“O papel do itabirano é economizar água”, diz diretora-presidente do Saae

Karina Lobo esteve ontem na Câmara dos Vereadores e prestou esclarecimentos sobre o desabastecimento de água no município

“O papel do itabirano é economizar água”, diz diretora-presidente do Saae
Diante de alguns vereadores, Karina Lobo prestou esclarecimentos sobre a falta de água em diversos bairros de Itabira. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online
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Geralmente voltada às análises de projetos de lei apresentados tanto por vereadores, quanto pela Prefeitura, a reunião de comissões da Câmara de Itabira nesta segunda-feira (20) foi alvo de uma importante discussão. Integrantes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), dentre eles a presidente da autarquia, Karina Lobo, compareceram à Casa do Legislativo itabirano para prestar esclarecimentos sobre o problema de desabastecimento de água na cidade, um transtorno antigo enfrentado pela população.

Durante quase 50 minutos, Karina apresentou quais fatores estão causado a situação, além de elencar as ações realizadas pela empresa na tentativa de contornar o problema. Para ela, são quatro os atores fundamentais neste contexto: a natureza, população, a Vale e o próprio Saae. De acordo com a diretora-presidente da autarquia, a OMS recomenda que o uso diário diário de água gire em torno dos 115, 120 litros, número bem abaixo da média de consumo do itabirano.

“Contamos com a chuva pra poder resgatar nossos reservatórios, mas enquanto elas não vierem a gente precisa de conscientização. E é aqui que entra o papel da nossa população. A OMS recomenda que um habitante gaste entre 115 e 120 litros por dia. Aqui em Itabira a gente está consumindo 198 litros por dia, então estamos muito acima do que é recomendado. O papel do itabirano é economizar água”, disse.

Segundo Karina Lobo, todos os reservatórios da cidade estão operando abaixo da capacidade normal. A situação mais preocupante ocorre na Estação de Tratamento de Água (ETA) Pureza. Em um período regular, o reservatório costuma operar com 130 litros por segundo, número que caiu para 75 litros por segundo neste período de estiagem. A ETA Pureza é responsável por abastecer 55% da população de Itabira.

A líder do Saae acrescentou, ainda, que a falta de caixas d’água nas residências itabiranas também é um dificultador neste contexto. Para atenuar o problema, Karina afirmou que o município pretende implantar uma “caixa d’água social”.

“Está em andamento, em fase de estudo, pra gente criar a caixa d’água social. Porque eu não sei se é do conhecimento dos senhores (vereadores), um dos maiores problemas da população sentir falta d’água é porque as residências de Itabira não possuem caixa d’água. E aí quando a gente fecha um registro de 5 a 10 minutos, ela sente esse impacto. Se você tem uma reservação [sic], conseguimos fazer manobras necessárias sem ela (população) sentir esse impacto”, afirmou.

Saae
Vereadores e outras pessoas presentes na Câmara receberam uma espécie de “cartilha” sobre o consumo de água feita pelo Saae. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Alô, quem fala?

Na mesma apresentação, Karina Lobo detalhou uma das maiores reclamações do itabirano em relação aos serviços do Saae: a dificuldade em entrar em contato com a empresa.

“Nós não temos uma URA (Unidade de resposta audível) aqui. Então quando a população liga e fala que chama, chama e ninguém atende, eu descobri que todos os ramais do Saae, sem exceção, quando tocavam e ninguém atendia, ia para o 115. E se o funcionário estava em ligação, ao invés de dar o sinal de ocupado e entrar na lista de espera, era como se não tivesse ninguém para atender. Então estamos otimizando essa parte também”, relatou.

A reportagem da DeFato questionou a diretora-presidente sobre qual poderá ser o cenário mais crítico da falta de água em Itabira caso o consumo diário não seja revisto. Em resposta, Karina disse que “não consegue vislumbrar um cenário mais complicado que este”, já que a empresa está operando no limite.

Também a perguntamos sobre a demora para que o abastecimento de água seja reestabelecido em alguns bairros da cidade. O vereador Reinaldo Lacerda (PSDB) chegou a citar o anel hidráulico do município, mas Karina afirmou que o sistema não possui relação com tal transtorno.

Temos alguns bairros, que são os bairros da parte alta, que temos uma certa dificuldade… demora um pouco mais (para restabelecer o abastecimento de água). O anel hidráulico não é especificamente para dar eficácia nesse tipo de distribuição. Mas, através de manobras, conseguimos fazer com que a água chegue primeiro na parte mais alta para depois distribuir na mais baixa”, alegou.