O bom início de Sampaoli e o previsível fim de Adilson Batista
No mesmo fim de semana em que o argentino mostra porque foi contratado pelo Atlético, Adilson escancara porque foi demitido do Cruzeiro
Villa Nova 1×3 Atlético
O Atlético precisava de uma vitória acompanhada de uma atuação convincente, é verdade. Mas precisava, sobretudo, de uma identidade, uma cara, um jeito de jogar pra chamar de seu. Dizer que a vitória, pra cima do vice lanterna e fraquíssimo Villa Nova ofereceu tudo isso ao Galo, é mentir. Porque a execução passou longe de ser perfeita, mas a ideia, o jeito de jogar, será exatamente ao jeito da estreia de Sampaoli.
Quem garante é o próprio argentino. Mas não é por falar, é por colocar, rapidamente, em prática. Rafael, estreante da noite de sábado, foi um dos jogadores que mais tocou na bola – com os pés. Resumindo: saída apoiada desde o goleiro. Os laterais Guga e Arana participaram ativamente da construção ofensiva, com direito a gol do segundo. Resumindo: amplitude. Em vários momentos do jogo, o Atlético posicionou a última linha, de ataque, com quatro jogadores. Resumindo: superioridade numérica. Conceitos que acompanham Sampaoli por toda a carreira.
Nenhum atleticano aguentava mais Di Santo ou Ricardo Oliveira como comandantes do ataque. Sampaoli, em plena estreia, tratou de escalar os dois de uma só vez, juntos. Gabriel, zagueiro de origem, terminou o jogo como volante. A capacidade inventiva acompanha Sampaoli por toda a carreira. O que mais anima o atleticano são ideias claras do jogo de Sampaoli. Trata-se de algo mais profundo do que definir o treinador como ofensivo. Ideias que, com uma semana de trabalho, são vistas, colocadas em prática.
A execução será o grande problema. É um modelo de jogo arriscado, sujeito a perder para um adversário que priorize a bola parada, como qualquer outro modelo de jogo da face da terra. Mas não dá para não se animar com a estreia. Primeiro porque a própria estreia, em si, foi boa. E, segundo, porque reforços, para a manutenção e melhoria de tudo isso, estão a caminho.
Cruzeiro 0x1 Coimbra
Um 0 a 0 seria o placar mais condizente do que apresentaram Cruzeiro e Coimbra, na tarde de domingo, no Independência. Um 0 a 1 é um placar condizente com as performances do Cruzeiro comandado por Adilson Batista. O resultado não foi justo. A demissão, por sua vez, foi.
A coletiva de imprensa de Adilson Batista, logo após a derrota e sua demissão, mal ele se deu conta, é o feitiço se voltando contra o feiticeiro. Com absoluta razão, Adilson atacou alguns jogadores que faziam parte do elenco do ano passado, dizendo que Mano Menezes, Rogério Ceni, e Abel Braga foram vítimas de um grupo que “mandava no clube”. Com sinceridade, Adilson criticou o núcleo gestor do Cruzeiro, dizendo que “tem gente demais querendo mexer no time”. Coerente, Adilson disse que o Cruzeiro precisa eleger um único presidente, para centralizar as decisões importantes do clube.
Mas, e sua parte Adilson? O professor foi muito corajoso para apontar o dedo a alheios, mas sem a autocrítica necessária para olhar para o próprio umbigo. O Cruzeiro, com Adilson, desde o início do ano, é um time sem padrão, sem organização, fragilizado e sem criatividade. Em campo, a Raposa é um time intuitivo, onde cada jogada, visivelmente, não é treinada, mas simplesmente acontece.
A bem da verdade, desde quando saiu do próprio Cruzeiro, em 2010, Adilson não se confirma como um bom treinador. Naquela discussão polarizada entre “vai ser assim mesmo, na dificuldade” e o “dava pra mostrar um pouco mais”, sempre fiquei com a segunda opção. Adilson sai do Cruzeiro sem conseguirmos identificar como jogava o Cruzeiro de Adilson. Se ressalvas precisam ser feitas, a demissão precisou acontecer, também.
Leandro Colombo é graduando em Jornalismo, comentarista esportivo da Rádio Itabira AM 770 e estagiário no Grupo DeFato
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