MP investiga “máfia do reboque” envolvendo patrulheiros

O Ministério Público Federal (MPF), em Ipatinga, no Vale do Aço, abriu inquérito para apurar a participação de patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na “máfia do reboque”. O esquema estaria fazendo com que proprietários de veículos paguem até 100% mais caro pela remoção de veículos envolvidos em acidentes na BR-381. Conforme denúncia recebida pelo MPF, […]

O Ministério Público Federal (MPF), em Ipatinga, no Vale do Aço, abriu inquérito para apurar a participação de patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na “máfia do reboque”. O esquema estaria fazendo com que proprietários de veículos paguem até 100% mais caro pela remoção de veículos envolvidos em acidentes na BR-381. Conforme denúncia recebida pelo MPF, a fraude estaria ocorrendo no trecho entre Santana do Paraíso, no Vale do Aço, e Governador Valadares, no Rio Doce.

A investigação no Vale do Aço será coordenada pelo procurador da República Edmar Gomes Machado, que não descarta ampliar a apuração da denúncia para o restante do Estado. Segundo denúncia recebida pela Ministério Público Federal, o reboque credenciado pelo Detran de Minas cobra R$ 152 pela remoção do veículo e R$ 28 de diária no local onde o veículo fica guardado.

Uma das primeiras providências do Ministério Público Federal será interrogar a família do feirante José Daniel Mateus, 62 anos, que morreu no dia 19 de setembro deste ano em um acidente na BR-381, em Santana do Paraíso. Os familiares dele denunciaram à Polícia Civil de Ipatinga que pagaram quase R$ 600 com o guincho e a diária do pátio de Timóteo, distante a 45 quilômetros do local do acidente. A família do feirante alega que não foi comunicada pelos patrulheiros da PRF sobre os custos da remoção. Se fosse chamado o reboque da cidade, o serviço não chegaria a R$ 200.

A proprietária do guincho credenciado pelo Detran para prestar o serviço no trecho de Santana do Paraíso, Valquíria Cândido, disse que na ocasião do acidente não recebeu nenhum telefone dos policiais rodoviários federais para atender ao acidente e denunciou que fatos semelhantes vêm ocorrendo com frequência, há vários meses. Ela disse que enviou ofício sobre o assunto ao delegado Regional da Polícia Civil de Ipatinga, João Xingó.

A chefia da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais (PRF-MG) informou que a corregedoria da instituição está investigando a denúncia com base em denúncias feitas pelos jornais do Vale do Aço. A instituição alega que não recebeu nenhum documento formal sobre a participação dos policiais.

O procurador Edmar Gomes disse que ontem ele recebeu ofício da chefia da PRF informando que não há empresas credenciadas em Minas para prestar o serviço de reboque nas rodovias. Ele alega que há uma denúncia, que também será apurada, que alguns delegados estariam guinchando mais caro para os proprietários de veículos acidentados no Vale do Aço.