Noite de carnaval em Itabira termina com tumulto na Praça do Pará

Polícia Militar é acusada de criar tumulto e cometer abuso policial, mais uma vez

Noite de carnaval em Itabira termina com tumulto na Praça do Pará
Foto: Internauta via whatsapp
O conteúdo continua após o anúncio


Infelizmente, a noite não foi apenas de festa neste domingo (11) na Praça do Pará, em Itabira. Ao fim do terceiro dia de carnaval na cidade, houve muito tumulto e acusações de violência policial da Polícia Militar, que teria agido com força desproporcional no espaço, ocupado por foliões de todas as idades. Procurados pela reportagem, tanto a PM quanto a Prefeitura de Itabira, organizadora do evento, se manifestaram.

Bastante criticada por sua atuação, a polícia diz ter sido obrigada a agir com “uso diferenciado da força” em duas oportunidades. Na primeira, durante uma ocorrência em frente aos banheiros químicos, um militar teria sido atingido com uma lata de cerveja no braço direito.

Logo após, enquanto uma mulher era socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a irmã dela desacatou e agrediu alguns dos policiais. Novamente, diz a PM, foi necessário o uso do spray de pimenta, tratado pela corporação como um “instrumento de menor potencial ofensivo”. Leia, na íntegra, a nota enviada pela corporação à DeFato.

Por volta das 00:50 min, do dia 12/02/2024, durante policiamento de evento realizado por ocasião de festividades carnavalescas na Praça do bairro Pará em Itabira, militares se depararam com o início de uma confusão em frente aos banheiros químicos.

O conflito envolvia dois homens e três mulheres, todos apresentando claros sinais de embriaguez. Apesar das tentativas de advertência verbal, os envolvidos não cooperaram, resultando em empurrões e agressões verbais.

Durante o conflito, um dos militares foi atingido no braço direito por uma latada de cerveja cheia. Para garantir a segurança de todos os presentes, foi necessário o uso diferenciado da força, utilizando instrumento de menor potencial ofensivo, no caso o espargidor de pimenta, que levou à dispersão dos envolvidos, sem prisões.

Posteriormente, uma mulher procurou os militares relatando que sua irmã estava passando mal em virtude dos efeitos do agente químico de pimenta. Em decorrência, os militares acionaram o SAMU, que rapidamente prestou atendimento.

Durante o atendimento médico, as mulheres supracitadas desacataram os militares, tendo uma delas (socorrida) danificado equipamentos do SAMU,   além de partir para agressões contra os militares com chutes e socos, incitando seus familiares a agirem da mesma forma.  Novamente, foi necessário a utilização de instrumento de menor potencial ofensivo,  para dispersar a turba e garantir a segurança de todos.

Diante dos acontecimentos, as duas autoras (20 e 24 anos) e um homem (32 anos) foram detidos por ameaças, desacato, dano ao patrimônio público e agressão contra as autoridades, sendo encaminhados à Delegacia de Polícia Civil para as devidas providências.

O que diz a Prefeitura

A Prefeitura de Itabira, por outro lado, exaltou o que considera uma edição de sucesso do seu carnaval, mas lamentou as “exceções” naturais em eventos desse porte. O município também cobrou que a PM apure a situação e providencie a segurança das famílias participantes da folia. Confira o comunicado completo abaixo.

A Prefeitura e a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) estão promovendo um dos maiores carnavais da história de Itabira. Uma festa para todos e todas. Um resgate de nossas melhores tradições. Trabalho e renda para centenas de famílias. Atração turística para a cidade.

Desde o pré-carnaval, toda a programação está transcorrendo em paz e sem conflitos. Eventuais problemas são lamentáveis exceções que, infelizmente, ocorrem em eventos deste porte, em qualquer lugar do país.

Sobre a ação da PM, em casos específicos, a Prefeitura solicita apuração e providências para que a segurança das famílias sempre esteja em primeiro lugar. Cabe à própria Polícia Militar delimitar o tamanho, a forma e o espaço de ação de seu efetivo e se responsabilizar pela atuação de seus agentes.

Outra versão

Seguidores da DeFato que estavam no evento deste domingo apresentaram versões diferentes da relatada pela PM sobre o caso. Segundo eles, os policiais usaram spray de pimenta para dispersar o público em um momento de tranquilidade, sem registro de confusões.

Nas denúncias, dois fatos são destacados de forma veemente: primeiro que tratava-se de um espaço público e, portanto, os foliões poderiam continuar o ocupando. Além disso, idosos e crianças que acompanhavam a folia também foram vítimas da truculência policial.

Atingida por um spray de pimenta, uma mulher narrou ao portal as cenas presenciadas neste domingo. Segundo ela, foi um verdadeiro “filme de terror”.

“A polícia soltou spray de pimenta no meio da galera, quase sufoquei lá, quando percebi já estava inalando. Até vim embora, porque foi feio o trem, e foi do nada. Para dispersar a galera, a polícia simplesmente jogou spray de pimenta, sem motivo aparente, sem briga, sem nada. Tinha criança, gente passando mal, foi ridículo, cena de terror […]. Tinha muita gente indignada, acabou o show e um bando de policiais jogando spray de pimenta como se fosse um monte de marginal, numa via pública”, detalha.

Ainda de acordo com a itabirana, a atuação da PM foi semelhante à do evento organizado pelo MC Júnior PK há nove dias. Na oportunidade, também houve acusações de violência policial.

“Todo mundo que estava na praça foi fugindo sentido (Sindicato) Metabase, tinha muita gente sentada no chão passando mal, sem saber o que tinha acontecido. Muita gente falou que não teve nada, nenhum motivo aparente para jogar (spray de pimenta), foi simplesmente para dispersar a galera. Tirar a galera de um espaço público, é importante frisar isso. E os policiais, simplesmente para acabar com a festa, jogaram spray de pimenta. Com um monte de crianças e idosos no espaço, exatamente como foi na entrega do prêmio”, completa.