Muro em Barão de Cocais passa por análises após ponderações de consultores, diz Vale
Empresa afirma que não há laudo definitivo sobre as condições da estrutura construída para conter rejeitos de um eventual rompimento da barragem Sul Superior
A Vale se posicionou nesta quarta-feira (20) sobre as condições estruturais do muro gigante construído em Barão de Cocais. Segundo a empresa, ainda não há um laudo definitivo que ateste ou não a viabilidade da contenção. O que há, de acordo com a mineradora, são ponderações feitas por consultores que demandarão novas análises das equipes de engenharia.
Reportagem do jornal Diário de Itabira publicada nessa terça-feira (19) aponta que o megamuro construído para conter a onda de rejeitos em caso de rompimento da barragem Sul Superior recebeu laudo negativo de segurança por parte da consultoria Rizzo. O jornal cita o vereador Leonei Pires (PSB), que afirma ter recebido a confirmação do laudo negativo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
A construção do muro foi dada como concluída pela Vale em março deste ano, ao custo de R$ 300 milhões. Logo depois, foi iniciado o trabalho de análise da consultoria contratada por exigência do Ministério Público de Minas Gerais. Segundo argumentou a Assessoria de Comunicação da mineradora à redação de DeFato Online, o que há, até então, são pontos indicados pelos técnicos a serem trabalhados.
“A Vale informa que a análise da estrutura de contenção da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, segue em andamento e, para isso, está ouvindo diversos especialistas no assunto. Tão logo as avaliações estejam concluídas, o resultado será informado a toda a sociedade”, afirma a empresa, em nota encaminhada.
Semad
Também procurada por DeFato para se manifestar sobre as condições do muro de Barão, a Semad, citada pelo vereador Leonei, respondeu que não possui informações acerca de um laudo negativo sobre muro da Vale. A secretaria confirmou que recebeu, sim, recentemente, um laudo da consultoria americana Rizzo, mas que o documento não diz respeito a problemas na estrutura de concreto.
“O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) não recebeu neste mês de maio informações sobre problemas na ‘backup Dam’ (estrutura de contenção). A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) recebeu recentemente relatório da consultoria Rizzo, porém, o documento não aborda impactos diretos na backup Dam”, disse a pasta de Meio Ambiente.
Prefeitura preocupada
A Prefeitura de Barão de Cocais afirma que ainda aguarda um comunicado oficial da Vale sobre as condições do muro, mas pondera que “vê com enorme preocupação as informações até então divulgadas”. “Barão de Cocais vive o drama do risco da barragem Sul Superior há quase um ano e meio e anseia pelo dia que a segurança voltará a ser completa e a cidade deixará de ser considerada em ‘nível 3′”, afirmou o município.
“Além de todo o impacto físico e emocional a toda população, o risco tem impedido o viés minerador do município, prejudicando a geração de receita, emprego e renda. A Prefeitura espera que a empresa Vale se ocupe de todas as medidas necessárias para garantir a segurança do muro de contenção. A partir disso, os cocaienses poderão superar a incerteza e angústia por ela causadas”, completou a Prefeitura, em nota.
A estrutura
A estrutura está localizada a seis quilômetros da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco. Foi construído à base de concreto compactado, com 36,5 metros de altura, 5 metros de fundação e 13 metros de espessura, com cerca de 300 metros de extensão.