Misteriosa bola de ouro ilumina as noites e intriga moradores de Ipoema
Alguns acreditam que seja algo sobrenatural, outros creem em algo reconfortante, talvez um milagre
Segundo relatos, em noites de Lua Cheia, vê-se, ao longe um brilho no meio da serra, quando uma bola de luz hipnotiza e assusta quem passa ou mora na localidade.
Alguns acreditam que seja algo sobrenatural, outros crêem em algo reconfortante, talvez um milagre.
O fenômeno, denominado Mãe do Ouro, é parte do folclore brasileiro e conta a lenda que ela sinaliza onde encontrar jazidas de ouro.
A manifestação ocorre como uma bola de fogo que atravessa o céu nas noites, descendo nas proximidades de áreas ricas em ouro.
Eleni Cássia Vieira, gestora de Patrimônio Cultural e Especialista em Turismo Regional, ex-diretora do Museu do Tropeiro em Ipoema, entre 2003 a 2012, afirma ter visto o fenômeno da Mãe do Ouro: “por volta das 22h eu fui fechar a porteira. Aí, de repente, saiu uma bola de fogo atrás de uma árvore, e foi subindo. Eu fiquei assim, extasiada. Eu olhava para a estrada, eu olhava se era farol, eu olhava para outros locais para ver se não era um reflexo de alguma coisa e nada. Ela subiu até o pé. Uma árvore que tem bem lá…hoje é chamado Sítio do Rei. Alguns chamam de fogo- fátuo…porque ela sobe em forma de bola…e ela vai se modificando…e ela começa a se…aparecer uma nuvem…e ao mesmo tempo some. Cheguei dentro da casa apavorada. Eu falei assim…’vocês não imaginam o que eu vi?’ Pessoas que acreditam são muito fiéis, é uma fé que eles têm sem dúvida e acreditam. Eu prefiro acreditar nessa lenda da Mãe do Ouro. Que surgiu no século 18 principalmente, que foi a época do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, ela aparecia para os escravos e para ajudá-los até na libertação, tá?”.
Eleni conta que à época que foi gestora do Museu do Tropeiro, ouvia muitos relatos do imaginário popular da região de Ipoema, período em que realizou entrevistas com antigos tropeiros que confirmaram terem visto a Mãe do Ouro, o Saci, que dava nó nas crinas dos cavalos, o lobisomem , a mula-sem-cabeça, o cavalinho de osso, etc. “Depois, entrevistei pessoas da comunidade que também comprovavam terem visto estas personagens. Que mundo fantástico!”.
Versão da Mãe do Ouro
A versão mais conhecida relata que um escravo, que sempre era punido por seu patrão, buscava desesperadamente ouro na floresta para escapar dos castigos. Ao se aproximar de uma montanha, ele encontrou a Mãe do Ouro, que lhe mostrou um local na encosta onde deveria cavar para localizar o ouro, mas, com uma condição: ele não poderia revelara ninguém sobre o local.
Ao cavar, ele encontrou uma grande quantidade de ouro e levou ao seu dono, que impressionado, exigiu saber o local da descoberta. O escravo, a princípio se negou a revelar, sendo chicoteado várias vezes pelo patrão, até que, não suportando, revelou a localização da mina. O patrão correu ao local e começou a extrair ouro, e em poucos dias havia estabelecido um mina lá. Como castigo ao dono do escravo, a Mãe de Ouro causou o desmoronamento da mina, resultando em sua morte.
A ciência explica o fogo-fátuo
Para os incrédulos do sobrenatural, trata-se do fogo-fátuo, um fenômeno que ocorre na superfície de lagos, pântanos e até mesmo em cemitérios, quando um corpo orgânico se degenera, liberando gás metano (CH4).
Se houver um local com condições propícias para a concentração desse gás e o clima estiver relativamente quente, pode ocorrer uma explosão espontânea.