Norte-coreanos entram na luta contra a Ucrânia e a tensão aumenta no Leste Europeu
Na avaliação da inteligência americana, cerca de 10 mil soldados da Coreia do Norte estão em treinamento com as forças russas
Informações do Pentágono (EUA) divulgadas nesta segunda-feira (28), indicam que forças militares norte-coreanas estão se deslocando para a região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia.
Aliados da Ucrânia, os norte-americanos agora não se opõem ao uso de suas armas contra o agressor.
Os Estados Unidos estimam que ao menos 10 mil soldados da Coreia do Norte foram enviados para treinamento militar com as forças russas, e parte desse contingente já se encontra próximo ao campo de batalha.
O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul já havia informado que cerca de 12 mil soldados do Norte foram enviados para apoio à Rússia no litígio.
Embora especialistas militares acreditem que esses números sejam baixos diante da mobilização de tropas de ambos os lados, podem, no entanto, fazer diferença para que a Rússia retome suas posições perdidas na região de Kursk, atacada pela Ucrânia e onde os russos vêm recuperando seus vilarejos nas últimas semanas.
A Ucrânia calcula em 50 mil o número de militares russos nesta região e não divulgou seu contingente. Especialistas discordam e acreditam que esse número não ultrapasse a 30 mil homens.
A Coreia do Norte tem um dos maiores exércitos permanentes do mundo, estimado em 1,2 milhão de soldados, mas não luta em conflitos desde a guerra contra o seu vizinho do Sul, entre 1950-53 e sua experiência é questionada por especialistas devido à falta de experiência em batalhas e envolver militares jovens.
Parlamentares sul-coreanos disseram, nesta terça-feira (29), após se reunirem com membros dos serviços secretos do país, que os militares russos estavam ensinando aos militares norte-coreanos termos militares, como “voltar à sua posição” e “disparar”, mas com os norte-coreanos tendo dificuldades em absorver as orientações russas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski afirmou, na terça-feira, ter conversado com o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, quando concordaram em fortalecer a cooperação de segurança entre seus países.
Zelenski afirmou: “A conclusão é clara: essa guerra está se internacionalizando, indo além de dois países”.
A cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte tem preocupado os sul-coreanos, que temem que o seu vizinho possa recompensar Kim Jong-un municiando o seu exército com tecnologias armamentistas sofisticadas que poderiam dar novo impulso aos programas nucleares e mísseis do Norte que têm como alvo a Coreia do Sul.
Como resposta, a Coreia do Sul analisa a possibilidade de fornecer armas aos ucranianos, como parte de sua política em não fornecer armamentos a países ativamente envolvidos em conflito, limitando-se a enviar apoio humanitário e financeiro à Ucrânia.
A Otan (Organização Tratado Atlântico Norte) pediu que a a Rússia e a Coreia do Norte interrompam imediatamente o envio de soldados.
O secretário-geral da organização Mark Rutte afirmou que essa atitude marca uma escalada significativa no movimento contínuo da Coreia do Norte na guerra ilegal da Rússia.
Rutte lembrou que o regime de Pyongyang já forneceu á Rússia “milhões de munições e mísseis balísticos que estão alimentando um grava conflito no coração da Europa e minando a paz e segurança globais”.
Para o chefe da Otan, o recurso às tropas norte-coreanas é um sinal do crescente desespero de Putin, quando mais de 600 mil militares russos foram mortos ou feridos no conflito e ele tem dificuldades de manter sua pressão e ataques à Ucrânia sem o apoio de outros países.
A ministra do Exterior da Coreia do Norte, Choe Son Hui, viajou à Rússia na terça-feira para uma visita oficial de dois dias, aparentemente para negociar o que o seu país ganharia em troca do envio de soldados, segundo análise do NIS.