratou de articular a aproximação com o país asiático. Desde então, as tratativas só evoluíram, culminando com o convite dos líderes políticos chineses para que a comitiva de Itabira embarque para o oriente.
“Nós tivemos algumas conversas em Belo Horizonte e delineamos uma estratégia de ação para que aconteça este processo de emancipação econômica bem coordenado, bem planejado e que seja eficiente e eficaz”, afirma o engenheiro Kléber Guerra, que falou à DeFato Online, via internet, na noite dessa quinta-feira, 13 de setembro.
“Emancipação econômica” é o termo usado pelo engenheiro para ir além da diversificação tão falada nos últimos anos em Itabira. Ele defende que a cidade precisa agir com urgência, sobretudo após a divulgação de que as minas da Vale se exaurem nos próximos dez anos. As tratativas entre itabiranos e chineses se desenrolaram de forma sigilosa, sem alardes, para não gerar expectativas que pudessem ser frustradas adiante.
Perfil tecnológico
A Unifei é a indutora da aproximação entre Itabira e China. O perfil tecnológico da universidade, reconhecida pela qualidade dos cursos em diversas áreas da Engenharia, atraíram interesses do país oriental, segundo explica Kléber Guerra. A partir disso, foi apresentado outro projeto que há muito é debatido no município, o Parque Científico Tecnológico. Kléber Guerra disse não poder aprofundar sobre as negociações, por questões de confidencialidade, mas DeFato Online apurou que a conclusão do campus e a criação do parque estão na pauta e praticamente acertadas entre Itabira e China.
“Vai muito por essa linha”, sinalizou o engenheiro. “O foco é atrair investimentos, baseado nas seguintes premissas: a expansão universitária e a criação de um ambiente propício para que as empresas de base tecnológica venham para Itabira”, completou, antes de aprofundar sobre o estágio das conversas: “Ronaldo está indo para algo que já está muito bem maturado”.
Em outro momento da entrevista, o engenheiro voltou a abordar sobre os objetivos da viagem da comitiva itabirana à China. “O que eu posso dizer é que está bem avançado. Está andando bem. É um projeto que contempla a universidade, uma estrutura de bases tecnológicas e é um projeto que terá também um viés muito forte de um apelo logístico e um apelo de melhores condições de exportação daquilo que for produzido por essas empresas”, pontuou.
“A busca é fazer com que Itabira parta agora para o processo de diversificação econômica tendo a indústria de base tecnológica como carro chefe. Tendo uma infraestrutura de logística que propicie sucesso desse empreendimento”, disse Kléber Guerra.
Interesse mútuo
A viagem dos itabiranos não será curta. Ronaldo terá agenda extensa na China, entre visitas a órgãos de investimento e administrações políticas. “Também é uma visita diplomática. Eu tenho uma relação já de quatro anos com empresas chinesas, relações de longo prazo, e as relações no oriente nascem de um ritual diplomático”, explica Kléber.
O engenheiro diz que há grande interesse dos chineses em fazer negócios no Brasil, especificamente em Itabira, por causa do potencial tecnológico da Unifei. Segundo o itabirano, a “China é hoje o país onde há a maior capacidade de financiamento no mundo, a um custo extremamente competitivo”. “Na minha concepção, é o país mais capitalista do mundo. Estão em ritmo de crescimento absurdo. Apesar de ser um país regido pelo Partido Comunista, de comunismo mesmo só tem o nome. Só o nome, a disciplina e a cor da bandeira. Mas é um país altamente capitalista”, completa.
As conversas estão em estágio tão avançado, que, segundo Kléber Guerra, até mesmo procedimentos burocráticos já estão sendo providenciados. Isso porque, por ser um acordo internacional, precisa passar por anuência do Governo Federal e da Justiça. As eventuais garantias requeridas pelos chineses, no entanto, não foram informadas.
“A gente está chegando à última década de produção de minério. Por isso que Itabira tem que criar um divisor de águas e sair de ser uma cidade estruturada para a mineração e partir para ser uma cidade que gere conhecimento e produza alta tecnologia para o mundo todo. Vai ser uma mudança muito positiva, muito auspiciosa. Nós temos que ver essa universidade (Unifei), ao invés de 2,5 mil alunos (número atual), com 10 mil alunos de graduação e 5 mil de pós-graduação. E a gente tem que ver, no lugar de detonação e de extração mineral, uma cidade de produção de bens de alta tecnologia para a sociedade”, finalizou Kléber Guerra.
Procurada por DeFato Online, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Itabira informou que aguarda o retorno de Ronaldo Magalhães, previsto para a próxima segunda-feira (17), para retomar as tratativas sobre a viagem. A nova data ainda não foi agendada.