O que seria um debate virou um embate

Poucas propostas de governo e muitas acusações mútuas

O que seria um debate virou um embate
Foto: Reprodução/TV Globo

O tão esperado Debate promovido pela Rede Globo, na noite dessa quinta-feira, dia 29/09, provavelmente tornou-se uma decepção para o eleitor brasileiro que se manteve frente à TV desde as 22h30 até a 01h50 da manhã de hoje, sexta-feira, dia 30.

Na verdade, houve um confronto entre o candidato de Direita, Jair Messias Bolsonaro (PL), e seu apoiador, Padre Kelmon (PTB) ,contra o candidato de Esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Até mesmo Ciro Gomes (PDT), considerado a terceira via nessas eleições, embora não tenha poupado o presidente Bolsonaro, foi mais incisivo e duro nas críticas ao Lula em todas as oportunidades de suas manifestações, despejando-lhe os escândalos de corrupção e as denúncias de roubos durante o governo petista, aí envolvendo também sua sucessora Dilma Roussef, da mesma legenda. 

O que deveria ser um debate, em verdade transformou-se num embate com acusações entre quase todos os candidatos, excetuando Felípe D’ávila (Novo), único que realmente se preocupou em mostrar projetos de governo em caso de sua eleição. 

Parecia até um jogo entre dois times com ações diferentes, ataque contra defesa.

O ex-presidiário procurava se esquivar das várias denúncias a ele dirigidas e insistia em sua inocência, apoiando-se nas decisões judiciais que lhe foram favoráveis. 

Na oportunidade, Bolsonaro afirmou que ele fora descondenado em virtude de um “amiguinho” no Supremo Tribunal Federal (STF).

A candidata Soraya Thronicke ensaiou ataques a Bolsonaro, quando o presidente retrucou, lembrando que ela se elegeu pegando carona na sua campanha, inclusive denunciando que ela tornou-se adversária política depois de lhe ter pedido cargos em seu governo, por ele negados.

Nitidamente essa resposta desconcertou a candidata do União Brasil, que após, custou a se encontrar no evento. 

O Padre Kelmon protagonizou embates contra Thronicke, sem propostas relevantes, e por várias ocasiões se vitimizou, quase tornando o evento político em celebração religiosa.

Simone Tebet não teve o mesmo desempenho que no debate anterior dessa mesma emissora e, embora tenha exposto alguns planos de governo, usou a tática da moralidade ao fazer ataques a Bolsonaro e Lula. 

Lula, por sua vez, ruborizava ante a insistentes denúncias de irregularidades e, em especial, logo no primeiro confronto com Bolsonaro, quando este afirmou que o governo do petista foi marcado pela cleptocracia, acrescentando que ele era um “traidor da pátria”. Lula parecia quase não se conter diante dos ataques e limitou-se a falar de números de empregos gerados em seu mandato, bem como a falar de reservas que supostamente deixou para sua sucessora. Falou de investimentos, esquecendo-se de lembrar que grande parte desses foi feito em países socialistas e muitos comandados por ditadores, seus diletos amigos. 

Lula parece ter perdido a memória quanto às obras inacabadas da transposição do Rio São Francisco, da refinaria Abreu e Lima, também inacabada em seu estado natal, Pernambuco, dos vários empréstimos concedidos a países socialistas que não têm condições de honrar e devolver o que lhes foi emprestado. 

O meio ambiente, o agronegócio, o desmatamento, a Amazônia, foram os principais assuntos envolvidos, mas, curiosamente, possíveis soluções para a miséria no nordeste do Ciro Gomes e Lula, sequer foi mencionado.

Enfim, tenho comigo que o Bolsonaro se saiu muito bem, rechaçando qualquer argumento de irregularidades e corrupção do seu governo.

Para mim, o grande nome do debate foi o candidato Felipe D’avila, com uma postura sempre elegante no decorrer do evento, com todos os candidatos por ele confrontado.

Alírio de Oliveira é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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