O que esperar do América na Série B? Setorista itabirano do Coelho responde
Com a autoridade de quem vive o dia a dia do clube, Leandro Colombo analisou o time comandado por William Batista
Um time desbalanceado. Assim pode ser resumida a análise do repórter e setorista do América-MG, desde abril do ano passado, Leandro Colombo, sobre o atual plantel do Coelho. A coluna “Victor Eduardo” recorreu ao jornalista, natural de Itabira, para projetar o que o time comandado pelo jovem William Batista pode apresentar na Série B.
Com base na montagem do grupo e no que foi demonstrado no Campeonato Mineiro, no qual foi vice-campeão, Leandro enxerga um time com cara de meio de tabela: “Eu espero meio de tabela. Considero que no ano passado o América era melhor, mais experiente e tecnicamente superior. Neste ano, montou um time com alguns remanescentes, principalmente na defesa. Mas com sérios problemas financeiros, o América montou um elenco muito mais novo e operário, tentando ser mais esforçado do que qualificado”.
Uma característica comum a vários atletas do elenco, classificado pelo jornalista como “aguerrido”, é a necessidade de se provar. “Matheus Mendes precisa mostrar seu valor, Kauã Diniz precisa mostrar seu valor, Cauan Barros e Figueiredo precisam mostrar seus valores. Não que não tenha qualidade, mas o time é mediano”, reforça.
Apesar da sóbria análise, Leandro Colombo não descarta uma campanha surpreendente do Coelho. Porém, a concorrência é pesada.
“Vai depender muito do encaixe do time e, claro, do comando técnico para brigar por título. Acredito que o América tem muitos concorrentes com experiência na Série B, talvez até mais do que na última temporada. É o caso de Criciúma, Atlético-GO, Goiás, Coritiba, o Athletico praticamente já tem uma cadeira cativa… times importantes que estão à frente do América”, afirma.
Campeonato Mineiro
A Coluna também perguntou ao itabirano quais as impressões dele sobre a campanha americana no Estadual: “O Campeonato Mineiro reflete exatamente o que é o elenco. Contra o Pouso Alegre uma goleada de 7 a 0, uma vitória tranquila sobre o Vila, até que começam a vir os desfalques e percalços. Tem uma boa reta inicial ali, com direito a goleadas, mas depois perde o Benítez por três jogos, o Figueiredo por dois, o Fabinho por um. Você começa a perder jogadores e o elenco não tem a profundidade suficiente”.
Mas como um time tão limitado conseguiu eliminar o badalado e reforçado Cruzeiro? Para Leandro, a desorganização do rival foi fator crucial. “O desorganizado Cruzeiro, que teve três técnicos diferentes no mesmo campeonato, fez o América parecer um time melhor do que ele realmente é. O América conseguiu levar as eliminatórias para os pênaltis sendo pior nos dois jogos. Tão pior? Acho que não. A diferença foi muito mais gritante contra o Atlético”, analisa.
Apesar disso e dos claros problemas a serem corrigidos, fica a imagem de um time intenso e lutador. “Foi positivo [o desempenho no Estadual] porque mostrou ser uma equipe dedicada e aguerrida, mas não qualificada. O trabalho do William Batista tem alguns pontos interessantes justamente nesse sentido, de ser um time que luta e briga, talvez até mais do que em 2024. Mas, em termos de qualidade, deixou a desejar”, completa.
Confira, logo abaixo, as impressões do setorista do América sobre outros pontos relacionados ao grupo:
Principais virtudes: “Sobretudo o meio campo. O William Batista começa com três meio-campistas: Miquéias, Cauan Barros e Elizari. E aí esses três jogadores vão se revezando. O Kauã Diniz entra no lugar do Miquéias, o Cauan Barros sempre presente e o Elizari alternando com o Benítez, titular quando estava apto. Então o setor mais intocável do time é o meio campo, ao lado da zaga e da lateral esquerda”.
Principais defeitos: “Se o meio campo se destacou, o ataque ficou devendo bastante. O Fabinho é um jogador útil, o Figueiredo se destacou quando pôde. Mas, por exemplo, de centroavante, apesar do Jonatas ter feito quatro gols, foram três contra o Pouso Alegre e um contra o Atlético, quando já não valia nada, e aí se aposentou. O Renato Marques é um cara que no ano passado tinha uma projeção muito melhor, mas não deu conta. Então é um América desbalanceado”.
William Batista: “O William Batista parece ser um treinador muito promissor, com boas ideias, aborda o jogo nas coletivas. É necessário dar tempo a esses técnicos de potencial que tanto pedimos, mas nunca damos tempo. Só que é o futebol. Mesmo o América, hoje um clube de Série B, possui uma pressão para subir. Uma pressão muito menor que outros clubes? É verdade. Mas tem! Então vai haver esse dilema”.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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