Morre aos 74 anos Cristina Buarque de Hollanda
Cristina Buarque de Hollanda, filha de Sérgio Buarque de Hollanda e irmã de Chico Buarque, faleceu neste domingo

Morreu neste domingo (20), a cantora e compositora Cristina Buarque de Hollanda, aos 74 anos. A informação foi confirmada pelo filho da artista, Zeca Ferreira.
A artista era filha do historiador, sociólogo e escritor, Sérgio Buarque de Hollanda e da intelectual, política e pianista Maria Amélia Buarque de Hollanda, além de irmã do cantor Chico Buarque, de Miúcha e de Ana de Hollanda.
Na postagem, Zeca deixa a seguinte legenda em homenagem à sua mãe:
Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico?
Mas foi isso a vida inteirinha dessa mulher que tivemos, nós 5, a sorte grande de ter como mãe.
Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. “Bom mesmo é o coro”, ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto. É imagem bonita e nítida mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato.
Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda.
Vai em paz, mãe.23/12/1950
20/04/2025Ana, Zeca, Paulo, Antônio, Piiizinha
Compositora e sambista, Cristina movimentava a Ilha de Paquetá, onde morava, com uma roda de samba. Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.
A cantora lutava contra um câncer há alguns anos, mas a causa da morte de Cristina ainda não foi divulgada. Nas redes sociais, seu filho prestou uma homenagem à mãe e comentou sobre sua personalidade “avessa aos holofotes”.
“Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. ‘Bom mesmo é o coro’, ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto”, escreveu Zeca, acrescentando que a mãe foi o “ser humano mais íntegro” que já conheceu.
Cristina também foi homenageada pela sobrinha Silvia Buarque. “Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo”, escreveu a atriz em suas redes. A artista deixa cinco filhos.
O bar Bip Bip, tradicional reduto do samba em Copacabana, fez uma publicação lamentando a morte da artista e destacando seu legado: “Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba.”
Carreira
Referência na pesquisa de samba, Cristina gravou seu primeiro álbum, que levou seu nome, em 1974. Na época, a artista ganhou projeção com a interpretação de “Quantas lágrimas”, composição do sambista Manacéa.
Segundo o Instituto Memória Musical Brasileira (Immub), a cantora gravou 14 discos ao longo da carreira, sendo o mais recente “Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia”, de 2010. Além disso, a artista fez pelo menos 68 participações em discos.
Ao longo da carreira, Cristina foi respeitada não só por sua voz, mas também pela curadoria que fazia de sambas, valorizando artistas como Wilson Batista e Dona Ivone Lara. Portelense e conhecida por sua personalidade peculiar, a compositora recebeu o apelido de “chefia” nas rodas de samba cariocas.