Nicolás Maduro faz Lula de gato e sapato
A estratégia, porém, mudou radicalmente no terceiro governo Lula. A inconsequente busca pelo protagonismo tem provocado uma sucessão de fiascos
A eleição da Venezuela foi a maior rapinagem da história da humanidade. O planeta é testemunha da roubalheira. Nicolás Maduro fraudou vergonhosamente o resultado. Pura ironia. As urnas eletrônicas são a prova do assalto. O ditador não consegue comprovar o seu sucesso. Cadê as atas comprobatórias da vitória, Maduro? O sujeito se cala. Não revela nada e cai na moita.
Os principais países da Terra não reconheceram o “triunfo” do mandarim de republiqueta de bananas. O esquerdista chileno Gabriel Boric é crítico contundente do arruaceiro venezuelano. Já o ultradireitista argentino — Javier Milei — não se cansa de detonar o facínora de Caracas. Como se vê, o fanfarrão é uma unanimidade negativa em todos os segmentos ideológicos. O som do repúdio ecoa nos quatro cantos do mundo. E qual a postura do Brasil nesse cenário da geopolítica? Pindorama parece habitar um universo paralelo.
E aqui vai uma constatação histórica. Bons tempos aqueles em que a diplomacia brasileira permanecia em cima de confortável muro. Essa opção tinha um benefício exponencial. Pelo menos, o País não pagava mico no picadeiro internacional. Em outras palavras. O Itamaraty desempenhava um papel pragmático nas relações transnacionais. Em suma, comportava-se com a mesma desenvoltura de uma folha de bananeira. Essa política evitava vexames planetários.
A estratégia, porém, mudou radicalmente no terceiro governo Lula. A inconsequente busca pelo protagonismo tem provocado uma sucessão de fiascos. Lula meteu o bedelho na Guerra da Ucrânia. Falou muito e disse pouco. Perdeu excelente oportunidade de se manter no “modo mudo”. Posicionou-se corretamente na Faixa de Gaza, mas derrapou na metáfora. Usou o inadequado para expressar o adequado. E, mais uma vez, deu com os burros n´água.
Na crise da pátria de Simón Bolívar, o líder progressista se destrambelhou de vez. A trapalhada começou quando a Terra de Santa Cruz auto intitulou-se mediadora. A princípio, assumiu a fictícia função junto com Colômbia e México. E aí a coisa desandou. Maduro foi cirúrgico e transformou Brasil, Colômbia e México em três patetas globais. Os mexicanos rapidamente perceberam o tamanho da mancada e pularam fora do barco furado.
O falastrão venezuelano está se especializando na arte de humilhar o inquilino do Palácio da Alvorada. A paixão de Lula por Maduro é um fato freudiano. Não tem explicação. O “companheiro” jamais acreditou no êxito do mandatário bolivariano. Exigiu a publicação das famigeradas atas certificadoras da coisa. O tirano de Miraflores respondeu desafiadoramente. Foi irônico e agressivo: “Tome um chá de camomila, Lula”. Em seguida, bolsonarizou e pôs em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas tupiniquins.
E tome mais pancada no Brasil. No início do mês, revogou a custódia da embaixada argentina pela representação brasileira. E pior. Cortou água, luz e quase ordenou a invasão da casa da diplomacia. No final das contas, Maduro faz Lula de gato, sapato e cachorro vira-lata. A pseudo mediação no arranca-rabo andino atende pelo nome vista grossa. O brasileiro passa incondicional pano para o filhote de Hugo Chávez. Veja bem. A repressão bolivariana já provocou a prisão de 1800 pessoas (1628 homens e 225 mulheres). Entre elas, 59 adolescentes. Há dezenas de mortos na paisagem.
Lula apresentou prosaica sugestão para o fim do impasse: a realização de novas eleições. Cá para nós, essa alternativa não atenderia pelo nome golpe? “Pau que dá em Chico dá em Francisco”. Essa é a lei da reciprocidade. Bolsonaro também duvidou da legitimidade do pleito de 2022. Então, por que Lula não recomendou a realização de nova votação no Brasil? “Pau que dá em Chico dá em Francisco”. E aqui, agora, a sugestão de um ser pacato para o presidente Luiz Inácio: ¿por qué no te callas?.
Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.
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