“Respeitamos a PM, mas a forma como os militares abordaram ele não justifica”, diz filho de motorista de ônibus abordado por policiais em Itabira
Ação ocorreu após desentendimento no trânsito; Polícia Militar alega resistência à abordagem, enquanto vídeos mostram o motorista sendo imobilizado.
Na noite da última sexta-feira (28), um motorista de ônibus coletivo foi abordado por policiais militares na Avenida Madalena Pereira Santos, no bairro São Joaquim, em Itabira. O caso gerou repercussão após imagens da abordagem circularem nas redes sociais.
De acordo com a Polícia Militar, a viatura retornava de uma perseguição a um suspeito quando precisou de passagem pela via. O motorista do ônibus, no entanto, não teria cedido espaço, o que motivou a abordagem. Segundo o boletim de ocorrência, o condutor resistiu à ação dos agentes e teria se identificado como sargento do Exército, apresentando documentos que, de acordo com a PM, seriam falsificados.
Já relatos de testemunhas sugerem que o motorista estava saindo de um ponto de parada com a seta acionada e não teria percebido a viatura solicitando passagem. Segundo vídeos compartilhados nas redes sociais, a abordagem resultou em uma discussão, que culminou na imobilização do motorista por meio de um movimento de ‘gravata’.
O filho do motorista, Vinícios do Carmo, afirmou que seu pai está bem, mas chateado com a situação pela forma como a abordagem aconteceu. “Meu pai é trabalhador, acorda 6 da manhã para fazer serviços de oficina de carro e, de noite, vai para a Vita. Ele é reservista do Exército e ativo na Associação dos Reservistas”, disse.
Vinícios acompanhou a situação ao lado de um representante da empresa Vita e relatou que seu pai alegou não ter visto a viatura se aproximando. “Ele tinha acabado de embarcar um passageiro e, ao sair do ponto, não viu a viatura. Os policiais pararam a viatura ao lado do ônibus e começaram a discutir”. Vinícios acrescentou que a discussão se acalorou e que seu pai tentou se identificar. “Ele realmente é reservista do Exército, o documento dele é oficial da Associação dos Reservistas do Exército (AREB). Nós respeitamos a Polícia Militar, mas a forma como os militares abordaram ele não justifica”, afirmou.
Ainda segundo a ocorrência policial, o condutor sofreu uma pequena lesão nos lábios, enquanto um dos militares teve uma lesão na mão direita e precisou de atendimento médico. O motorista foi encaminhado ao pronto-socorro e, posteriormente, levado à Delegacia de Polícia Civil, onde foi autuado por resistência e usurpação de função pública.
A reportagem tentou contato com a empresa Vita, responsável pelo ônibus, mas ainda não obteve resposta. O caso segue em apuração pelas autoridades.