A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou uma audiência pública para homenagear mulheres negras que se destacaram na defesa dos direitos humanos. A sessão do dia 17 de julho foi organizada pela Comissão de Direitos Humanos. O foco foi o papel fundamental dessas mulheres na luta contra desigualdades históricas e contemporâneas.
A reunião contou com a participação de diversas mulheres negras homenageadas por suas contribuições em áreas como sindicalismo, cultura, política, quilombolas, LGBTQIA+, religião e educação. Além disso, a cerimônia não apenas celebrou essas contribuições, mas também reafirmou o compromisso contínuo com a luta contra a desigualdade e a opressão.
Entre as homenageadas estava Nayara Leite Costa, coordenadora-executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra. Nayara destacou a importância do movimento Julho das Pretas, que começou no Nordeste em 2013. “É um legado antigo que merece reconhecimento. Nossa participação está presente em todos os campos dos movimentos sociais neste país”, declarou.
Maria Emília da Silva, coordenadora do Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos – Instituto DH Direitos Humanos, também teve um momento especial na audiência. Ela compartilhou um relato pessoal sobre sua infância e os desafios enfrentados devido à sua origem. “Meu pai sempre nos ensinou a lutar e a não nos curvar diante da opressão”, lembrou. Maria Emília destacou o impacto duradouro de figuras como Marielle Franco, cujo legado continua a inspirar e fortalecer a luta pelos direitos humanos.
Julho das Pretas
O evento foi uma iniciativa da deputada Andréia de Jesus (PT), presidenta da Comissão de Direitos Humanos, que também celebrou a aprovação do Projeto de Lei (PL) 1.110/23. Esse projeto institui o Julho das Pretas em Minas Gerais, um mês dedicado a ações que visam promover a igualdade racial e o reconhecimento das contribuições das mulheres negras na sociedade. “O Julho das Pretas é uma homenagem à luta e ao legado das mulheres negras, um esforço coletivo para que suas histórias e suas lutas sejam visibilizadas e respeitadas”, afirmou a deputada.
Ocupar espaços
O evento também ressaltou a importância da presença negra nos diversos setores da sociedade. A jornalista Queila Ariadne mencionou a necessidade de uma representação mais equitativa na imprensa para combater a visão parcial e preconceituosa que às vezes permeia a cobertura jornalística. “Precisamos estar presentes para levantar pautas importantes e trazer perspectivas diversas”, disse Ariadne.
Além disso, a coletiva de deputadas e deputados presentes na cerimônia sublinhou a importância da luta coletiva e o papel das mulheres negras na política e na sociedade. A deputada Leninha, atual 1ª-vice-presidenta da Assembleia de Minas, enfatizou a importância da colaboração no avanço das pautas antirracistas. “Nossa luta não é individual. É um esforço coletivo”, afirmou.
Outros parlamentares também manifestaram apoio e reconhecimento. O deputado Betão (PT) e a deputada Macaé Evaristo (PT) destacaram o papel das mulheres negras nas comunidades quilombolas, na educação e na cultura. Já a deputada Beatriz Cerqueira (PT) e o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) ressaltaram a importância do evento como uma forma positiva de encerrar um semestre de trabalho e como uma celebração necessária para combater as injustiças.