O ano 2025 será o Rubicão do governo Lula
As ações governamentais deste ano (2025) fatalmente repercutirão no pleito de 2026
O rio Rubicão é ponto de inflexão na fascinante história do Império Romano. O curso de água faz parte da incrível saga do Lácio. O riacho — e esse é o termo exato para nomear esse pequeno córrego — encontrava-se nos limites de Roma e Gália Cisalpina. Qualquer general ao retornar de uma aventura bélica não poderia ultrapassar esse leito cristalino com o seu exército. Era uma determinação do Senado. Então, as tropas permaneciam estacionadas antes do Rubicão e o comandante entrava solitariamente na “Cidade Eterna”. A desobediência a essa regra era um ato de traição.
Mas, como diria o senso comum, toda norma foi feita para ser descumprida. O grande Júlio César sabia o significado de tudo isso. O militar parou diante do Rubicão, pronunciou a célebre frase “alea Jacta est” (está lançada a sorte) e atravessou a correnteza com milhares de soldados. A ousadia teve drástica consequência. O estrategista da arte da guerra provocou uma revolução e virou ditador.
O mergulho nesse episódio clássico é gancho para uma narrativa do Brasil de hoje em dia. Veja bem essa colocação. O ano 2025 será o Rubicão de Luiz Inácio Lula da Silva. Está lançada a sorte! O cenário dos 365 dias a seguir será muito relevante. As ações governamentais deste ano (2025) fatalmente repercutirão no pleito de 2026.
A política é como nuvem porque muda de configuração a cada instante. Esse é um aforismo da velha raposa mineira Magalhães Pinto. Hoje, o céu nacional mostra o favoritismo de Lula na próxima disputa presidencial. Algumas evidências sustentam o atual formato do desenho no céu. Os sinais celestiais informam: na oposição, não há adversários com potencial de votos para desalojar o inquilino do Palácio da Alvorada. Nesse contexto, percebe-se a baixa densidade de Romeu Zema, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado em nível nacional. E a enigmática estrela Pablo Marçal? A situação é imprevisível. O brilho deste astro é refém do humor dos togados. O ex- coach é “um pote até aqui de encrencas” na Justiça. Outro fator fundamental pesa a favor do “companheiro” petista: a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Anote aí. Só uma ocorrência “paranormal” reverterá a situação do “mito”.
O favoritismo de Lula- apesar desse mar da tranquilidade- não é uma verdade absoluta. Duas circunstâncias terão peso considerável nos desenhos de cirrus e cumulus: o desempenho da economia e a saúde(física e mental) do líder trabalhista. Lula completou 79 anos de idade em 2024.
Os números da economia são teoricamente promissores para as futuras pretensões do chefe do Executivo nacional. A administração do PT coleciona conquistas marcantes nessa área. Um PIB expressivo (3,39%), baixo índice de desemprego (6,4%- o menor da série histórica), consistente crescimento econômico (6ª maior economia do planeta) e inflação (4,71%) abaixo do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como se vê, é um atraente mostruário.
Essas conquistas, porém, não refletem na qualidade de vida da população. Uma rápida visita aos corredores dos supermercados explicita essa sensação. A carestia é personagem principal do teatro das contas a pagar. Esse detalhe cala fundo nos indefesos bolsos do povo. Apesar do êxito nas finanças, o lulopetismo tem um encontro marcado com as demandas sociais em 2025.
Em primeiro lugar, Lula e cia precisarão fazer a reforma das gôndolas. Mesmo porque, os custos dos alimentos- na estratosfera- inviabilizam qualquer projeto eleitoral. E mais. A terceira gestão do ex- sindicalista necessita inventar o que não deu conta nos últimos dois anos: a marca registrada do governo. Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida são filmes antigos. Qual a realização significativa do terceiro mandato lulista para a massa? Ninguém sabe, ninguém viu. Até a famosa picanha desapareceu dos pratos. Estamos em 2025 e o Rubicão é logo ali na frente. Alea jacta est!
Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.
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