Morre a itabirana Bruna Cunha, fundadora do projeto “Que seja leve, que seja breve”
Inspiração para pessoas que lutam contra o câncer, a jovem enfermeira fez de sua vivência um exemplo de superação
Na noite dessa segunda-feira (27), a família de Bruna Pereira da Cunha Costa confirmou seu falecimento em função de um pneumotórax. A itabirana, de 32 anos, foi internada no dia 12 de maio e, duas semanas depois, precisou ser transferida para Belo Horizonte. Infelizmente, seu quadro se agravou e ela não resistiu. Bruna era portadora de uma doença autoimune que comprometia seu sistema imunológico.
A jovem era enfermeira e trabalhava em Bom Jesus do Amparo. Ela deixa a mãe, Valéria Cunha, o irmão Gabriel, familiares, amigos e admiradores. “Estou emocionada, surpresa e grata com tantas pessoas que gostavam da minha filha. Deus nos deu a oportunidade de ficarmos juntas nos últimos 45 dias. Ele aliviou a dor dela, que agora está em paz. Tenho certeza disso”, comentou Valéria.
Luta contra o câncer
Bruna era conhecida e querida por muita gente, desde que vivenciou, de maneira pública, sua luta contra um câncer. Em 2014, o pequeno caroço que descobriu no pescoço logo foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin. A doença ainda estava no início e, em quatro meses de tratamento, ela ficou curada.
Durante suas sessões de quimioterapia, Bruna se solidarizou com a situação das pessoas que dividiam com ela a mesma dura realidade da batalha conta a doença.
“Tomei a decisão de quebrar a primeira barreira: contar para todos, sejam eles amigos, parentes ou desconhecidos que estava com câncer. Comecei a compartilhar todo meu tratamento na minha página do Facebook, chamada ‘Que Seja Leve, Que Seja Breve’. Fiquei inconformada com tantos casos de câncer sem nenhum trabalho social voltado aos pacientes”, disse, na época, em entrevista à DeFato.
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Em pouco tempo, a jovem enfermeira lançou campanhas voltadas à beleza da mulher durante o tratamento, já que o custo de alguns acessórios, como perucas e lenços, era alto e inacessível para a maioria das pacientes. A primeira campanha encabeçada por Bruna foi a de doação de cabelos para confecção de perucas. Em poucos meses, ela contava com o apoio maciço de salões de beleza, cabelereiros e da sociedade itabirana.
Não demorou muito para a enfermeira se tornar uma referência e uma inspiração. O projeto cresceu, ganhou apoio da Câmara de Vereadores de Itabira e da mídia local. Ainda na época, Bruna manifestou a vontade de mudar a visão das pessoas sobre o câncer. “Meu desejo é que todos vejam essa doença de maneira diferente, e que os pacientes possam ter alegria, autoestima e beleza a cada dia de suas vidas, enfrentando este mal com fé e força”.
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Manifestações de carinho
Nas redes sociais, diversas pessoas fizeram postagens em homenagem à Bruna. A ex-vereadora Marcela Cristina, autora da lei que instituiu o “Setembro Verde” em Itabira, mês dedicado aos incentivos para a detecção precoce do câncer tipo Linfoma, lembrou o trabalho da jovem enfermeira.
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Em depoimento dado à DeFato, durante o velório, que aconteceu na tarde dessa terça-feira (28), a mãe de Bruna comentou que está se sentindo tranquila. “Sei que minha filha deixou o legado dela: todos vão lembrar dela como uma pessoa guerreira, que lutou muito, e que agora Deus a chamou para descansar”, finalizou.