O que está ruim pode piorar? A resposta é, sim!

Na manhã desta quinta-feira (19), o dólar, moeda norte-americana, chegou ao temeroso patamar de R$6,30 por real

O que está ruim pode piorar? A resposta é, sim!
Foto: Divulgação
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Está nítido que o mercado e os investidores não estão confiando na política fiscal proposta por Fernando Haddad, embora o ministro da Fazenda e o governo procurem exaltar a medida como a tábua de salvação do náufrago em alto mar.

Não é bem assim!

Na manhã desta quinta-feira (19), o dólar, moeda norte-americana, chegou ao temeroso patamar de R$6,30 por real.

A especulação e a volatilidade são as explicações dessa alta histórica pelos especialistas e, embora tenham sua parcela de culpa no processo, o plano de recuperação fiscal do governo petista não inspira confiança, nem do empresariado brasileiro, nem dos investidores internacionais, provocando uma retenção de investimentos no País e, até o dia 18 de dezembro, uma saída recorde de quase US$ 800 milhões de dólares/dia, num escape de divisas assombroso que perdurou durante sete dias.

Para combater a desvalorização do real, o Banco Central tem feito leilões de dólares das reservas internacionais e, nesta quinta-feira, disponibilizou ao mercado US$ 8 bilhões da moeda americana, minimizando o recuo da avassaladora perda de poder de compra da moeda brasileira.

Segundo o economista Rodrigo Marchatti, CEO da Veedha Investimentos, “a reserva internacional coloca o Brasil num patamar muito melhor que outros países emergentes. O Banco Central resolveu usar toda a artilharia que ele tem de política monetária para diminuir um pouco a intensidade do mercado, principalmente do que pode atrapalhar a meta de inflação. Se esse câmbio continua se desvalorizando, a gente vai trazer mais pressão inflacionária”.

Mas, outros economistas creditam a pressão da alta do dólar à descrença do mercado sobre a efetividade do pacote de corte de gastos do governo sobre as contas públicas, quando os indicativos mostram que as estatais, no governo anterior a este, apresentavam lucros excepcionais, depois de saírem de uma bancarrota promovida pelos que antecederam a gestão Jair Bolsonaro (PL), e hoje parece nau sem rumo, com dados que demonstram fuga de caixa nas empresas estatais, como a Petrobras e Eletrobras, como exemplo, que hoje operam no negativo.

Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, explica que a aparente volatilidade do mercado é resultado da desconfiança em medidas do Governo Federal em assumir um comprometimento fiscal: “é uma questão de segurança do capital. O mercado acaba não vendo uma factível no pacote fiscal apresentado pelo governo e uma dinâmica de aumentar arrecadação sem planos para diminuir despesas. Quando você gera desconfiança, investidores correm para algo mais seguro, como dólar e ouro”.

O mercado também teme que ao tomar posse no próximo dia 20 de janeiro, a política externa do presidente eleito Donald Trump, dos Estados Unidos, possa interferir, de alguma forma, nas relações internacionais do Brasil, que hoje acena com simpatia a países de ideologia esquerdista ou comunista, como a China, hoje o maior parceiro comercial do Brasil.

Em suma, o Brasil paga pela desconfiança que os seus dirigentes impõem ao mercado e aos investidores estrangeiros, que preferem não se arriscar numa pretensa política de contenção de gastos, quando fatos expostos no dia a dia mostram que se pratica o contrário neste bólido errante.

Enquanto a Argentina caminha a passos largos para a reorganização da sua economia, o Brasil, por seu lado, caminha a passos largos para se tornar uma cópia gigantesca do regime cubano e venezuelano, e pior, quintal da China.

A picanha prometida por Lula no prato dos brasileiros provavelmente ficou para quando outro presidente comprometido de fato com o bem-estar dos brasileiros assumir o lugar do petista no governo, porque hoje, o brasileiro tem que se contentar em comer pé de galinha e ossos com sobras de carne para fazer um caldo.

Alírio de Oliveira é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

** O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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